CAE aprova nome de Meirelles para o Banco Central



Com 21 votos favoráveis e cinco contrários, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou à meia-noite desta terça-feira (17) a indicação do deputado federal eleito e ex-presidente do Banco de Boston Henrique Meirelles (PSDB-GO) para ocupar a presidência do Banco Central (BC). A decisão terá de ser confirmada pelo Plenário do Senado.

Antes do início da sabatina de Meirelles, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) pediu o adiamento da reunião com base em informações de que o Banco de Boston estaria envolvido em irregularidades cometidas quando do ataque especulativo ao real em janeiro de 1999. O requerimento foi rejeitado pelo senador Waldeck Ornélas (PFL-BA), que presidia a reunião.

Na sua exposição inicial, Meirelles negou estar envolvido em irregularidades, observando que não há registros de acusação a ele - o que foi confirmado pelo presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bancos, Senador João Alberto Souza (PMDB-MA).

Para Meirelles, a recuperação da credibilidade do sistema de metas de inflação e a estabilidade dos preços deve ser o -único mandato do Banco Central-. Ele também afirmou que o regime de câmbio flutuante seria o -mais adequado- para o Brasil. O escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência do BC disse ainda que irá trabalhar para a redução da taxa de juros, desde que isso não ponha a moeda em risco.

- Aceitei esse convite por estar convencido de que estamos em um momento histórico. Lula e eu já discordamos em vários pontos, mas o Brasil nos aproximou. Estou consciente das dificuldades, mas disposto a enfrentá-las - declarou Meirelles.

O primeiro senador a se manifestar foi Jefferson Péres (PDT-AM), que declarou voto pela abstenção, por não ter condições de votar a favor por questões de consciência e respeito aos seus eleitores. Jefferson alegou que não está claro se realmente a CPI apurou irregularidades na atuação do banco norte-americano no Brasil, ou se o BC não conseguiu provar irregularidades apontadas, -o que deixaria de qualquer forma o banco sob suspeita-, disse.

O debate na CAE foi marcado pelas dúvidas dos senadores em relação à possibilidade de queda nas taxas de juros e controle da inflação, além das preocupações com o alto nível de indexação ao dólar da dívida interna. Em resposta ao senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO), Henrique Meirelles disse que sua desfiliação do PSDB, e até mesmo sua renúncia ao mandato de deputado federal, são fundamentais para que fique clara sua isenção, não apenas com relação a interesses políticos como também ao mercado financeiro privado.

Boa parte da sabatina também foi utilizada para o debate sobre as diferenças de comportamento do PT e do PSDB. Para senadores como Artur da Távola (PSDB-RJ), o seu partido, ao contrário do PT, está fazendo oposição construtiva ao novo governo. Pedro Simon (RS), senador do PMDB, defendeu o PT, dizendo que o partido foi brando em relação aos erros do governo Fernando Henrique.



17/12/2002

Agência Senado


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