CAE: Lindberg acusa Ford pelo fechamento de 334 concessionárias



O senador Lindberg Aziz Cury (PFL-DF) denunciou o fechamento de 334 concessionárias de veículos da Ford Motor Company do Brasil em todo o país em decorrência de uma política por parte da empresa que classificou de -desastrosa-. Segundo Lindberg, o fechamento das revendedoras levou a 30 mil demissões e à perda de 45 mil empregos indiretos, tendo a maioria das quebras ocorrido de 31 de dezembro de 1994 a 31 de janeiro de 1995. Lindberg acusou também a Ford de importar ilegalmente 30 mil veículos.

A denúncia do senador foi feita na reunião extraordinária da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que analisa, por requerimento do próprio Lindberg, o descredenciamento de concessionárias Ford. Estavam presentes à reunião da CAE o diretor de Assuntos Corporativos da Ford, Rogelio Goldfarb; o vice-presidente da Associação Brasileira dos ex-distribuidores Ford do Brasil (Abedif), João Bicudo; o representante do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça, Thompson Andrade; e o representante da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Maurício Amorelli.

Segundo o senador Lindberg e João Bicudo, a Ford quis abandonar o país em 1985, e a fusão com a Volkswagen para criação da Autolatina foi uma maneira que encontrou para isso. Eles apresentaram os seguintes números: em 1987, quando formou-se a Autolatina, a Ford tinha 20,9% da produção da nova empresa, contra 32,3% da Volkswagen. Em 1994, quando a Autolatina foi desfeita e cada empresa reassumiu sua velha identidade, a Ford tinha apenas 8,6%, contra 40,2% da Volks. Emocionado, o senador Lindberg Aziz Cury disse que um grande número de donos de revendedoras caiu em depressão profunda, alguns morreram, outros sofreram enfartes do miocárdio.

O diretor da Ford, Rogelio Goldfarb, disse que as falências decorreram do fato de que os lucros das revendedoras advinham de aplicações financeiras no período de hiperinflação. Segundo ele, a prova do que afirmava era que as falências ocorreram exatamente na virada dos anos 94/95. Desmentiu de forma enérgica que a Ford tenha alguma vez cogitado de sair do país, lamentou os problemas de saúde dos concessionários, mas atribuiu à má gestão, descapitalização e desinteresse pelos programas de treinamento que a Ford ofereceu para que se adaptassem à nova realidade da economia.

Goldfarb acrescentou que o advento dos carros populares também mudou o perfil do mercado brasileiro - as vendas aumentaram, mas com margem de lucro muito menor, o que exigia um gerenciamento apurado de capital de giro mais escasso. Além disso, verificou-se o fim dos lucros exagerados no mercado financeiro. Goldfarb também negou que a Ford tenha descuidado do lançamento de produtos atraentes no mercado.



18/06/2002

Agência Senado


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