Lindberg acusa a Ford de estar levando concessionárias à falência



A montadora Ford do Brasil vem adotando uma política agressiva, baseada na imposição de regras impossíveis de serem atingidas, que está levando à falência centenas de concessionárias, denunciou o senador Lindberg Cury (PFL-DF). Para ele, as revendedoras localizadas no interior dos estados é que são as mais prejudicadas: ou respeitam as regras impostas pela Ford e absorvem os prejuízos, ou são descredenciadas, em virtude de um suposto desrespeito ao contrato de adesão firmado entre as partes. Só que o contrato, observou, é unilateral e chega a vir impresso.

Lindberg informou que a Ford, por imposição de cláusulas contratuais, detém todo o poder sobre o destino de seus distribuidores espalhados pelo país, "fixando preços abusivos e irreais, impondo volumes artificiais e insustentáveis para aquisição de veículos e componentes, praticando vendas casadas, bem como outros procedimentos que trazem prejuízos às revendedoras". A prática dessa política administrativa "autoritária", segundo o senador, vem inviabilizando os negócios, o que provocou o fechamento de mais de 300 revendedoras nos últimos sete anos.

- A Ford tem todo o direito de reduzir a sua rede de distribuidores. Mas tem o dever de cumprir a legislação brasileira e indenizar aqueles que foram seus fiéis colaboradores, muitos deles com mais de 70 anos de atividade em defesa dos produtos e da bandeira da marca nas capitais e no interior - afirmou Lindberg Cury, ao ver com bons olhos a formação da Associação Brasileira dos ex-Distribuidores Ford (Abedif).

Lindberg informou que, pela primeira vez na história do setor automotivo brasileiro, ex-distribuidores unem-se e levantam as suas vozes em busca da justiça e da reparação dos prejuízos impostos a eles. O senador reconhece que a luta não será fácil, mas acredita que a justiça brasileira dará ganho de causa " às vítimas da Ford do Brasil".

PREJUÍZOS

Lindberg Cury, no mesmo pronunciamento, condenou a decisão "unilateral" da Secretaria da Receita Federal de desativar as Centrais de Atendimento Empresarial Fácil, responsáveis pelo registro de legalização de empresas de forma rápida e sem qualquer burocracia. Ele informou que nos estados onde as centrais funcionam as pessoas que desejam abrir uma empresa serão prejudicadas.

A alegação para a desativação das centrais empresariais, conforme informou, é que a partir de agora os empresários só poderão solicitar a sua inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), via Internet, enviando, em seguida, toda a documentação exigida para abertura de qualquer estabelecimento comercial. Ele não é contra o novo sistema mas acha que as centrais empresariais devem ser mantidas nas cidades em que já foram instaladas. O senador Nova da Costa (PMDB-AP) apoiou a manifestação de Lindberg, afirmando ser preciso preservar aquilo que já deu certo, como as centrais empresariais.

29/06/2001

Agência Senado


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