Caetano Veloso processa o PT pelo uso de música









Caetano Veloso processa o PT pelo uso de música
Cantor baiano diz que utilização é indevida, mas marqueteiro de Lula garante que tem autorização

O cantor e compositor Caetano Veloso telefonou, ontem à tarde, de Nova York, para seu advogado no Brasil, Paulo Cesar Pinheiro, pedindo que ele notifique o PT pelo uso indevido de sua voz no programa eleitoral gratuito do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, que foi ao ar na terça-feira. A música usada pelo PT é Amanhã, de Guilherme Arantes, interpretada pelo cantor baiano.

De acordo com Duda Mendonça, responsável pelos programas do candidato do PT, o cantor autorizou o uso da canção há quase um ano. A autorização teria sido feita numa conversa com Antônio Rizério, amigo de Caetano que hoje assessora Duda. "Tanto é que já usamos a música no programa de 20 minutos do PT e não houve problemas", afirmou o marqueteiro de Lula, referindo-se ao primeiro turno.

A assessoria de Caetano não reconhece a autorização porque ela nunca foi formalizada, e o cantor não foi informado de que a música poderia ser usada na véspera das eleições.

De acordo ainda com a assessoria, Caetano nunca autorizou sua voz para qualquer tipo de propaganda e pretende permanecer neutro na campanha eleitoral. Até ontem, ele não revelou seu voto publicamente.

O cantor está nos Estados Unidos preparando sua turnê, que começa na próxima semana, e dando entrevistas por ocasião do lançamento internacional de seu livro, Verdade Tropical.

TSE mantém Regina Duarte no ar
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou ontem dois pedidos de liminar do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que pedia a suspensão do trecho do programa eleitoral do candidato tucano José Serra em que a atriz Regina Duarte afirma que está com "medo", referindo-se a um eventual governo Lula, e as imagens da propaganda petista do 1º turno, mostrando mulheres grávidas.
Em relação ao primeiro pedido de liminar, o ministro José Gerardo Grossi julgou a representação improcedente. Ele alegou que não vê "inverdade sabida, previsões, palpites ou meras adivinhações, ainda que catastróficas sobre o que poderá vir a ser o governo de fulano ou beltrano".

Os advogados de Lula alegavam na ação que a propaganda de Serra divulga mensagem "mentirosa para criar, artificialmente, junto à opinião pública, estados mentais de medo e terror contra sua candidatura". No trecho citado na representação, é transmitida a idéia de que, caso Lula seja eleito, o País mergulhará em crise e entrará em caos.

Grossi alegou ainda que a atividade política é exercida também com paixão e emoção. "Parece-me natural que a propaganda seja contaminada pelo emocionalismo e pelo passionalismo", disse o ministro.

Ontem, a propaganda de Serra voltou a exibir na tarde de hoje o depoimento da atriz Regina Duarte. As declarações de Regina provocaram polêmica. A atriz diz, indiretamente, que tem "medo" do candidato petista acabar com a estabilidade e que ele teria mudado suas opiniões e que, portanto, votará em Serra no segundo turno das eleições.

A outra representação, relativa às imagens das mulheres grávidas, também foi julgada improcedente. No programa de Serra, o locutor afirma que foi graças ao candidato do PSDB, que se viabilizou o Programa da Saúde da Mulher no Ministério da Saúde. A fala é sobreposta às imagens do programa do PT usado no primeiro turno. Na ação, o PT alegava o uso de montagem e uso impróprio da propaganda de Lula.

Ao negar a liminar, o ministro Peçanha Martins afirma "não vislumbrar, em princípio, qualquer ofensa, degradação ou ridicularização do candidato Luis Inácio Lula da Silva". O mérito das duas decisões ainda será julgado pelo plenário do TSE.

FHC pede um mutirão em favor de Serra
O presidente Fernando Henrique Cardoso fez ontem um apelo aos líderes dos partidos aliados para que façam um mutirão em favor da candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência da República. O apelo foi feito um dia após a divulgação de pesquisa do Ibope, mostrando que Serra está 29 pontos percentuais atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula tem 60% das intenções de voto para o segundo turno, contra 31% para Serra. Os votos nulos e em branco somam 4% e os eleitores ainda indecisos são 5%.

. "A idéia dessa reunião é um incentivo a Serra para que nós todos passemos a mensagem de segurança à sua candidatura", afirmou o presidente do PMDB, Michel Temer, depois de participar da reunião com o presidente e com os demais líderes, no Palácio da Alvorada.

A idéia, segundo os líderes, é mobilizar os prefeitos para reforçar a candidatura de Serra. Uma reunião de avaliação desse esforço já foi marcada para a próxima quarta-feira entre o presidente e os líderes partidários. Até lá, os partidos pretendem reunir seus prefeitos em encontros que poderão ter ou não a presença do candidato tucano.

O presidente do PSDB, deputado José Aníbal, classificou de "reunião da virada" o encontro realizado ontem de manhã. "Vamos ter uma ação muito forte para mostrar que o nosso adversário tem assumido todos os compromissos sem assumir nenhum compromisso", afirmou Aníbal.

Segundo ele, o PT estaria praticando um "quase estelionato eleitoral", ao prometer o que não poderá cumprir. Ele disse que os partidos da base aliada focarão sua ação em prefeitos, na Igreja Católica, em evangélicos e movimentos sociais para estimular a militância a ir às ruas. Aníbal anunciou também que José Serra vai hoje ao Rio de Janeiro, amanhã ao Rio Grande do Sul e Paraná e, na segunda-feira, voltará a Minas Gerais.

Lula descarta a adoção de medidas radicais no câmbio
Preocupada em conter a onda de especulação sobre o futuro do Brasil, a cúpula do PT adotou um discurso de otimismo quanto à possibilidade de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. A maior preocupação do momento é garantir que um eventual governo petista não adotará medidas mais radicais diante da crise cambial. O presidente do partido, José Dirceu, e o coordenador da campanha de Lula, Antonio Palocci, repudiaram a idéia de controle do câmbio.
Hoje, o PT divulga relatório com propostas para a Bovespa, contendo medidas para ampliar o mercado de capitais e financiar a produção (veja quadro ao lado). "Queremos caminhos para ampliar a bolsa de valores", disse o coordenador. "O mercado de capitais é o melhor lugar para as empresas se financiarem", acrescentou.

Elaborado por integrantes do PT em conjunto com analistas da Bovespa, o trabalho tem como uma de suas metas o estímulo à criação de fundos de pensão. No Congresso, entretanto, a bancada do PT está bloqueando a votação do projeto de lei que regulamenta os fundos de previdência para o funcionalismo público.

A estratégia do partido é pressionar o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso a assumir o ônus de uma eventual centralização do câmbio. "Moratória e centralização do câmbio estão fora do nosso vocabulário", reafirmou ontem Palocci.

Segundo ele, Lula, se eleito, deverá sugerir "medidas econômicas" durante o período de transição, mas a adoção de uma saída semelhante à da Malásia, durante a crise asiática de 1997, está descartada. "A solução da Malásia não serve para o Brasil, foi tomada em um outro momento", justificou Palocci, referindo-se ao controle de câmbio. Até recentemente, economistas do PT como o deputado Aloízio Mercadante, eleito senador por São Paulo, elogiavam a fórmula malasiana, que permitiu ao país asiático sair do turbilhão e hoje despontar com taxas de crescimento superiores a 5% ao ano.

Palocci tentou minimizar a gravidade da situação atual e disse que "o Brasil já passou por várias crises antes e é um país forte". Ele disse que é preciso investir na "confiança" dos brasileiros. "Não tem razão para que fiquemos achando que não tem saída", afirmou o coordenador da campanha.

Definido o esquema da transição
Dois dias após a eleição do futuro presidente, em 29 de outubro, cada ministério deverá indicar à Casa Civil da Presidência o servidor responsável pela ligação entre a atual equipe e a do próximo governo. É o que determina decreto assinado ontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, detalhando procedimentos para a transição.

Até 14 de novembro, todos os ministérios também deverão concluir o chamado livro de transição, com informações sobre o respectivo setor. O livro de transição conterá informações suscintas sobre decisões recentes que possam ter relevância para o sucessor em cada ministério, além de uma versão atualizada da Agenda 100, com os principais compromissos que vencerão nos cem primeiros dias da futura gestão.

O livro listará as entidades, especialmente órgãos da administração federal, organismos internacionais e comissões do Congresso, com as quais cada ministério mais interage. "O livro de transição deverá conter outras informações relevantes para a não-interrupção dos serviços prestados pelo ministério e para a mais rápida familiarização da futura equipe de governo com a administração pública federal", diz o decreto, que será publicado hoje no Diário Oficial. A transição é tratada como prioridade pelo presidente Fernando Henrique.

Assembléia de Deus dá apoio formal a tucano
O candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, recebeu ontem o apoio formal da Igreja Assembléia de Deus, Ministério do Belém. De acordo com o pastor responsável pela congregação, José Wellington, a igreja decidiu apoiar o tucano por acreditar que ele é o mais preparado para assumir a condução do País.

"Com nosso apoio, ele chegará à Presidência do Brasil, se Deus quiser", disse o pastor. Pelos cálculos da congregação, o número de fiéis chega a 18 milhões em todo o País.

Em entrevista, Serra falou da importância do apoio da igreja, mas disse que não sabe avaliar o potencial de crescimento que essa adesão poderá trazer à sua candidatura. Para o tucano, o mais importante é que seu programa de governo coincide com os propósitos desta igreja. "Nossos pontos de identificação são fortes, como a liberdade individual, o fortalecimento da família e o desenvolvimento do trabalho social, como a recuperação dos jovens", disse.

Na semana passada, um outro grupo de pastores também da Assembléia de Deus, representando 8 milhões de fiéis, havia apoiado o presidenciável.

Ibope aponta empate em Mato Grosso do Sul
Pesquisa Ibope divulgada ontem à noite indica empate técnico entre os candidatos ao governo do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT e Marisa Serrano (PSDB). O petista aparece com 49% da preferência do eleitorado enquanto Marisa tem 44%. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa revela que 6% do eleitores estariam indecisos e 1% afirmaram que votariam em branco ou nulo, se a eleição fosse realizada hoje. O Ibope entrevistou 800 eleitores em 29 municípios do Mato Grosso do Sul. O levantamento foi realizado entre os dias 12 e 14 de outubro.

Já o Instituto Vox Populi divulgou a primeira pesquisa sobre o segundo turno em Sergipe. O candidato João Alves Filho (PFL) lidera com 51% das intenções de votos, contra 40% do candidato José Eduardo Dutra (PT). Três por cento dos eleitores entrevistados disseram que votarão nulo ou em branco e 6% ainda estão indecisos.

A pesquisa foi realizada nos dias 12 e 13 deste mês em 40 municípios, onde foram ouvidos 1.502 eleitores. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.


Dólar desafia pacote do governo
Apesar das limitações às operações dos bancos e do aumento das taxas de juros, dólar ameaça chegar aos R$ 4 ainda hoje

O pacotaço do Banco Central não conseguiu deter a alta do dólar frente ao real. A moeda norte-americana oscilou um pouco durante a maior parte do dia de ontem, mas acabou fechando em alta de 1,95%, cotado a R$ 3,92 para venda e R$ 3,915 para compra. A pressão vinha do vencimento, hoje, de uma dívida cambial do governo brasileiro. A dívida é de US$ 3,6 bilhões.

O resgate desse valor leva alguns grandes investidores a tentar inflar a cotação do dólar para receber mais dinheiro na liquidação, que é feita em reais. O valor do dólar para o resgate é determinado por um indicador chamado Ptax, que é taxa média do dólar compilada pelo BC durante todo o dia. A Ptax de hoje tem como base os números de ontem.

O Banco Central completou, com mais duas operações, o alongamento de 61,6% da dívida. Entretanto, a segunda operação, nesta tarde, teve um resultado pouco expressivo – o BC aceitou rolar apenas US$ 83,5 milhões do vencimento.

Parte do impulso da cotação do dólar ocorre porque, com títulos que vão vencer em mãos, alguns investidores passam a substituir o hedge (proteção cambial) em papel por dólares. Por outro lado, o mercado tem cobrado taxas muito altas para aceitar o prolongamento da dívida, que demonstram desinteresse pelos papéis cambiais do governo. O BC tem recusado essas taxas.

A expectativa era que o dólar fechasse ontem mais próximo da estabilidade, como aconteceu na terça-feira, com o contrapeso das vendas por instituições que precisam se adequar às novas regras do BC, que permitem uma aplicação máxima em dólar equivalente a 30% do patrimônio de cada banco. Ocorreu o contrário. Um dos problemas é que a venda de dólares à vista pelo Banco Central foi reduzida.

Banco Central dá prioridade à inflação
A decisão de aumentar a taxa básica de juros, a Selic, de 18% para 21% ao ano, foi tomada exclusivamente para conter a alta da inflação no próximo ano. A justificativa consta da ata da reunião extraordinária do Copom, órgão do Banco Central responsável pela decisão tomada na segunda-feira.

"Não se visou determinar o nível para a taxa de câmbio'', informou o documento. De acordo com a ata, os membros do Copom admitem, porém, a importância da depreciação cambial para o aumento das perspectivas de inflação. No ano, o dólar acumula alta de 66%.

Calote é só um chute, diz especialista
A discussão sobre se o Brasil vai ou não fazer um default da sua dívida pública atingiu um novo tom com um estudo divulgado por Alexandre Schwartsman, economista do Banco BBA. Com o título de J'accuse, que significa Eu Acuso e é inspirado num texto clássico do escritor francês Emile Zola, o documento é mesmo uma peça de acusação: para Schwartsman, os sabidos, como o megaespeculador George Soros, que dizem que o Brasil inevitavelmente será levado a um calote estão chutando, sem ter analisado a situação do País.

Schwartsman mostra que o governo pode não captar um centavo de dólar no mercado externo em 2003, e provavelmente também em 2004, e ainda assim pagar todos os juros e amortizações devidos.


Produção industrial cai em seis regiões
A produção industrial caiu em seis das 12 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em agosto, ante o mesmo mês no ano passado. Foram observadas quedas significativas em Santa Catarina (9,1%), São Paulo (6,6%), Ceará (5,9%), Região Sul (2,5%), Pernambuco (2,3%) e Rio Grande do Sul (2,2%).

Porém, na mesma comparação, outras regiões apresentaram taxas de crescimento acima da média nacional (taxa positiva de 0,9%). É o caso de Rio de Janeiro (20,7%), seguido por Bahia (17,7%) e Espírito Santo (17,5%). Outros aumentos de produção foram verificados nas regiões Nordeste (5,2%), Minas Gerais (3,3%) e Paraná (3,2%).

A tendência de queda permanece em outras comparações. De janeiro a agosto deste ano, o IBGE registrou queda em oito das 12 regiões pesquisadas, em comparação com o mesmo período em 2001.


Apesar da seca, está sobrando energia
O diretor-presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Mário Santos, garantiu ontem, que a seca que vem atingindo o País não oferece risco para o abastecimento de energia.
De acordo com ele, o nível dos principais reservatórios ainda está 22% acima da curva de risco e as chuvas, desde o início do ano, atingiram 85% da média histórica dos últimos 70 anos.

Além disso, conforme Santos, o nível de consumo não voltou aos níveis anteriores ao programa de racionamento. "Estamos com uma redução acumulada de 15% no consumo de energia", afirmou.
Segundo ele, a conscientização da população quanto à necessidade de combater o desperdício de energia e a crise econômica contribuíram para a queda no consumo.

"Até o fim de novembro, as estimativas são de que o nível de energia acumulada chegará a 40%, uma faixa bastante confortável", avalia.


Metralhado o palácio do governo do Rio
Bandidos tentam resgatar presos, malogram, atacam Palácio Guanabara e jogam bomba em shopping center

A tentativa frustrada de um resgate de presos na penitenciária de segurança máxima Bangu 3 acabou desencadeando uma onda de violência pelas ruas do Rio de Janeiro na madrugada de ontem.

Traficantes metralharam o Palácio Guanabara, uma delegacia, carros das polícias Militar e Civil, e atiraram uma granada na entrada do Shopping Rio-Sul.

O Palácio Guanabara, onde trabalha a governadora Benedita da Silva, no bairro das Laranjeiras, foi atingido por vários disparos feitos por traficantes que estavam em motocicletas. Como era 1h30, havia apenas vigias no edifício. Os projéteis atingiram algumas pilastras. Ninguém ficou ferido.
Em Botafogo, um grupo atirou uma granada do tipo M3, de fabricação nacional, contra a entrada principal do Shopping Rio-Sul, vazio a essa hora. O impacto da explosão danificou parte da marquise e abriu um buraco na calçada.

Na perseguição, os policiais interceptaram dois ônibus que iam para o complexo penitenciário de Bangu. Estavam cheios de passageiros supostamente arregimentados pelos traficantes.

Benedita fora avisada
A rebelião durou mais de 12 horas. Terminou quando os dois agentes penitenciários que eram mantidos reféns foram libertados, por volta das 10h de ontem. A governadora Benedita da Silva, do PT, disse que há duas semanas tinha sido alertada sobre um plano de fuga em massa em Bangu 3.

Os presos pretendiam explodir o muro dos fundos do presídio para fugir. Segundo o Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe), eles estavam com explosivos e detonadores e tinham ainda fuzis e pistolas. Houve tiroteio e cinco pessoas – um agente e quatro presos – ficaram feridas, sem gravidade.

Cinco picapes com bandidos armados davam cobertura aos presos. Os criminosos chegaram pela parte de trás do presídio, na Favela do Catiri, onde fica uma área conhecida como lixão. Os veículos transportariam os fugitivos. "Eles trocavam tiros conosco para que os outros explodissem o muro", disse um policial.

Enquanto a polícia enfrentava os bandidos do lado de fora, os amotinados saíram das celas, tomaram uma das galerias e fizeram os agentes de reféns. Bangu 3 tem hoje 890 detentos, número menor do que sua capacidade, de 960.

Com os rebelados, foram apreendidos dois revólveres, cinco pistolas, três fuzis AR-15, duas granadas, 10 carregadores de metralhadora, 313 cartuchos de balas de diferentes calibres, um coquetel Molotov e cinco quilos de explosivos.

A governadora admitiu que o material entrou com a conivência de agentes penitenciários e revelou que haveria um túnel onde armas estariam armazenadas.


Salvamento dá certo e plataforma flutua
Navio ainda está inclinado, mas em ângulo menor, e pode até voltar a produzir petróleo a curto prazo

A plataforma P-34, que adernou domingo após uma pane elétrica, não corre mais risco de naufragar, afirma a Petrobras. A inclinação foi reduzida do ângulo inicial de 32º para 14º.
Para tentar evitar o naufrágio, a Petrobras iniciou, na tarde de terça-feira, o bombeamento de água do mar para dois tanques do navio-plataforma.

Em nota, a estatal diz que as operações para a estabilização da P-34 "prosseguem com resultados positivos". Aproximadamente 5,2 milhões de litros de água do mar já haviam sido bombeados para os tanques da plataforma até à tarde.

Uma equipe composta de 13 técnicos está na P-34 para viabilizar o retorno da geração de energia elétrica da unidade. A expectativa é de que ela volte a operar como antes.

A P-34 está localizada no Campo de Barracuda, na Bacia de Campos, cerca de 100 km da costa do Rio de Janeiro. Além de retirar e processar o petróleo, a plataforma armazena o produto e, por isso, é chamada de navio-plataforma.


Artigos

Talento empreendedor
João Bosco Ribeiro

O Brasil é um país empreendedor e chega a ser campeão mundial de empreendedorismo. Na Global Entrepreneurship Monitor (GEM), pesquisa anual na área de empreendimentos, há uma revelação surpreendente: um em cada oito brasileiros adultos criam negócios próprios. Nos Estados Unidos esta relação é de um para dez e na Austrália de um para 12, que com o Brasil formam o trio dos países mais empreendedores do mundo.

Qual é, então, o problema brasileiro? É um problema de mortalidade infantil das empresas, pois 80% das novas empresas morrem antes de completar o terceiro aniversário.

Como encaminhar uma solução para aproveitar este grande potencial natural do brasileiro que é empreender? Acreditamos que, para iniciar um processo, duas mudanças são prioritárias: na educação e na cultura da sociedade.

Na área educacional, há necessidade da propagação do ensino do empreendedorismo em todos níveis; logicamente a universidade é o ponto de partida pela sua posição como formadora de opiniões e multiplicadora do conhecimento. Todavia é necessário permear a cultura empreendedora desde o Ensino Fundamental, criando, desde cedo, nas crianças atitudes e comportamentos que sinalizem para os jovens os valores sadios do empreendedor, como geração e distribuição de riquezas, criatividade, inovação, ética, respeito ao homem e ao meio ambiente. Os estudantes devem ser levados a desenvolver a criatividade e a inovação com liberdade, procurando fugir da "síndrome da dependência".

Em relação à mudança cultural, um passo importante é a sensibilização das forças sociais, econômicas e políticas para criação de um sistema de suporte, com a participação de toda sociedade, de apoio às empresas e empreendedores emergentes. Este suporte passa pelo reconhecimento e distinção pública das ações empreendedoras, dando ênfase aos êxitos das empresas e apoio a planos de negócios inovadores.

As empresas devem ser consideradas pela sociedade como um ativo social, que transcende seus donos, e, como tal, precisam ser protegidas, como geradoras e distribuidoras de riquezas, e estas, por sua vez, devem acentuar seus compromissos sociais e o comportamento ético.

O emprendedorismo é um fenômeno cultural e somente o empreendedor pode disparar o processo de desenvolvimento humano, social e econômico. Não haverá empregos sem empreendedores pois da realização de seus planos surgirão as oportunidades de trabalho.

Brasília, por meio do Clube dos Jovens Empresários, lançou recentemente a idéia do Parque do Talento Empreendedor a ser implantado no Projeto Orla, à beira do Lago Paranoá junto à Concha Acústica. Os jovens conseguiram um brilhante feito ao trazer para a concepção do projeto o grande arquiteto Oscar Niemeyer, que, movido pelo entusiasmo, concebeu uma proposta genial ao formatar um espaço propício ao desenvolvimento dos empreendedores. "É o que faltava para completar Brasília", palavras de Niemeyer.

Será um projeto de inclusão social e empresarial, que se tornará uma referência nacional. Será, também, a perpetuação para as futuras gerações do espírito empreendedor que moveu brasileiros de todos os quadrantes ao Planalto Central para realizar Brasília.

A concepção estabelece uma grande cúpula em que se agregam os pavilhões da inspiração, criação e evolução, dotados de toda infra-estrutura tecnológica de acesso ao conhecimento e interação de experiências empreeendedoras, de forma que os estudantes do Ensino Fundamental à universidade possam imaginar, desenvolver e criar seus planos de negócios.

Esta é uma semente importante, pois junta educação e comprometimento social como um novo fermento a este talento inato do brasileiro que é empreender.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Anvisa esconde irregularidades
Instaurada há um ano para investigar a influência do lobista Alexandre Paes dos Santos na intermediação de interesses de empresas de medicamentos, uma comissão de sindicância da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nada encontrou que o comprometesse. Mas descobriu mutretas cabeludas, praticadas na gestão do ex-ministro José Serra por funcionários da própria agência. E aí as conclusões da comissão simplesmente sumiram.

Família unida
Entre as irregularidades constatadas pela sindicância da Anvisa, impunes um ano depois, está o esquema chefiado pela funcionária Antônia de Maria Moreira Souza, que tem seis parentes (irmãos, sobrinhos, noras etc) trabalhando no órgão, segundo confissão em poder da coluna.

Presença assídua
A família de Antônia de Maria Moreira Souza na Anvisa é suspeita de ajudar duas outras irmãs, "despachantes" de grandes laboratórios. Uma dessas irmãs de Antônia esteve 168 vezes na Anvisa, em 2001. Segundo apurou a sindicância, o lobista esteve lá só duas vezes, uma delas por 9 minutos.

Denúncia "desconstruída"
A sindicância aberta na Agência Nacional de Vigilância Sanitária foi uma resposta do então ministro José Serra, para desqualificar uma denúncia de Alexandre Paes dos Santos sobre uma tentativa de extorsão de assessores do ministro da Saúde junto a fabricantes de remédios. Em lugar de investigar a denúncia, o ministro mandou investigar o denunciante.

Fã desapontado
Fã de Regina Duarte, o ex-ministro Fernando Lyra ficou chocado com o discurso da atriz no programa de Serra: "Se foi contratada pela campanha, seu papel é deprimente; se sua participação foi espontânea, é repugnante!". E concluiu: "Nós, seus fãs, e Gabriela (sua filha) não merecíamos isso".

Amiga e funcionária
A atriz Regina Duarte é amiga da primeira-dama Ruth Cardoso ("ela é tudo", declarou à revista Quem, em julho) e integrou o conselho do programa "Comunidade Solidária", presidido pela mulher de FhC. Recebeu diárias entre 1995 e 1998 para comparecer às reuniões do órgão, segundo comprovante obtido pela coluna, por sua conta no Bradesco.

O general lulou
O ex-todo-poderoso general Octavio Medeiros, chefe do extinto SNI, quer Lula presidente. Ele segredou seu voto a um outro general de pijama, na Padaria Delícia, da QI 13 do Lago Sul, em Brasília, sábado passado, pelas 11h, após comprar dois pãezinhos e seguir para casa, ali perto.

Procura-se a PM
Está provado que só bandidos saem à noite no Rio sem ser incomodados. É quando a PM some, com o Grupamento Especial de Patrulhamento, criados para combatê-los. Deve ter acabado o gás, inclusive o do dirigível, após as eleições. A Polícia Civil, ao contrário, beira a estafa. Há três dias, alertou à corporação que a bandidagem aprontaria alguma.

Caça-fantasmas
Não só a PM é invisível à noite no Rio. Os bandidos também.

Passageiros da agonia
Longe vai o tempo em que bonde, no Rio, era aquele veículo simpático sobre trilhos. Hoje, só tem em Santa Teresa, de onde saem outros "bondes" – caravanas de bandidos que espalham o terror. No velhos tempos, o Barão de Itararé disse que "tudo na vida é passageiro, menos o trocador e o motorneiro". Hoje, passageira é a vida de quem sai de madrugada...

Do além
Serra garante que, com ele, o dólar baixa. Só se for em sessão espírita.

Vaidade inconstitucional
Responsável pela guarda da Constituição, o Judiciário às vezes deixa de cumpri-la. Juízes de Tribunais Regionais Federais e de TRTs resolveram autodenominar-se "desembargadores federais". Isso é privativo de juízes dos Tribunais de Justiça, reza a Constituição. O procurador-geral Geraldo Brindeiro vai argüir a inconstitucionalidade desse ataque de vaidade.

Simples faladores
Almir Verçosa, de Brasília, professor de Oratória há 40 anos, critica a pobreza verbal dos presidenciáveis, "simples faladores". Destaca os erros de Lula na articulação das palavras e adverte que a clareza – ou califasia – "é um dos mais importantes instrumentos de retórica, à qual os gregos já atribuíam extraordinária importância, séculos antes de Cristo".

Adeus, BNDES
Fecha as portas dia 22 em Belém a única agência do BNDES na Região Norte, quando acaba o contrato com o Banco da Amazônia. O governador Almyr Gabriel nem está aí, acusam o Sindicato dos Bancários e a Federação das Indústrias, preocupados com a perda de empregos diretos e indiretos.

Urucubaca
Depois de Reynaldo Gianecchinni e Paula Arósio, o ator Gilbert, o Ezequiel, foi a nova vítima de "Esperança": quebrou um dente nas gravações. São tantos os acidentes que já chamam a novela da Globo de "Plantão Médico".

Olheiro empolgado
Marco Maciel garante que Serra vai virar o jogo. Com seu conhecido entusiasmo, o vice de FhC anunciou que torcerá muito. No muro.

Paladar apurado
Muita gente ficou escandalizada com o Romanée-Conti de R$ 6 mil que o marqueteiro Duda Mendonça ofereceu a Lula, certamente achando que o petista tem mais é que continuar bebendo a pinga com cambucy dos seus tempos metalúrgicos. Mas há muito Lula conhece bons vinhos. Quando foi libertado dos calabouços do Dops, nos anos 80, o jornalista Mino Carta (genial criador de Veja, Istoé e CartaCapital, entre outros) convidou Lula e Marisa para jantar. E abriu um magnífico Brunello de Montalcino, que guardara durante 20 anos para uma "ocasião especial".


Editorial

UNIÃO CONTRA INVASÕES

A decisão do Ministério do Desenvolvimento Agrário de ajudar o Governo do Distrito Federal a controlar as áreas da União sob ameaça de invasão é importante e oportuna. Há várias regiões de Brasília ocupadas por famílias, muitas delas de boa-fé, em terras que não lhes pertencem. Tanto a invasão de Itapuã, entre o Paranoá e Sobradinho, como as chácaras do Lago Oeste estão em terras do Governo Federal. E nessas áreas ainda há o que fazer, pois não são cidades consolidadas.

Infelizmente não é o caso da Colônia Agrícola de Vicente Pires. Nesse caso, a União chegou tarde, e não foi por falta de aviso. Soa estranha a intenção de tornar aquela área objeto de reforma agrária. Como remover as pessoas que moram no local? Derrubar as casas para criar um assentamente agrícola em área já tomada pela ocupação urbana não parece ser possível, além de ser improdutivo em termos econômicos. Que se apure a responsabilidade dos moradores de Vicente Pires e se puna quem usou da omissão do governo para ocupar espaços indevidos. Mas é um fato que aquela área não deve voltar a ser agrícola.

O Governo Federal deve lutar para que outros locais não se transformem em novos Vicente Pires – uma área nobre, mas sem qualquer planejamento urbanístico. São pessoas que moram sem praças nem parques e não têm se quer endereço.


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10/17/2002


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