Requião quer que CCJ analise pedido de licença encaminhado pelo STF para processá-lo



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) solicitou à Mesa do Senado que submeta à apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) pedido de licença encaminhado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele seja processado por um suposto crime de difamação contra Cândido Manuel Martins de Oliveira, secretário de Segurança Pública do Paraná em 1999.

Considerando o pedido do STF um absurdo, Requião citou a Constituição para lembrar que "os deputados e senadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos". No caso que motivou o pedido de licença, o senador, em entrevista ao jornal Folha de Londrina (PR), disse que "a Secretaria de Segurança Pública é corrupta e frouxa" e que "a Divisão de Narcóticos anunciada na área cria dúvida, já que não se sabe se vai ser a favor ou contra as drogas".

Além de reiterar o teor de suas declarações, o senador pelo Paraná registrou que ao fazer as denúncias apenas exercitava o seu direito de crítica previsto na Constituição. Ele informou que, após a nota publicada no jornal, a CPI do Narcotráfico, da Câmara dos Deputados, realizou investigações no estado, que culminaram com a demissão do secretário e "a prisão do diretor-geral e de três ou quatro delegados que continuam presos até hoje".

Roberto Requião também manifestou surpresa com a pressa com que o assunto foi tratado no STF. Ele disse que o ministro Sydney Sanches, relator da matéria, recebeu a denúncia, assinada pelo vice-procurador-geral da República Haroldo Ferraz da Nóbrega e aprovada pelo procurador-geral Geraldo Brindeiro, no dia 20 de agosto e dois dias depois já tinha despachado o processo para o Senado.

- Que bom se o ministro Sanches agisse com a mesma rapidez diante dos milhares de processos que dormitam no seu gabinete - comparou o senador pelo Paraná. Ele também comentou que o vice-procurador-geral encontrou tempo para denunciá-lo, mas não para processar "os ladrões dos precatórios da CPI do Congresso da qual fui relator".

Especificamente sobre a denúncia, Requião negou que tenha difamado alguém. Ele explicou que não se referiu à pessoa do secretário de Segurança Pública, mas à Secretaria. "A denúncia é inepta, materialmente inepta", classificou. O senador pediu que a Mesa convide Sydney Sanches, Geraldo Brindeiro e Haroldo Ferraz da Nóbrega para explicarem ao Senado quando a Constituição foi modificada e passou a permitir que um discurso de senador possa ser objeto de censura do STF ou do Ministério Público.

28/08/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Requião quer urgência no pedido de licença encaminhado pelo STF para processá-lo

Requião diz que pedido de licença do STF para processá-lo é mordaça

CCJ nega solicitação de Jader para que STF pudesse processá-lo sem necessidade de licença do Senado

Projeto sobre pedido de informações ao Ministério Público é encaminhado à Câmara

Caetano Veloso processa o PT pelo uso de música

Renan quer rapidez na análise do marco civil da internet pelo Senado