Camata classifica de "tapa na cara" do Exército a anistia concedida a Lamarca
O senador Gerson Camata (PMDB-ES) criticou, em Plenário, nesta quinta-feira (14), as decisões da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça de conceder patente de coronel de Exército ao líder guerrilheiro Carlos Lamarca, bem como pensão de general e vultosas indenizações a sua família. O parlamentar considerou essas determinações como um "tapa na cara das Forças Armadas brasileiras".
Segundo Camata, a comissão precisa ter fiscalização e controle de algum órgão do Legislativo ou do Judiciário, uma vez que sua generosidade com o dinheiro público tem usado critérios que, em sua opinião, ferem o bom senso da sociedade brasileira.
- Depois de ter desertado do Exército, roubando armas para fundar uma organização guerrilheira com a finalidade de implantar uma ditadura exótica no país, ainda pior do que o regime militar da época, a decisão de recompensá-lo com todas as promoções e direitos fere os brios do Exército, pois os princípios de disciplina e hierarquia das Forças Armadas foram subvertidos. Trata-se de um fato muito grave - disse.
Para Gerson Camata, tomar essas decisões equivale a dizer aos oficiais lotados em quartéis isolados nas fronteiras que não precisam batalhar para coibir o contrabando de armas colocando suas vidas em perigo, porque depois, se o pior acontecer, eles serão anistiados e suas famílias indenizadas.
O senador pelo Espírito Santo disse que a Comissão de Anistia deveria ser submetida a um controle que pudesse vetar algumas de suas decisões. Outros órgãos do governo também precisam ter seus atos mais vigiados, disse. Ele criticou, por exemplo, o fato de o governo ter destinado recursos à Parada do Orgulho Gay, realizada em São Paulo no último fim de semana.
Camata revelou que decidiu integrar a Comissão de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, não para fazer oposição ao governo, mas para impedir que o governo faça oposição ao Brasil, tomando decisões desse tipo.
Em aparte, o senador Mário Couto (PSDB-PA) lembrou que faltam apenas R$ 4 milhões para que o Hospital Sarah Kubitschek de Belém comece a funcionar e o governo alega não dispor dessa verba. Ele perguntou por que há dinheiro público para Parada Gay ou para indenizar a família de um "desertor" e não existe verba para colocar em funcionamento um hospital de interesse público.
Também em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o espírito de anistia das Forças Armadas garantirá que a decisão da comissão seja compreendida. Ele comparou a guerrilha de Lamarca com a guerra de independência feita nos Estados Unidos, no século XVIII.
Gerson Camata respondeu haver uma diferença muito grande entre lutar pelaindependência de seu país e querer implantar uma ditadura cruel no Brasil. "É preciso pedir desculpas a todos os oficiais das Forças Armadas brasileiras", concluiu.
14/06/2007
Agência Senado
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