Camata critica voto de relator no Cade



O senador Gerson Camata (PMDB-ES) criticou o voto do relator no Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Thompson de Andrade, no processo sobre a compra da Garoto pela Nestlé. Para ele, o voto é "estapafúrdio e muito estranho e parece ter sido direcionado". Ele salientou que o voto aprovado pelo Cade não manda a Nestlé vender a Garoto, mas fatiá-la e vender as marcas e direitos para uma empresa, e o maquinário para outra.

- A propriedade das marcas eu já sei para quem é, porque no mesmo dia o relator disse que era para os funcionários não se preocuparem, porque ele já tinha um comprador para a Garoto. Na audiência de amanhã (quarta-feira, 11), precisamos saber se ele é membro do Cade ou é vendedor de fábrica de bombom - afirmou o parlamentar.

Para o senador, de qualquer forma, ao determinar a venda da marca para um comprador e dos equipamentos para outro, o Cade "já jogou as ações lá no chão".

- Conservou para o Espírito Santo os galpões, talvez para abrigar os oito mil desempregados, como Hitler fazia - comparou. Camata lamentou que o Cade "aplicou a pena de morte" à Garoto, ao não permitir a conclusão da venda em troca de uma diminuição na participação do mercado, como a venda de uma marca ou uma queda forçada na produção.

O parlamentar criticou ainda o fato de o Cade ter demorado três anos para se pronunciar sobre a venda da Garoto para, aprovada sua decisão, dar 20 dias de prazo para que a Nestlé apresente um projeto de venda da empresa. Para Camata, a decisão do Cade "prejudica todas as manifestações do presidente (da República, Luiz Inácio Lula da Silva) e de seus ministros, em busca de mais empregos para o Brasil.

- Queremos, e há condições para isso, que esse voto seja revisto - afirmou, informando ainda que a bancada do Espírito Santo se reuniria na noite desta terça-feira (10) com advogados da Garoto e depois iria ao Palácio do Planalto. Também informou que nesta terça-feira, doze mil pessoas fizeram uma manifestação em Vila Velha, cidade capixaba onde ficam as duas fábricas da Garoto.

Em aparte, o senador Magno Malta afirmou que, na fusão das cervejarias Antarctica e Brahma, a empresa resultante (Ambev) ficou com 78% do mercado, muito mais do que ficaria a Nestlé no mercado de chocolates. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também perguntou por que, no caso da Ambev, houve a permissão do Cade.



10/02/2004

Agência Senado


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