Camata não acredita no contágio argentino



O senador Gerson Camata (PMDB-ES) disse não acreditar no contágio argentino - possibilidade de graves repercussões econômicas no Brasil, provocadas pela crise do país vizinho, a exemplo do que aconteceu em outras crises, como a da Rússia. Para ele, na crise russa, a economia brasileira foi mais atingida porque encontrava-se desarrumada, principalmente no que se refere às contas públicas, fato que não ocorre hoje.

O quadro argentino, conforme o senador, "é complicadíssimo", e embora não haja exatamente um perigo de contágio, haverá perdas para o Brasil, principalmente para os empresários brasileiros que negociam com a Argentina. Em compensação, com a nova política cambial, os argentinos terão mais facilidades concorrenciais para vender no Brasil os seus produtos, aliviando sua situação.

Camata acha difícil que os argentinos consigam arrancar os US$ 15 bilhões de que necessitam do Fundo Monetário Internacional (FMI) com esse último pacote econômico. Para Camata, o governo argentino cometeu um erro básico na sua estratégia, ao abrir, em primeiro lugar, para os saques nos bancos e, em segundo lugar, acorrendo em socorro às instituições financeiras.

Ao determinar a conversão das dívidas em pesos, ao câmbio de um dólar por um peso - enquanto no câmbio livre um dólar já vale 1,80 peso nos bancos estatais -, o governo argentino transfere grande parte dos débitos de qualquer devedor para o sistema bancário, e não diz quem vai pagar a conta, na avaliação do senador. As estimativas preliminares apontam para um rombo superior a US$ 20 bilhões de dólares. Na opinião de Camata, o caso da Argentina é grave e a volta da hiperinflação no país "está por um fio de seda".

Ainda conforme o senador, o governo argentino tenta cobrir o rombo surgido no sistema bancário por meio do lançamento de títulos ou de bônus, mas ele acredita que haverá "um deságio mortal" desses títulos e, provavelmente, seus detentores terão grande dificuldade em colocá-los mercado.

- O correto seria primeiro socorrer os bancos para, em seguida, flexibilizar os saques, de modo a impedir a quebra do sistema financeiro - declarou o senador.

Num momento semelhante ao que atravessa a Argentina, o Brasil criou o Proer, programa que teve como objetivo evitar a quebra do sistema financeiro. Para tanto, lembrou o senador, usou recursos dos próprios bancos, oriundos do depósito compulsório junto ao Banco Central. "Foi uma saída inteligente, que evitou o pior", avaliou Camata, para quem, no caso argentino, ao que tudo indica, "quem vai pagar o rombo surgido no sistema com a diferença cambial são os contribuintes".

04/02/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Lauro Campos diz que contágio argentino é inevitável

Saúde: Hábitos comuns no verão facilitam contágio de conjuntivite

Filhos de portadoras do HIV poderão receber leite especial para evitar o contágio

Filhos de portadoras do HIV poderão receber leite maternizado para evitar contágio

BB conclui compra de banco argentino

ACM RECEBE NOVO EMBAIXADOR ARGENTINO