Campanha acirrada à procura de um cargo
Campanha acirrada à procura de um cargo
Quatro em cada dez brasileiros ainda não sabem em quem votar para o Senado, Câmara e para as assembléias legislativas - informam as mais recentes pesquisas realizadas pelo Ibope. Uma das razões para essa indecisão, a apenas três semanas da eleição, é a inflação de candidatos.
Trata-se da maior disputa política já realizada no País, atesta o Tribunal Superior Eleitoral. São 15,8 mil pessoas, distribuídas por 30 partidos, pedindo voto a 115 milhões de brasileiros para conquistar um emprego de senador ou deputado.
Há na praça um candidato para cada grupo de 7,2 mil eleitores. São 15,5 mil na disputa por 1.572 cargos de deputado estadual e federal, emprego garantido por quatro anos, com salário-base variável entre R$ 5 mil e R$ 8 mil. Outros 299 concorrem a 54 vagas no Senado Federal, com oito anos de mandato e salário mensal de R$ 8 mil, mais mordomias.
O desafio comum é se destacar na multidão, aos olhos do eleitorado, para ser reconhecido na urna eletrônica.
Pressão dos EUA para ação contra Iraque
Rice: ONU deve rejeitar negociação. Ontem, os principais assessores do presidente dos EUA, George W. Bush, para a política externa, pressionaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a uma ação rápida contra o Iraque para forçá-lo a cumprir 16 resoluções que dizem respeito a inspeções de armas.
O secretário de Estado, Colin Powell, e a assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, em entrevistas a programas de redes norte-americanas de televisão, ontem, disseram que a ONU deve rejeitar qualquer proposta de negociação por parte do Iraque no caso das inspeções de armamentos. Powell e Rice querem que a ONU fique firme e não permita que o presidente iraquiano, Saddam Hussein, deixe de cumprir as resoluções, como em 1998. "Hussein está humilhando a ONU", disse Powell.
De acordo com Condoleezza Rice, os termos da inspeção de armamentos serão diferentes, desta vez, daqueles de 1998 e não conterão acordos paralelos.
O jornal britânico "The Guardian" publicou informação sobre o temor da ONU quanto a um estado de anarquia no Iraque se o seu presidente for deposto por forças militares.
Ontem, aviões norte-americanos e britânicos bombardearam instalações do Iraque na zona de exclusão aérea do Sul do país. O ataque foi o 38º realizado neste ano.
A Argentina alcança o Brasil
Desigualdade social argentina já é quase tão dramática quanto a brasileira. Nos anos 70, quando o economista Edmar Bacha cunhou a expressão "Belíndia" para definir socialmente o Brasil - fusão da pequena e rica Bélgica com a Índia, de grande população e enorme pobreza -, a vizinha Argentina exibia níveis de equilíbrio social admiráveis para o resto da América Latina.
Mas a Argentina, país caracterizado historicamente por uma predominante classe média, entrou num processo de acelerada deterioração social e, abalado por uma recessão que já supera quatro anos, praticamente igualou-se ao desequilíbrio social brasileiro. A Argentina se transformou na "Belíndia" que fala espanhol.
Com base nos coeficientes de Gini, fórmula universalmente adotada para medir desigualdades sociais, a Argentina e o Brasil se apresentam hoje num patamar muito parecido. O índice brasileiro de novembro de 2001 manteve sua tendência de queda, ao fechar em 0,566 ponto. Na Argentina, o índice foi de 0,552, em maio.
O coeficiente de Gini vai de 0 a 1 e reflete a distância entre ricos e pobres. O "zero" representaria uma nação hipotética em que todas as pessoas ganhassem exatamente o mesmo.
No outro extremo, o índice 1 refletiria um lugar, igualmente utópico, em que uma única pessoa detivesse toda a renda nacional.
Na prática, os países mais eqüitativos registram "ginis" na faixa de 0,2; os mais desequilibrados, próximos de 0,7, uma escala real mais curta, de cinco décimos, que ajuda a demonstrar a vantagem argentina mantida há até pouco.
Na década de 80, enquanto o Brasil flutuava em níveis de desequilíbrio entre os piores do planeta (Gini de até 0,64), a Argentina iniciava o processo de perdas a partir de 0,416 - muito próximo da eqüidistância entre ricos e pobres de países desenvolvidos.
Brasil pede controle de instalações nucleares
O Brasil e mais seis países querem que Israel, Índia e Paquistão adiram ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e que coloquem "suas instalações sob salvaguardas abrangentes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)".
A declaração foi assinada pelos chanceleres do Brasil, África do Sul, Egito, México, Nova Zelândia, Irlanda e Suécia, que vão apresentar na ONU projeto para cortes de armas nucleares. O grupo disse que a redução do número de ogivas nucleares entre os Estados Unidos e a Rússia é um passo positivo. Mas observa que não pode ser um substituto "para cortes irreversíveis e para a eliminação total dessas armas."
Retorna a confiança dos investidores na mineração
Apesar do ambiente econômico global desfavorável, a mineração no Brasil vive o melhor dos seus momentos. O minério de ferro puxou as exportações de produtos minerais, que carrearam para o País US$ 5,3 bilhões em 2001. A confiança dos investidores privados resultou em US$ 136 milhões aplicados em pesquisa mineral no ano passado, 30% mais que no ano anterior. E o Brasil passou a figurar na lista dos países mais competitivos do setor no mundo.
Japão quer negociar só alguns produtos
O Japão propôs na Organização Mundial de Comércio (OMC) a eliminação de tarifas para uma série de produtos industriais, que ocorreria em negociações setoriais com países de peso industrial, como o Brasil, segundo fontes japonesas. Tóquio quer eliminar tarifas para carros, bicicletas, bens eletroeletrônicos domésticos, produtos de vidro, cerâmicas diversas, aparelhos fotográficos, relógios e brinquedos.
O Brasil deixou claro que seu plano para melhorar o acesso ao mercado para produtos industriais é outro. Segundo o embaixador Luiz Felipe de Seixas Correa, a negociação deve avançar englobando todos os produtos industriais, sem exceção. A Índia também se opõe ao plano tarifário do governo japonês.
Colunistas
Medo de “default” no risco Brasil
Maria Clara R. M. Prado
O risco Brasil medido pelo índice EMBI do banco JP Morgan fechou ontem em 1.707 pontos-básicos, abaixo dos 1.712 pontos da véspera, mas ainda um nível elevado quando se compara com momentos anteriores de maior estresse da economia brasileira.
O risco Brasil subiu bem menos em 1998, com os efeitos da crise cambial da Rússia e do fundo norte-americano LTCM. Também atingiu nível inferior ao atual na própria crise de desvalorização do real, em janeiro de 1999.
Mais intrigante é que a curva do risco brasileiro está totalmente descolada da média do risco dos demais emergentes.
Os economistas da PUC do Rio Dionísio Dias Carneiro e Sylvio Heck acham que a forte aceleração de março para cá do risco Brasil é, em grande parte, conseqüência das expectativas de "default" da dívida externa, associadas a mudanças no cenário político.
"O que os ‘spreads’ (taxas de risco) dos títulos soberanos brasileiros refletem hoje são praticamente preços de ‘default’", dizem os economistas no trabalho sobre o tema que publicaram na última edição da Carta Galanto.
Na verdade, mais do que desconfianças na futura condução política e econômica do País, aqueles preços deixam clara a total indisposição do mercado em relação aos papéis da dívida soberana brasileira.
No fundo, no fundo, está o medo de que o País não seja capaz d e se financiar no mercado internacional em valor suficiente para rolar os compromissos externos que vão vencer daqui para a frente.
A insegurança quanto à mudança de governo e, por via de conseqüência, com a política econômica a ser praticada a partir de janeiro é uma das pernas daquele desconforto.
Isso não sai do nada.
Carneiro e Heck lembram que, entre as variáveis usadas pelas agências de classificação de risco e solvência da dívida soberana, a do serviço da dívida, ou seja, o risco de "default", é a que aparece em primeiro lugar na lista das prioridades para os "emergentes".
Já era assim em 1979 e voltou a aparecer em 1994, quando se fez uma revisão nos critérios de classificação.
O panorama político subiu da terceira para a segunda prioridade e o panorama econômico caiu da segunda para a terceira prioridade no grupo dos "emergentes".
Pesa, na avaliação da variável do serviço da dívida, o histórico de "bom comportamento" do País, conforme destacam Carneiro e Heck. A reputação, portanto, de um país naquele campo é diretamente dependente de seu comportamento no passado, e o Brasil, como todos sabem, não tem um passado muito limpo nessa área. Portanto, a insegurança política acaba sendo magnificada, no caso das expectativas quanto ao serviço da dívida, em razão das moratórias decretadas em horizonte de tempo não muito longínquo.
Mas há, agora, um outro fator a contribuir para perturbar ainda mais aquela configuração já em si suficientemente perturbadora. É o expressivo enxugamento da liquidez no mercado internacional.
"Um ativo tende a estar tão mais bem precificado quanto maior for a liquidez de seus mercados, que é exatamente o que se perdeu nestes últimos tempos", notam eles.
A conclusão dos economistas é que dois grandes movimentos têm contribuído para o extraordinário aumento verificado nos últimos meses com o "spread" dos papéis da dívida brasileira.
"Em primeiro lugar, temos de fato uma real desconfiança com relação à capacidade de solvência do País, o que pode ser visto pela aceleração do EMBI para o Brasil, em face do EMBI geral, que retrata a média dos ‘spreads’ dos "emergentes", comentam. Em segundo lugar, aparece a forte crise de liquidez internacional, que por si só já tem o efeito de elevar as taxas de juros.
Editorial
O MUNDO DIGITAL DOS NEGÓCIOS
A revolução do mundo digital já toma conta do cotidiano das pessoas e das empresas, seja pelo movimento das contas bancárias e dos cartões de crédito, seja pela música, imagens, telefones, o poderoso mecanismo dos e-mail ou a popularização do uso dos sites, além do novo sistema de votar nas eleições do Brasil. E até alterou a forma de acesso às notícias.
Essas mudanças do uso de som, imagem, dados e informações nesse novo formato têm provocado transformações no relacionamento das pessoas e das empresas, gerando o imenso mercado de serviços e produtos do mundo digital.
Nesse mercado, abre-se mais uma oportunidade de investimentos no Brasil. É a implantação da tecnologia digital no som e imagem, que apresenta uma série de aplicações: transmissão de televisão com definição padrão; TV com alta definição, que disponibiliza ao usuário vídeo com formato de tela larga com qualidade de imagem similar à do cinema; recepção móvel ou portátil, multimídia e interatividade. Há negócios também na produção de conversor de imagem (Unidade Receptora Decodificadora - URD), que tem por finalidade receber e processar sinais digitais para exibir programas em monitor ou aparelho de TV convencional.
Estima-se que tal mercado movimentará, só no Brasil, US$ 100 bilhões em 12 anos. Para se ter uma idéia da amplitude dos negócios, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2001), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), têm aparelho de TV 89% do total de residências no Brasil, perfazendo 41,4 milhões de unidades, com aproximadamente 56 milhões de aparelhos instalados. Não é à toa que tem sido constante a presença no País de representantes dos fabricantes dos três padrões de TV digital existentes: americano (Advanced Television Systems Committee), europeu (Digital Video Broadcasting - Terrestrial) e japonês (Integrated Services Digital Broadcasting - Terrestrial).
Sem falar nas possibilidades de exportação, principalmente para os países da América Latina. O saldo da balança é favorável ao Brasil: em 2001 exportamos US$ 85,5 milhões e importamos US$ 2,3 milhões em aparelhos de TV.
A publicação, na semana passada, do documento que estabelece a política para a adoção da nova TV no Brasil, aprovada pelo presidente da República, a par de definir as medidas tomadas no âmbito do governo sobre o processo de modernização das transmissões, torna oficial a exigência de contrapartidas a serem fornecidas para a escolha do padrão a ser adotado no País.
Esse é um marco na mudança da posição do Brasil, que fez a abertura comercial do seu mercado e, posteriormente, modernizou o setor de telecomunicações sem cobrar contrapartidas dos seus parceiros.
O documento aprovado pela Presidência do Brasil era o ato que faltava para que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) possa concluir o projeto de transição da tecnologia analógica para a digital e também para definir o padrão entre os três existentes
Essa definição, segundo o documento, será precedida da negociação das contrapartidas comerciais, industriais e tecnológicas, que deverá contar "com a participação do Ministério das Comunicações, do Ministério da Fazenda e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, juntamente com a Anatel".
Causa estranheza nessa relação a ausência do Ministério das Relações Exteriores, que é quem negocia, em nome do Brasil, as regras internacionais de comércio. É de esperar que, embora não tenha sido citado, o Itamaraty deverá ser ouvido quanto aos aspectos que regulamentam as transações internacionais.
Esse cuidado é necessário porque na negociação das contrapartidas é possível que ocorra violação às normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), principalmente ao Acordo de Medidas de Investimento ligadas ao Comércio (Trims, sigla do nome em inglês).
Dentro do acordo era permitido atrair investimentos internacionais condicionados a desempenho de exportação, utilização de conteúdo nacional mínimo na produção local, importar com os dólares que ganha na exportação ou estimular o desenvolvimento técnico.
No entanto, na Rodada Uruguai (1986-1994) os Estados Unidos e a União Européia alegaram que essas medidas provocavam distorções nas trocas internacionais, pressionaram a OMC e conseguiram sua proibição, que entrou em vigor em janeiro de 2000. Atualmente Brasil e Índia estão lutando pela volta das medidas do Acordo do Trim.
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09/15/2002
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