VIANA DENUNCIA "GUERRA SANTA" CONTRA MULHERES NO AFEGANISTÃO
Ele lembrou que o governo Fernando Henrique assinou o decreto nº 3.267, no ano passado, contra o regime afegão e a favor da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A ONU, através da resolução, decidiu bloquear os bens dos talibãs no exterior e proibiu o trânsito de aviões do país em qualquer país do mundo.
Tião Viana protestou contra a "guerra santa" dirigida ao sexo feminino pelos islâmicos do taliban. Até a tomada de poder pelo grupo, as mulheres gozavam de relativa liberdade para trabalhar, vestir-se, dirigir e parecer em público sozinhas, disse o senador. No entanto, após a instalação da sharia, código muçulmano tradicional de leis, o quadro mudou radicalmente.
"Banidas do mercado de trabalho, privadas do direito de ir e vir, do direito à educação, à saúde, ao lazer e à justiça, as mulheres e as meninas foram destituídas de todos os direitos humanos básicos, além de serem obrigadas a vestir o buraqa, que é uma vestimenta que as cobre dos pés à cabeça, inclusive o rosto" - protestou Viana -.
Outro aspecto destacado por Tião Viana foi a violência física contra as mulheres, institucionalizada no Afeganistão. Elas podem ser legalmente espancadas, privada ou publicamente, por razões disciplinares, pelos motivos mais reles, como, por exemplo, o ruído dos seus sapatos ao andar, por não estar adequadamente vestidas, por falar com estranhos, pela elevação da voz ao falar ou por andar na ruas sem um mahram ( pai, irmão ou marido). Apesar de afirmar que seu objetivo é estabelecer o "mais puro estado islâmico do mundo", o governo afegão é acusado pelos EUA e pela ONU de manter ligações com o tráfico de drogas e de abrigar o terrorista saudita Osama Bin Landen.
Tião Viana também citou dados da ONU, segundo os quais o Afeganistão responde atualmente por 75% da produção mundial de ópio. Além disso, segundo ele, o órgão internacional de fiscalização de estupefacientes (OICE), que trata do consumo de drogas no mundo, acusa, em seu relatório, o regime islâmico talibã do Afeganistão de "desinteresse em acabar com o cultivo de ópio uma vez que continua arrecadando impostos pela produção e pela elaboração da heroína."
24/11/2000
Agência Senado
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