Candidatos gastarão até R$ 24,8 mi









Candidatos gastarão até R$ 24,8 mi
Apesar de o número de concorrentes ao Piratini ter quase duplicado, a previsão de gastos teve um aumento de apenas 9,35%

Apesar de o número de candidatos ao Palácio Piratini este ano ter quase duplicado em relação a 1998, o teto de gastos nas campanhas para governador declarado pelos partidos ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) teve um aumento real de apenas 9,35% se comparado com o apresentado no último pleito.

Os 13 candidatos ao governo do Estado apresentaram este ano à Justiça Eleitoral uma previsão máxima de gastos de R$ 24,795 milhões. Na eleição passada, os sete candidatos calcularam um limite de gastos de R$ 14,9 milhões (R$ 52,23 milhões, em valores de hoje, atualizados pelo IGP-DI).

Este ano, os orçamentos de campanha para governador oscilam de R$ 15 mil a R$ 5 milhões. Poucos conseguirão gastar o que projetaram. Isso confirma as previsões dos partidos de que este seria um ano difícil para arrecadar fundos. Muitos dos tradicionais financiadores alegam que a crise econômica, agravada pela alta do dólar, impede a destinação de recursos aos candidatos.

O rateio de despesas foi a saída encontrada pelo comando da campanha da Frente Popular (PT-PC do B-PCB-PMN), que até o momento recorre ao chamado Fundo Comum de Campanha – caixinha formada por contribuições entre R$ 2 mil e R$ 17 mil arrecadados junto aos candidatos da aliança – para custear despesas iniciais, como bandeirolas de postes. O PT tem também como fontes de recursos a loja, que representa até 20% da arrecadação da campanha, e a contribuição voluntária dos filiados.

Com exceção da Frente Popular, que com esse fundo conseguiu obter fôlego financeiro para dar a largada na campanha, a choradeira é geral nas siglas e coligações. A maioria dos coordenadores financeiros faz uma previsão sombria sobre a relação dos gastos com a arrecadação de contribuições.

– Nossa campanha será espartana – exagera o coordenador da campanha do PPS, Nelson Proença.

Para enfrentar a falta de recursos, o comitê do candidato a governador Antônio Britto (PPS) foi instalado na sede do próprio partido. Nas viagens ao Interior, uma lojinha itinerante acompanha o candidato para vender adesivos, buttons, canetas e chaveiros e engordar o caixa.

O coordenador da campanha de José Fortunati (PDT), da Frente Trabalhista, Romildo Bolzan Júnior, julga-se o mais prejudicado e afirma que a campanha tem sido muito mais de andar nas ruas do que de distribuir material. Entre os maiores partidos, a declaração de gastos do PDT para governador – teto de R$ 1,9 milhões – foi a mais modesta.

– Somos os mais pobres. Temos a prova dos santinhos, do cartaz, dos adesivos, mas não temos dinheiro para pagar nem mesmo a primeira prestação e, por isso, não mandamos fazer – conta Bolzan.

Percival Puggina, responsável pela campanha do candidato do PPB a governador, Celso Bernardi, chega a dizer que a campanha deverá ser “na base da ação entre amigos”. O coordenador da campanha de Germano Rigotto (PMDB), da aliança União pelo Rio Grande, Alberto Oliveira, afirma que o jeito é cortar gastos.

– A maioria dos funcionários do nosso comitê é de companheiros do partido que não recebem salários. Os remunerados são poucos – destacou Oliveira.


Gráficas querem evitar prejuízos
Ressabiados com campanhas eleitorais passadas, donos de gráficas têm feito de tudo para evitar novos prejuízos.

Nas gavetas das empresas que confeccionam santinhos, cartazes, adesivos, folders e jornais para os candidatos há cheques pré-datados de 1998 e de 2000 que até hoje não foram quitados por partidos ou coligações, causando prejuízos de milhões de reais aos empresários.

Para evitar a repetição de calotes de alguns candidatos ou siglas, as gráficas pedem pelo menos 30% ou até 50% do valor do serviço na hora da encomenda e programam pagamentos para até a data da eleição. Esta é uma determinação da legislação eleitoral deste ano: todas as dívidas de campanha devem ser saldadas até o dia da eleição.

A nova ordem da Justiça Eleitoral caiu como uma luva para proprietários de gráficas como José Mazzarollo, da Gráfica e Editora Comunicação Impressa, de Porto Alegre, que na eleição municipal de 2000 acumulou um prejuízo de cerca de R$ 100 mil.

– Nesse ponto, a legislação está favorável a nós – festeja Mazzarollo, que já atende a pelo menos 15 candidatos.

Apesar da aparente garantia da Lei Eleitoral, o dono da Impresul Gráfica e Fotolito Digital, Angelo Garbarske, toma suas precauções para não perder dinheiro. Ao ser procurado por candidatos ou coligações, exige 30% do valor do serviço de entrada e mais um cheque para até 28 dias. Além disso, analisa o cadastro do emitente, mesmo que se trate de pessoa conhecida. Garbarske já atende a 118 candidatos que disputarão cargos eletivos no dia 6 de outubro.

– Na última eleição tive um prejuízo de R$ 250 mil, apesar de inúmeras tentativas de cobrar em juízo – desabafa o empresário, informando que alguns que não pagaram voltaram à disputa este ano.

Em Rio Grande, a Gráfica Salisgraf, que há 23 anos confecciona material de divulgação para candidatos, já amargou prejuízos. Segundo o proprietário, Lindomar Kuchrski, desde 1998 um candidato que não se elegeu deve cerca de R$ 10 mil à empresa. Mesmo assim, ele prefere confiar nos clientes e parcela a confecção dos santinhos em até três vezes, desde que todo o valor seja quitado antes da eleição.

Somente para a eleição de outubro, a Salisgraf já está atendendo quatro candidatos à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados. Cerca de 4 milhões de santinhos produzidos na empresa devem circular na cidade durante o período eleitoral.

– Calculando um custo de R$ 30 mil por candidato, o prejuízo poderá chegar a R$ 120 mil se eles não pagarem a conta. Confio nos meus clientes e por isso aceito receber em parcelas. Estou produzindo panfletos desde o final de junho e, até agora, não recebi um centavo – conta Kuchrski.


Paulinho se defende de acusações
Candidato a vice de Ciro Gomes teria cobrado comissões em negociações e superfaturado compra de fazenda

O sindicalista Paulo Pereira da Silva (PTB), o Paulinho, candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PPS), disse ontem que as denúncias sobre irregularidades que envolvem seu nome quando ele ainda presidia a Força Sindical fazem parte de uma “armação” do comitê de campanha do candidato do PSDB, José Serra.

– Isso não é de hoje. Eles armaram isso há muito tempo – acusou o dirigente.

A estratégia de atingir os adversários por meio de uma campanha difamatória na imprensa, segundo ele, vem sendo usada pelo candidato tucano desde o início da campanha:
– Ele arrumou muitos inimigos e destruiu toda a base aliada do governo.

Paulinho disse ainda ter conversado ontem, por telefone, com Ciro Gomes. O presidenciável do PPS teria também atribuído as denúncias ao comitê de Serra.

– Ele me falou que é coisa do candidato oficial e que nós não podemos nos abalar com isso.
O dirigente, no entanto, estranhou as afirmações de Ciro de que não terá receio de substituir o vice, caso haja fundamento nas acusações.

– Conversei com ele e ele não me disse nada sobre isso.

O candidato a vice de Ciro Gomes afirmou que advogados da Frente Trabalhista estarão ingressando hoje, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, com um pedido de direito de resposta à revista semanal Época, que publicou as denúncias em sua edição desta semana. Ele acusou o diretor de Redação da revista, Paulo Moreira Leite, de estar a serviço da candidatura de Serra. À Agência Esta do, Moreira Leite disse que não iria rebater a acusação, mas comentou que a reação de Paulinho “era esperada”.

– Quando um candidato não tem como se explicar perante a opinião pública, coloca a culpa na imprensa.

Paulinho analisa com seus advogados se irá ou não depor na sexta-feira sobre as suspeitas de superfaturamento de R$ 1 milhão na compra de uma fazenda no município de Piraju (SP), com recursos do Banco da Terra, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

A compra foi efetuada quando ele presidia a Força Sindical, conforme representação administrativa instaurada pelo Ministério Público Federal.

O advogado Antônio Rozella, que representa o sindicalista, confirmou ontem que Paulinho recebeu na segunda-feira, em Marília, no interior paulista, uma intimação do procurador da República Célio Vieira da Silva, que apura indícios de irregularidades na negociação imobiliária. A informação foi divulgada na última edição da revista Época.

Rozella justificou a possibilidade de não-cumprimento da intimação, afirmando que não teve acesso ao teor da representação administrativa.

– Desde que nós saibamos o que está acontecendo, nós não nos furtaremos aos esclarecimentos – disse.


Ciro apóia seu vice diante de denúncias
Depois de passar duas semanas defendendo de acusações o coordenador de sua campanha, deputado federal José Carlos Martinez (PTB-PR), o presidenciável Ciro Gomes (PPS) teve de estender o apoio ao seu vice, o sindicalista Paulo Pereira da Silva (PTB).

– Confio no Paulinho, eu sei que ele está sendo vítima disso – afirmou Ciro em Fortaleza, onde fez campanha no final de semana.

O presidenciável atribuiu a denúncia aos adversários, sem nomeá-los:
– Fazia parte da nossa estratégia crescer. E quando ase cresce setores tentam agredir, atacar, levantar calúnia – disse o candidato.


PSB pretende substituir desistentes até quarta
Garotinho diz que deserções estaduais não prejudicam campanha

O candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, garantiu sábado que o partido indicará até quarta-feira novos candidatos a governador em São Paulo e na Bahia.
Os representantes da legenda na disputa pelos governos desses Estados – Jacó Bittar, em São Paulo, e Lídice da Mata, na Bahia – desistiram de concorrer.

Garotinho foi lacônico ao comentar na noite de sábado, em São Paulo, a desistência de Lídice, anunciada na quinta-feira e oficializada no sábado. Ela atribuiu a decisão à falta de apoio de Garotinho e acenou com a possibilidade de apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência.

– Isso é assunto encerrado – disse várias vezes o candidato, que participou de um encontro de jovens da Igreja Assembléia de Deus, no bairro de Belenzinho.

As duas desistências, segundo Garotinho, não vão “prejudicar em nada” a campanha.
– Vamos seguir em frente – anunciou.

Embora evite manifestar preocupação com as baixas, Garotinho sempre viu no lançamento de candidatos a governador na maioria dos Estados um antídoto contra adesões informais de diretórios do PSB a Lula. Com essa tática, o partido obrigou seções estaduais tradicionalmente aliadas aos petistas e garantir palanques locais para o presidenciável.

O motivo alegado para a desistência de Bittar, ex-petista que já foi prefeito de Campinas, foi a falta de recursos. Lídice, por sua vez, faz parte da ala do PSB que deseja a retirada da candidatura presidencial e o apoio a Lula, assim como a deputada federal Luíza Erundina (SP).

O ex-governador do Rio falou durante o evento e se declarou vítima de suposta discriminação da imprensa, à qual acusou de utilizar “expediente sujo e covarde”. Garotinho disse que não quer ser o presidente dos evangélicos, mas sim de todos os brasileiros. Acrescentou que deseja ser avaliado pela competência e não pela condição religiosa e disse que não vai negar a sua fé, “como muitos querem”.

Na entrevista, Garotinho ironizou o desempenho eleitoral do candidato governista, o senador José Serra (PSDB-SP), afirmando que ambos estão praticamente empatados, embora o tucano conte com o apoio de 15 governadores, “muito dinheiro para a campanha e muito tempo na TV”.

Em reunião com um grupo de aposentados no Rio, na manhã de ontem, o ex-governador garantiu que, se for eleito, vai rever o valor das aposentadorias. As informações são do site oficial da candidatura.

– Quando for presidente, nenhum aposentado ganhará menos do que aquilo para o que contribuiu. É um absurdo. As pessoas contribuem com uma quantia e a Previdência Social simplesmente não paga na mesma proporção – afirmou Garotinho.

À tarde, a mulher do candidato, Rosinha Matheus (PSB), que disputa o governo do Rio, protagonizou um incidente durante carreata em São Gonçalo (RJ). Gesticulando muito, ela parecia discutir com o marido. Mais tarde, Rosinha disse que tentava organizar a manifestação e desmentiu a irritação.


Relato de desempregado em favela emociona Lula
A história do vendedor de doces Francisco de Assis da Silva, operário desempregado que vive num pequeno barraco de alvenaria da favela do oleoduto da Vila Silvina, em São Bernardo do Campo (SP), levou às lágrimas na manhã de ontem o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Desempregado há nove meses, Francisco, 25 anos, e sua mulher, Leiliane, 19, vendem doces para os moradores da favela na janela do barraco.

– Não fui para o lado da violência porque sou honesto e procuro trabalho, mas está difícil – disse Francisco, sem conter o choro.

Lula recomendou ao casal que procure um centro profissionalizante. Depois, retornou à casa de Francisco e pediu que vá até o comitê do PT hoje para conversar e talvez conseguir um emprego.


Bernardi e Denise estréiam em comício
O candidato se comprometeu a transferir o governo para bairros e vilas duas vezes por semana se for eleito

Vestidos de amarelo, a cor predominante do material de campanha, os candidatos do PPB a governador, Celso Bernardi, e a vice, Denise Kempf, fizeram ontem o primeiro comício para centenas de pessoas no bairro Restinga, em Porto Alegre.

No palanque, atacaram o PT, dançaram e cantaram de mãos dadas a música Querência Amada, de Teixeirinha, pediram o voto dos moradores do bairro – principalmente das mulheres – e foram homenageados com uma apresentação de dança do ventre protagonizada por cinco meninas da Restinga integrantes do grupo 100% Charme.

Em tom de narração de luta livre – esticando as palavras ao máximo –, José Dornelles Pereira, do Movimento Progressista Gaúcho (MPG), anunciava as atrações e agitava a platéia ao chamar Bernardi e Denise para o palco. Depois de uma carreata de quase três horas por bairros e vilas da Capital, os candidatos desceram da carroceria da caminhonete que os conduzia e foram diretamente para o palanque.

Visivelmente empolgado com a recepção dos moradores da Restinga, Bernardi fez um discurso procurando tratar de assuntos que o aproximassem da realidade do bairro, famoso por suas escolas de samba. Falou de Carnaval e do problema habitacional, aproveitando para criticar a administração petista.

– O PT está há 14 anos na prefeitura, mas muitos de vocês ainda moram em casas construídas durante a administração de Villela – provocou Bernardi, puxando pela mão o ex-prefeito da Capital, Guilherme Socias Villela, que foi aplaudido.

O candidato ainda disse em seu discurso que suas prioridades, caso seja eleito governador, serão educação, saúde, empregos e segurança. E voltou a atacar o PT:

– Agradeço a paciência dos policiais militares e civis que estão sofrendo na mão do atual governo. Tudo vai mudar a par tir de janeiro – discursou.

Antes de Bernardi, Denise fez um discurso forte pedindo o apoio das mulheres eleitoras e cantou Querência Amada. A letra da canção fala de mulheres e da história do Rio Grande do Sul. Desde a convenção do PPB a música de Teixeirinha se transformou num hino da campanha dos dois candidatos, e Denise sempre faz questão de cantá-la de mãos dadas com Bernardi, segurando a bandeira do Estado.

– A Denise mulher e mãe de família quer o voto de vocês, dos homens e das mulheres corajosas que carregaram os filhos no ventre e agora participam do processo eleitoral – disse.

Bernardi e Denise chegaram a Porto Alegre às 15h, vindos de Caxias do Sul, onde participaram de um debate com estudantes de Direito da UCS e seguiram para a carreata e para o comício, que ainda teve shows de artistas do bairro Restinga que se prolongaram até o final da noite. Para o primeiro comício do PPB, a segurança no bairro foi reforçada com 32 policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (BOE) e do Destacamento Especial da Restinga (DER).


FH socorre Serra
Presidente almoçou com candidato do PSDB no Alvorada

O presidente Fernando Henrique Cardoso entrou ontem de vez na campanha do tucano José Serra, que vem caindo nas pesquisas eleitorais nas últimas semanas.

Fernando Henrique, que chamou Serra para almoçar no Palácio do Alvorada e afirmou publicamente que o tucano é a melhor opção para assumir a Presidência.

O presidente disse que a economia brasileira enfrenta os reflexos do momento delicado pelo qual passa a economia mundial e que por isso é preciso eleger Serra como seu sucessor:
– Temos de ter um presidente capaz de levar adiante o país. Estamos com Serra como candidato e sem dúvida nenhuma nós vamos ganhar. E a Rita (Camata) vai ajudar bastante nessa briga.

O presidente minimizou o fraco desempenho de Serra nas pesquisas:
– Pesquisa é como câmbio: sobe e desce. Hoje, quem fala espontaneamente o nome do candidato é pouca gente. No horário gratuito, quando aparecem os programas, é que você vai ver quem é confiável, quem realmente diz coisa com coisa, quem blefa, quem promete o que não vai cumprir.
No início da noite, Fernando Henrique voltou a se reunir com Serra. O encontro teve a participação do presidente do PSDB, José Aníbal, do coordenador da campanha, Pimenta da Veiga, e do ex-ministro do Trabalho Francisco Dornelles.

No encontro, ficou estabelecido como estratégia mostrar à opinião pública o que consideram promessas não realizadas dos dois principais adversários de Serra: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (Frente Trabalhista).

– Estão prometendo o que a rigor não podem cumprir. É uma forma de iludir a opinião pública que não vamos permitir – disse o coordenador de campanha na saída do encontro.


Acanhamento de tucano decepciona turistas
Se nos gramados do Palácio da Alvorada o candidato José Serra (PSDB) arrancou elogios do presidente da República, ele não conquistou, no entanto, a simpatia do reduzido grupo de turistas que visitava o ponto turístico da capital federal. Quem viu pela primeira vez de perto o pretendente à sucessão de Fernando Henrique ficou decepcionado com o acanhamento de Serra.

Enquanto Fernando Henrique e a candidata a vice, Rita Camata, confraternizavam com os turistas, Serra ficava calado.

– Ele não é simpático. O presidente veio aqui, a vice também e ele nada. Agora mesmo é que vou votar no Ciro (Gomes): é mais simpático, mais preparado e é nordestino – afirmou o comerciante potiguar Jonas Bezerra, que tem 60 anos e está de férias.

– O Serra pode melhorar com a Rita. Ela é simpática e tem carisma. Ele está de coadjuvante. Não voto nele, nem no Garotinho comentou o professor carioca Ezequiel Mangueira.


Programa prevê redução de déficit
Prestes a sair do forno, o programa de governo do candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, terá como uma de suas metas na área econômica a redução, a médio prazo, do atual déficit de cerca de US$ 18 bilhões em conta corrente.

A soma equivale a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), para entre US$ 10 e US$ 12 bilhões, ou seja, cerca de 2,5% do PIB.

A medida virá acompanhada de um amplo projeto de incentivo às exportações, substituição seletiva de importações e, principalmente, da reforma tributária.

A decisão de reduzir o déficit nas transações em conta corrente consta de um esboço do programa de governo, feito e enviado por Serra há dois meses para seus assessores econômicos. A conta corrente brasileira significa a soma de saldos comerciais de mercadorias e de serviços (que incluiu, entre outros itens, a conta de juros) com as transferências unilaterais, como remessas de dinheiro por imigrantes.

– Precisamos reduzir a necessidade de captação de dólares no Exterior – afirma Luiz Paulo Vellozo Lucas, prefeito de Vitória e um dos coordenadores de estratégia da campanha tucana.
O lançamento do programa de governo é visto pelo comando de campanha de Serra como o principal acontecimento da candidatura antes do início do horário eleitoral gratuito em rádio e TV, no próximo dia 20.

É consenso na cúpula tucana que os índices de Serra subirão com o início da propaganda eletrônica. O candidato do PSDB ocupa hoje o terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência, em empate técnico com o candidato do PSB e ex-governador do Rio, Anthony Garotinho.


Vizinhos revelam manias de presidenciáveis
Os candidatos ao Palácio do Planalto têm hábitos monitorados por observadores privilegiados de seus cotidianos

Do portão de seu prédio, a aposentada Selma Barreto olha com admiração o casal que sobe a Rua Faro, no Jardim Botânico, dividindo sacolas de supermercado. Vizinha de Ciro Gomes e de sua namorada, a atriz Patrícia Pillar, ela diz que o candidato da Frente Trabalhista costuma passar pela rua de bermudas:
– Ele sempre é atencioso com a Patrícia, ajudando-a a carregar as compras – conta.

A s declarações de Selma e de outros vizinhos de candidatos foram publicadas na edição de ontem do jornal O Globo.

O humorista Marcelo Madureira, do programa da Rede Globo Casseta & Planeta, um dos vizinhos que já ensaiou conversas de elevador com Ciro, conta que o candidato não muda a rotina do local.

– Ele e Patrícia são discretos e nem percebemos quando ele está no prédio – diz Madureira.
Ciro não pára em botequim, mas encomenda cervejas e cigarro pelo telefone no Bar Jóia, na esquina da Rua Faro com a Jardim Botânico. No outro quarteirão, costuma passar pela floricultura.

Os porteiros do condomínio Hill House, em São Bernardo do Campo, costumam receber entregadores de pizza à noite. Esse é um dos hábitos do presidenciável petista, morador do prédio. É o atendente Paulo, da Padaria Charlote, distante duas quadras do prédio, que delata a maior preferência gastronômica do petista:
– Lula não vem aqui, mas pede pelo telefone.

Dono do Salão Scala, perto do condomínio Hill House, o cabeleireiro Osmar Gomes Feitosa vê o petista com mais freqüência:
– Essa barba fui eu que fiz – diz, mostrando uma foto de Lula.

Os funcionários do salão revelam outro hábito desconhecido dos eleitores. A manicure Maria Aparecida revela que já chegou a fazer as unhas de Lula.

– Uma vez ele brincou. Como tem um dedo a menos, disse que devia pagar menos – lembra.

Quando deixou o Palácio Laranjeiras e escolheu a ampla casa com piscina na Rua Senador Pedro Velho, no Cosme Velho, para morar, o candidato do PSB, Anthony Garotinho, acabou com a rotina tranqüila da rua. O cineasta Zelito Viana, que mora na rua, estranha o movimento:
– Vejo muitos carros com plásticos do Garotinho quando há r euniões.

Em Campos, onde nasceu, Garotinho é mais popular. Lá, pôs apelido em vários moradores. É o caso do taxista Fernando José, conhecido como Barbudo graças a Garotinho.

Os cachorros dos vizinhos de José Serra, no bairro Alto de Pinheiros, em São Paulo, devem ter horror ao candidato tucano. Serra já contou que usa um apito audível apenas pelos animais, que ficam quase loucos e param de latir. Em Brasília, onde tem um apartamento, Serra é pouco visto.
– Ele sempre chega muito tarde, perto da meia-noite – diz o porteiro Geconise dos Santos.


Prefeito revoga licitação de R$ 35 milhões
Decisão foi tomada um dia depois de o PSDB ter denunciado à Justiça supostas irregularidades em concorrência

Acuado pelo Ministério Público Estadual, que investiga supostas irregularidades em sua gestão e quer sua condenação por improbidade administrativa, o prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci (PT), cancelou um arrojado projeto para a construção de um complexo viário na cidade.

O custo estimado da obra era de R$ 35,07 milhões.

A decisão foi tomada um dia depois que o PSDB denunciou à Justiça supostos “direcionamento e risco de superfaturamento” que poderiam ocorrer a partir de exigências contidas no edital de licitação do empreendimento. Coordenador do programa de governo do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, Palocci evitou, com a revogação do edital, uma polêmica que poderia provocar forte desgaste político e novos problemas judiciais.

Palocci já é réu em ação civil de responsabilidade movida pela Promotoria de Justiça da Cidadania de Ribeirão Preto, que o acusa de ato lesivo ao Tesouro pela contratação sem licitação de um instituto de informática de Curitiba (PR), por R$ 2,99 milhões.

A promotoria requereu a condenação do prefeito à perda da função e suspensão dos direitos políticos por até oito anos.

A denúncia sobre “irregularidades, distorções de quantitativos, vícios conceituais e graves erros técnicos” no texto do edital foi feita dia 11, por meio de ação popular protocolada no Fórum Cível pelo vereador tucano Nicanor Lopes. Opositor de Palocci, ele sustenta que a obra poderia custar entre R$ 17 milhões e R$ 20 milhões, “de acordo com projeto similar lançado no fim de 2000” – gestão do prefeito tucano Luiz Roberto Jabali. Procurado pela imprensa, Palocci não quis se manifestar sobre as denúncias.

No dia 12, alegando “razões de interesse público decorrentes de fato superveniente”, Palocci mandou suspender a concorrência número 10/2002, que visava à contratação de empresa especializada de engenharia para execução das obras da Avenida Contorno Norte, compreendendo serviços de terraplenagem, pavimentação, galerias de águas pluviais, viadutos e serviços complementares.

O despacho de revogação, assinado pelo secretário de Administração, Aparecido de Alencar Moreira, foi publicado no Diário Oficial do município.


Tasso rebate acusações
Cúpula do PSDB critica participação na campanha de Serra

– Eles não querem que eu apóie o Serra, querem que eu rompa com o Ciro – reage o ex-governador do Ceará e candidato ao Senado, Tasso Jereissati, à acusação de ser uma espécie de quinta coluna na campanha do candidato tucano à Presidência, José Serra.

A acusação pode até ser injusta, menos a constatação de que o ex-presidente do PSDB e ex-postulante à vaga de candidato à Presidência pelo partido está hoje numa posição tão desconfortável.

Dentro do comando da campanha de Serra, e até na intimidade do Palácio da Alvorada, o conceito sobre a posição de Tasso nesta campanha é o pior possível, a ponto de os mais exacerbados acharem que o melhor que ele poderia fazer agora seria assumir a candidatura de seu amigo e liderado, Ciro Gomes (PPS). Nesta altura, seria um gesto desnecessário, pois, se não está claro quais os candidatos que vão (se houver) disputar o segundo turno, já está mais do que definido que o candidato de Tasso não será Serra.

O governo, não se sabe através de que instrumento, tem acompanhado com precisão os passos de Tasso na mobilização de apoio político e empresarial para a candidatura Ciro. Os fatos e as cenas de Tasso ao lado de adversários de Serra estão mais do que visíveis no noticiário.

Da mesma forma, o ex-governador não necessita fazer o menor esforço para descobrir a opção do governo pelo seu grupo adversário no Estado, liderado pelo senador Sérgio Machado. Basta ler o Diário Oficial da União. Nessa traição mútua, há que se reconhecer que a posição de Tasso é mais confortável: ele está ao lado de quem sempre esteve com ele. O governo, ao contrário, além de ajudar um ex-inimigo de Serra, o faz, segundo ele, com o dinheiro do contribuinte.

Oficialmente, Tasso vota em Serra, FH entende sua posição e assim as coisas vão sendo conduzidas.

– Passaram a filmar nossa campanha no Ceará. Fiquei chocado e indignado ao saber que câmeras clandestinas estavam filmando nossos comícios. Eu não aceito essas arapongagens – protesta.

Por coerência de posições, a verdade é que Tasso, Ciro, FH e Serra não deveriam estar separados. Tasso endossou todas as críticas de Serra à equipe econômica. Ciro assumiu o Ministério da Fazenda, em momento delicado da candidatura de FH, e desempenhou seu papel com tanta competência que, eleito, o primeiro convite para ser ministro do novo governo foi feito a ele.

A relação de Tasso com FH ficou arranhada quando Ciro disputou sua primeira eleição e teve mais votos que o tucano no Ceará. Com Serra, as coisas começaram a se complicar logo no início do primeiro governo. Tudo por solidariedade a Ciro. Convidado por FH para ser seu ministro da Saúde, Ciro declinou do convite, alegando problemas familiares que o forçavam a passar um tempo no Exterior. Já fora do Brasil, Ciro foi surpreendido com uma auditoria aberta pelo Ministério do Planejamento, comandado por Serra, por ter o Tribunal de Contas da União suspeitado de irregularidades na construção do Canal do Trabalhador. Como o assunto foi divulgado pela imprensa, Ciro indignou-se e pediu a Tasso que entregasse uma carta a FH, na qual dizia que iria ao extremo da reação humana para defender sua honra.


Prefeitos tucanos assumem apoio a Collor
As ameaças do presidente nacional do PSDB, deputado federal José Aníbal (SP), de expulsar tucanos que apoiassem a candidatura do ex-presidente Fernando Collor ao governo nas eleições de outubro, não intimidou os líderes políticos municipais e estaduais de Alagoas.

Dos 32 prefeitos, 11 assumem abertamente que vão votar em Collor para governador, além do deputado estadual Francisco Carvalho. Hoje, nem o presidente do diretório estadual do partido, o senador Teotônio Vilela Filho (AL), consegue conter a febre “collorida” entre os tucanos. Vilela, que, com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), fez uma aliança com o governador Ronaldo Lessa, afirmou, porém, que não vai acatar a recomendação da presidência nacional:
– Não vai sair ninguém do PSDB de Alagoas. Vamos voltar a conversar com os companheiros.

Boa parte dos prefeitos que aderiu à campanha de Collor é das maiores cidades do interior alagoano. O presidente do PSDB tenta contornar a situação, reafirmando que a maioria dos prefeitos do Estado apóia a reeleição de Lessa.

– O PSDB é o partido no Estado que tem o maior número de prefeitos apoiando Ronaldo Lessa – ressalta .

Se Collor vencer o pleito, como indicam as pesquisas eleitorais, Teotônio diz que vai ficar na oposição. O secretário-geral do PSDB estadual, Claudionor Araújo, saiu em defesa dos prefeitos tucanos que aderiram a Collor:
– Antes de expulsar os nossos prefeitos, José Aníbal tem de expulsar o governa dor (do Ceará) Tasso Jereissati, que está apoiando o Ciro Gomes para presidente. O nosso candidato a presidente é José Serra – lembrou Claudionor.

Quem não consegue segurar o rebanho é o senador Renan Calheiros: cinco dos 10 prefeitos estão apoiando abertamente Collor. O ex-governador Manoel Gomes de Barros (PMDB) recusou uma candidatura de deputado estadual para poder apoiá-lo.


Candidato é preso em Roraima
O candidato do PRTB ao governo de Roraima, Carlos Eduardo Levischi, foi preso sábado em Boa Vista. Ele é acusado dos crimes de formação de quadrilha, receptação de carros roubados, falsidade ideológica e falsificação de documentos públicos.

A ordem de prisão partiu da Justiça do Tocantins, onde Levischi possui uma locadora de veículos que supostamente negociava carros roubados em outros Estados.

Sua mulher e sócia na locadora, Ana Christina Coelho Salcides, candidata a deputada federal pelo mesmo partido, também foi detida. O casal foi encaminhado à Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Palmas (TO).

Os acusados e seus advogados não falaram com a imprensa. Segundo a polícia, os carros eram roubados em São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo e desviados para Tocantins. Vinte carros da frota da locadora foram apreendidos.


Artigos

José Fernando Cirne Lima Eichenberg
Paulo Brossard

A morte de José Fernando Cirne Lima Eichenberg, ao cabo de rápida moléstia, mal passaram dois meses de seu diagnóstico, causou consternação profunda. Fazia pouco que ingressara na casa dos 50 anos, o que importa em dizer que tinha a vida pela frente e triunfos a colher, dada a riqueza de sua invulgar personalidade; sem pressa, mas diuturnamente, modelara sua identidade; vencida a fase da formação, abriam-se para ele todas as perspectivas, assim no plano profissional como nos altiplanos da vida pública. Uma companheira exemplar, na doçura e na solidariedade, lhe deu quatro filhos. E tudo, de repente, virou cinza, gerando imensa tristeza em quantos o conheciam e estimavam. O que ficou foi a lembrança de uma rara individualidade, serena, desambiciosa, capaz de largos vôos, incapaz apenas de uma inverdade, mesquinharia, ou deslealdade.

Tive a honra de tê-lo como companheiro de trabalho no Ministério da Justiça; em pouco tempo ocupava o mais alto posto de sua hierarquia administrativa; o posto era complexo e trabalhoso, mas a todos os embaraços superou com galhardia, como se antes não houvesse feito outra coisa senão tratar de assuntos como os que se apresentavam; de todos exigia o que era necessário, dando ele próprio o exemplo de fidelidade e dedicação ao ofício.

Por tudo continuou a crescer na estima de seus amigos e na admiração de seu Estado

Ao transmitir a chefia do ministério, em 19 de janeiro de 1989, agradecendo a colaboração dos meus auxiliares, disse estas palavras: “Quero confessar lisamente que eu não teria conseguido o que logrei fazer não fora a colaboração dos meus auxiliares, aos quais sou profundamente grato. Alguns com mínima vantagem pecuniária, outros sem vantagem alguma, ainda outros com desvantagem real vieram trabalhar comigo. Acredito que todos os que serviram ao ministério nesse período, principalmente os velhos servidores, vão aplaudir a menção que farei. Resumo a colaboração de tantos, graduados e humildes, declinando o nome do mais alto dos funcionários do ministério, José Fernando Cirne Lima Eichenberg (palmas demoradas), trabalhador incansável, capaz de varar uma noite no estudo de um problema ou na manufatura de uma reforma, sensível aos problemas de seus subordinados, aberto à compreensão dos dramas humanos, de uma inteligência aguda e clara, de um caráter adamantino, de uma dedicação exemplar, afeito a assumir responsabilidades plenas no que tange às suas funções e atribuições, fez-se admirado dentro e fora do Ministério da Justiça. Sem favor e sem ser desmedido, credito ao meu companheiro o ambiente que se foi formando no ministério, de cordialidade, de respeito, de liberdade com responsabilidade. Para mim, os dias passados juntos serão sempre lembrados e os meus agradecimentos se renovarão permanentemente pela ajuda recebida, impagável ajuda recebida”.

Para referir-me ao inesquecível companheiro desaparecido, poderia empregar outras palavras, mas preferi as antigas, para com elas reafirmar o que pensava após três anos, menos um mês, de trabalho comum.

Depois disso, aqui chegando, foi logo requisitado a prestar serviços ao Estado. Três vezes secretário de Estado, continuou como sempre, impecavelmente igual, qualquer que fosse o posto.

Tarefa difícil e variada defrontou na segurança, mas as dificuldades serviram para se multiplicassem os empenhos, e os talentos se fossem patenteando, de maneira tranqüila, para não dizer delicada, sem uma bravata ou aspereza, mas firme e seguro. E os louvores à sua operosidade discreta se ouvem em toda parte. São e serão lembrados como padrões de compostura governamental, invariavelmente orientados pelo interesse público e pelo respeito religioso aos direitos do homem comum. Seu nome tornou-se sinônimo de honradez e competência.

Por tudo continuou a crescer na estima dos seus amigos e na admiração de seu Estado. Disso foi testemunha tocante a multidão que, silenciosa e comovida, compareceu ao seu sepultamento. Em todos os setores de sua atuação, familiar, profissional, pública, deixou exemplos benfazejos para amanhã e para sempre. Entre os seus e seus amigos, um grande vazio e uma saudade sem limite.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Bolsas de estudo
Pelos dados do Censo de 2000, o número de estudantes de nível superior no Rio Grande do Sul era de 238,2 mil, em Santa Catarina, 118 mil, e no Paraná, 186,1 mil. O fato mais impressionante é que a grande maioria dos universitários na Região Sul está concentrada nas universidades particulares. No Rio Grande do Sul, a proporção era de 195 mil nas escolas privadas e apenas 43,2 mil nas instituições públicas.

Em Santa Catarina, a proporção era de 83,4 mil para 34,6 mil, e no Paraná, de 102,2 mil para 83,9 mil, respectivamente. A desproporção aumentou. Estudantes pobres e da classe média que buscam o ensino superior esbarram na dificuldade de pagar mensalidades sempre salgadas.

O sistema de crédito educativo, que sofreu muitas mudanças, não conseguiu, apesar do esforço dos parlamentares, resolver o grave problema da democratização do ensino superior. Em Santa Catarina, a situação é menos crítica. O artigo 170 da Constituição Estadual prevê a garantia de benefício financeiro para universitário carente. Neste ano, o orçamento catarinense destinará R$ 23,5 milhões para custear o pagamento das mensalidades de 17,4 mil universitários matriculados em faculdades particulares. O número de alunos inscritos nesse programa foi de 30,6 mil.

Para evitar privilégios e pressões na concessão das bolsas, uma alteração no dispositivo constitucional, proposta pelo governador Esperidião Amin, criou um conselho formado por professores, alunos e comunidade para aprovar a concessão do benefício a quem realmente precisa. Esse programa desestimulou o recurso do crédito educativo, mas o deputado João Mattos (PMDB-SC), que trabalhou com Osvaldo Biolchi (PMDB-RS) no aperfeiçoamento do sistema, estima que 108 mil alunos poderiam ser beneficiados pelo Fies no seu Estado.

O alcance social do que foi feito em Santa Catarina com bolsas de estudo pode ser medido pelo fato de que, enquanto no vizinho Estado são beneficiados 17 mil universitários, a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), inaugurada neste ano, atende 1,5 mil alunos e, quando estiver funcionando a pleno, atenderá 7 mil universitários.


JOSÉ BARRIONUEVO

Agora vai
Finalmente, o p residente Fernando Henrique Cardoso resolveu abraçar a candidatura de José Serra, acompanhado da vice, Rita Camata. O candidato tucano vive seu pior momento, praticamente empatado com Anthony Garotinho (PSB). Além do apoio formal do presidente, Serra espera melhorar seus índices a partir do dia 20, com o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV. Vale lembrar que Garotinho, Ciro e Lula também apostam na maior visibilidade dos últimos e decisivos 45 dias de campanha. Com o ex-governador do Rio sem viabilidade eleitoral, serão três disputando as duas vagas do segundo turno.

Encontro de senadores
Pedro Simon e José Fogaça se encontraram sábado na Universidade de Caxias do Sul como palestrantes do 1º Encontro Gaúcho de Estudantes de Direito. O senador do PPS falou sobre Poder Legislativo e Estado Democrático, e o líder maior do PMDB gaúcho sobre Ética, Direito e Justiça, perante um auditório lotado. Em meio ao terceiro mandato de senador, Simon não disputa esta eleição. Fogaça busca o terceiro mandato consecutivo no Senado, o que foi conquistado apenas por um parlamentar, o ex-senador Daniel Krieger.

Casal precursor do PPS
Coordenadora do plano de governo de Antônio Britto, a ex-deputada Hilda Souza, procuradora aposentada, foi precursora no apoio a Ciro Gomes, tendo presidido o comitê estadual de apoio ao candidato. Foi ela quem organizou os primeiros encontros de Ciro na campanha eleitoral de 1998, quando o candidato não tinha maior expressão eleitoral. Seu marido, Bernardo de Souza, concorria à eleição pelo PSB, no mesmo partido de José Paulo Bisol e Beto Albuquerque, sendo eleito o único deputado da bancada socialista. Deixou o PSB, que faz parte do governo, antes da metade do mandato por discordar dos rumos da administração de Olívio Dutra. Foi o primeiro deputado do PPS, nos tempos em que o partido era nanico, bem antes do ingresso de Antônio Britto e de mais cinco deputados do PMDB.

Mendes pede licença
Mendes Ribeiro se licencia hoje da presidência metropolitana do PMDB para se dedicar integralmente à campanha. Candidato preferencial a deputado federal em dezenas de municípios, não terá tempo – nem isenção – para cuidar da campanha na Capital.
Vice-presidente, candidato a estadual, o vereador Fernando Záchia também se licencia.

Bacci critica tentativa de aliciamento de prefeitos do PDT
O deputado federal Enio Bacci (PDT) condenou mais uma vez no fim de semana a tentativa de aliciamento de prefeitos do PDT promovida por Tarso Genro com o apoio de Sereno Chaise.
– Além de oportunista, é uma atitude antiética, algo ultrajante, sabendo que o PDT tem candidato próprio a governador – reiterou depois de conversar com o prefeito de Espumoso.

Ex-presidente da Comissão de Economia da Câmara e único gaúcho integrante da Mesa do Legislativo, Bacci ataca seu ex-companheiro Sereno Chaise, que teria aproveitado sua condição anterior de presidente regional do PDT para fazer a aproximação.

- Certamente o ex-presidente Sereno Chaise, no afã de agradar a seu patrão, está atropelando. O tiro certamente vai sair pela culatra – avisa.

Bacci entende que esta atitude pode pesar na opção que o partido fará se não chegar ao segundo turno.

Pelo levantamento de Bacci, nenhum prefeito cedeu às pressões. Alerta para a conduta de Tarso, que, na sua avaliação, “apenas repete Olívio Dutra, que usou o PDT para se eleger, cedendo apenas migalhas ao partido no governo”.

Risco de radicalização
A mobilização dos cinco principais candidatos a governador no fim de semana aponta para uma campanha disputadíssima, como é tradição no Estado, que apenas começa a esquentar. Está muito enganado quem imagina que vá assegurar uma diferença folgada no segundo turno. Mais: o tom dos discursos nos roteiros pelo Interior indica que pode haver radicalização no confronto.

Recorde na universidade de SM
Relatório remetido à coluna é a mais potente homenagem ao ex-ministro da Educação Tarso Dutra e ao ex-reitor Mariano da Rocha, grandes artífices da implantação da Universidade Federal de Santa Maria. O atual reitor, Paulo Sarkis, que dá continuidade à obra, revelou em palestra em Porto Alegre, na Sociedade Libanesa, números contundentes: a UFSM está comemorando o recorde de alunos diplomados na graduação. Em 2001, houve 2.142 graduados. A instituição demonstrou também que o índice de evasão caiu para 17%, o mais baixo entre as universidades brasileiras, em que a desistência chega a atingir 40% dos estudantes que ingressam no vestibular.
Além dos aspectos relacionados com a qualidade do ensino, o reitor calcula que a UFSM deixou de desperdiçar US$ 3,2 milhões, considerando que cada aluno representa um custo de US$ 3 mil de investimento público ao ano.

A evasão foi baixando progressivamente: 1997 (38,9%), 1998 (31,9%), 1999 (24,2%), 2000 (22,9%), 2001 (17%). O resultado obtido chamou a atenção do Ministério da Educação, que pretende aproveitar a experiência.

A Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados quer recolher informações da UFSM, experiência que pretende levar a outras universidades federais.

Mirante
• Há poucos dias, um candidato a deputado estadual pelo PT na região das Missões esteve em Bossoroca. Ao argumentar com um eleitor sobre a necessidade de eleger candidatos da terra, ouviu o seguinte: “Não fale isso aqui, porque nós estamos ressabiados com essa história de candidato da terra”.

Bossoroca é a terra natal do governador Olívio Dutra.

• Celso Bernardi, impressionado com a proliferação de propaganda de candidatos do PT em todo o Estado: “Seria uma beleza se o PT tivesse governado o Estado com o mesmo entusiasmo e dedicação com que vem administrando os postes nos últimos dias”.

• Raul Pont não vai aplaudir de pé o empresário José Alencar, contrariando previsão de Lula em sua última visita, quando destacou as virtudes de seu vice, senador pelo PL. O ex-prefeito de Porto Alegre apenas dobra-se à decisão, sem entusiasmo:
– Eu acatei a decisão do diretório. Estou fazendo campanha, mas não mudei minha opinião de que o partido cometeu, por sua maioria, um erro histórico – avisa ex-prefeito.


ROSANE DE OLIVEIRA

Companhias incômodas
Um homem que disputa a Presidência da República com chances reais de chegar ao poder não tem o direito de achar que os negócios privados dos seus aliados não lhe dizem respeito. Ciro Gomes tem dito que não lhe interessa o empréstimo que José Carlos Martinez, presidente do PTB e coordenador da sua campanha, teria feito no início dos anos 90, com Paulo César Farias, o PC.
Um empréstimo de US$ 1,6 milhão não é pouca coisa. Tomado em um banco para comprar uma emissora de televisão seria normal. De qualquer pessoa física fica estranho. Vindo de quem veio, numa época inesquecível para os brasileiros, é nitroglicerina pura – para usar uma expressão que Fernando Collor celebrizou ao saber do romance entre seus então ministros Bernardo Cabral e Zélia Cardoso de Mello.

Martinez chegou a ensaiar o afastamento do comando da campanha de Ciro, mas o próprio candidato o desencorajou dizendo que “seria uma violência” e que não poderia “olhar nos olhos dos amigos” se aceitasse. A permanência de Martinez e a solidariedade de Ciro só fez aumentar o desconforto do senador Roberto Freire, cada dia mais isolado na campanha. As novas companhias do candidato deixam Freire pouco à vontade.

Há seis meses, Freire seria presença certa em um eventual ministério de Ciro. Ninguém falava em ministério porque a estrela em ascensão era Roseana Sarney e Ciro parecia condenado a amargar um dos últimos lugares na disputa. Agora que a pesquisa do Ibope indica vitória num eventual segundo turno com Lula, é impossível fugir das especulações sobre quem governará com Ciro se ele for eleito. O poder estar


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