Cândido protesta contra usina termoelétrica a carvão em Itaguaí



A construção de uma usina termelétrica movida a carvão no município de Itaguaí (RJ) foi qualificada nesta quarta-feira (5) pelo senador Geraldo Cândido (PT-RJ) como um "atentado contra o meio ambiente". Ele conclamou a sociedade a se mobilizar para impedir a construção da usina.

- Trata-se de um investimento de US$ 830 milhões em uma tecnologia obsoleta ao qual está associado a estatal Eletrobrás, a partir da criação de um consórcio que formará a política de preços da energia elétrica para inúmeros consumidores - disse.

Para o senador, não há explicação razoável, dos pontos de vista econômico e ambiental, que justifique a construção de um tipo de usina que coloca em risco o ecossistema de toda uma região. Ele explicou que, em Itaguaí, a termelétrica a carvão afetará diretamente pescadores e agricultores com o impacto de 320 mil toneladas anuais de cinzas que irão para o ar, além de 100 mil toneladas de cinzas pesadas e 500 mil toneladas de lama.

Cândido revelou ainda que estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre os impactos ambientais da usina termelétrica apontou o lançamento diário de aproximadamente 120 toneladas de óxido de enxofre, além de cinco toneladas de particulados e outros poluentes. De acordo com o senador, para produzir 10 mil Gigawatts por ano, a usina consumirá 3,5 milhões de toneladas de carvão importado, 23 mil toneladas de calcário e 2,8 milhões de litros de água doce por hora.

- Se o mesmo projeto fosse apresentado na Itália não seria aprovado, dado o seu impacto ambiental. O equipamento da empresa italiana Enelpower, que será importado para o Brasil, está fabricado e estocado naquele país há anos. Além disso, o estudo de impacto ambiental da usina não apresenta a carga total de lançamento de poluentes e desconsidera os riscos de chuva ácida na região. Questões sérias como as emissões totais de dióxido de carbono não são tratadas, além do impacto cumulativo dos empreendimentos na região e o agravamento de problemas já existentes como o de captação de água doce - assinalou.

O senador lembrou também que dois municípios paranaenses recusaram, através de plebiscito, a mesma usina. Segundo ele, poderosos interesses movimentaram-se para impedir a realização de um plebiscito em Itaguaí. Informou ainda ter sido alterada a Lei Orgânica do município depois de parecer emitido pelo Ministério Público sobre a análise técnica do ELA/RIMA referente à implantação da usina e do relatório da audiência pública realizada na cidade em 11 de maio, apontando 12 pontos obscuros e não esclarecidos.

05/12/2001

Agência Senado


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