Capiberibe: governo deveria investigar contrabando de transgênicos



Ao registrar que o jornal Folha de S. Paulo publicou matéria denunciando que a medida provisória (MP nº 131) editada pelo governo para proibir o comércio de sementes de soja transgênica e limitar seu plantio ao estoque atualmente em poder dos produtores acabou acelerando o comércio da soja geneticamente modificada, o senador João Capiberibe (PSB-AP) opinou nesta terça-feira (21) que o governo, antes da edição da MP, deveria ter investigado como as sementes entraram no país, quem patrocinou esse contrabando e quem financiou o plantio irregular.

Na avaliação do senador pelo Amapá, o governo agiu de forma tardia para tentar estabelecer controles sobre a utilização de sementes geneticamente modificadas. Ele elogiou a decisão da Assembléia Legislativa do Paraná, que aprovou lei estabelecendo controles para que as sementes de soja transgênica não ultrapassem as fronteiras do estado e não contaminem a produção local.

João Capiberibe alertou que a liberação dos transgênicos poderá comprometer o futuro da agricultura brasileira. Ele destacou que, como multinacionais controlam as sementes geneticamente modificadas, o país poderá ficar dependente destas empresas para poder produzir.

- Essa dependência pode começar com a soja, depois com o milho, o arroz... Vamos ficar completamente dependentes não só das sementes, mas também dos agrotóxicos. É que para esse tipo de semente modificada tem que ser utilizado um agrotóxico específico, a que a semente seja resistente. Vamos entregar para as multinacionais a possibilidade do desenvolvimento do agronegócio brasileiro - afirmou João Capiberibe.

Em aparte, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) informou que ainda não tomou uma posição definitiva sobre o assunto transgênicos. Mesmo assim ele manifestou sua preocupação de que a economia brasileira sofra prejuízos se impedir a utilização das sementes geneticamente modificadas.

Já o senador Osmar Dias (PDT-PR) destacou que a liberação dos transgênicos deve estar embasada em prudência e rigor científico, para garantir que não haverá danos para a saúde humana, a saúde animal e o meio ambiente. Ele defendeu que o Congresso tome uma posição definitiva sobre o assunto. Já a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) falou que o Brasil é o principal fornecedor mundial de soja não transgênica e que poderá perder este mercado sem ganhar nada em troca.



21/10/2003

Agência Senado


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