Caravana da Anistia julga processos de grevistas do Polo de Camaçari durante ditadura



Cento e vinte processos de perseguidos e demitidos devido à participação em greve no polo petroquímico de Camaçari (BA) em 1985 serão julgados na 54ª Caravana da Anistia do Ministério da Justiça. A sessão promovida pela Comissão de Anistia será em 29 de fevereiro, em Camaçari a partir das 9h30.

Por terem participado dessa greve histórica, 171 trabalhadores foram demitidos. Embora tivessem o direito de greve assegurado, devido ao período de exceção, muitos foram perseguidos e não conseguiram retornar a seus postos de trabalho depois de participarem do movimento.

Em 1972, o polo de Camaçari foi considerado área de segurança nacional, em decorrência do Decreto Lei 1.225/1972. Por ser um empreendimento estratégico do regime militar, tornou-se alvo da atenção e controle dos órgãos de informação e repressão da ditadura desde o seu planejamento até o final da década de 1980.

Nesta mesma época, o governo intensificou as perseguições contra a categoria petroquímica, começando pelo enfraquecimento dos sindicatos. Demitidos por justa causa, eles sequer puderam entrar no local de trabalho para pegar seus pertences. Os trabalhadores reivindicavam isonomia salarial com os funcionários de outros polos da região Sul e Sudeste.

De acordo com o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, o momento em que o movimento operário se uniu à luta de resistência à ditadura impulsionou, de maneira definitiva, o processo de redemocratização do País.

Estarão presentes na 54ª Caravana da Anistia, além de Abrão, o governador do estado da Bahia, Jaques Wagner; o prefeito da cidade de Camaçari, Luiz Caetano, e o representante do Memorial Pró-Marighella Vive, Carlos Augusto Marighela. Participam como parceiros do evento o Grupo Tortura Nunca Mais da Bahia e o Sindicato dos Químicos (Sindiquímica).

 

Fonte:
Ministério da Justiça



28/02/2012 18:02


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