Caravana da Anistia julga pedidos de reparação em Foz do Iguaçu



A 52ª Caravana da Anistia vai apreciar, nesta sexta-feira (14), sete pedidos de reparação por violações de direitos ocorridas no período de exceção (1946 a 1988), em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. No local onde acontecerá a Caravana, ocorreram ações da Operação Condor, uma aliança político-repressiva entre vários regimes de exceção da América do Sul criada com o objetivo de coordenar a repressão a opositores e eliminar líderes de esquerda instalados nos 6 países do Cone Sul (Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai).

A abertura da sessão de julgamento dos pedidos de anistia, marcada para as 9h30, contará com a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

No dia anterior à sessão, está programado o seminário internacional Repressão e Memória Política no contexto do Cone-Sul, no campus da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Tem participação de acadêmicos e atores governamentais da Argentina, Brasil, Chile e Paraguai, bem como de convidados europeus. É uma oportunidade para contextualizar a repressão brasileira no âmbito regional.

Na avaliação do presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abrão, é necessário conhecer as relações de colaboração que existiram entre as ditaduras do Cone Sul. Entre os convidados do evento está o paraguaio Martín Almada, que descobriu parte dos arquivos da Operação Condor em Assunção. A conferência de abertura da atividade será com o secretário executivo do Instituto de Políticas Públicas em Diretos Humanos do Mercosul, o argentino Victor Abramovich.

Cooperação

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o reitor da Unila, Hélgio Trindade, assinarão um Acordo de Cooperação Técnica para a instalação na Universidade de um Observatório Regional da Justiça de Transição. A criação de observatórios tem o objetivo de garantir a discussão em perspectiva comparada das políticas adotadas pelos estados da região no enfrentamento a seus legados autoritários.

Operação Condor

Durante os anos de repressão da região, diversos opositores políticos buscaram exílio nos países vizinhos, sendo então capturados, presos, executados no exterior, ou levados de volta a seus países de origem de maneira ilegal. Um exemplo dessa situação é a vida de Maria Cristina Castro, uruguaia presa no Brasil em 1971, depois de deixar a família e uma filha em seu país por conta da repressão. Está previsto na programação do Seminário um depoimento de Cristina: “Eu fui separada da minha filha que teve que ficar com os avós e não conheceu seus outros irmãos. Fiquei 12 anos sem ver minha família e, ao voltar a morar no Brasil, segui sendo monitorada pela Abin até 1988, por ser acusada de subversão e ligação com o Partido Comunista”, conta.

Além do depoimento de Cristina, o Seminário contará ainda com depoimentos de Aluízio Palmar, jornalista paranaense perseguido político que radicou-se em Foz do Iguaçu, e de Jan Rocha, cidadã inglesa que foi correspondente da BBC para a América Latina, cobrindo extensivamente a atuação da Operação Condor. Jan foi uma das fundadoras do grupo Clamor, que denunciava violações aos direitos humanos na Região.

Confira os casos a serem julgados pela 52ª Caravana da Anistia no site do Ministério de Justiça.

 

Fonte:
Ministério da Justiça



13/10/2011 20:10


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