CARLOS WILSON: DEPOIMENTO REFORÇA IMAGEM NEGATIVA DA JUSTIÇA DO TRABALHO



O depoimento da juíza classista do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ), Nair Aparecida Guimarães, foi prejudicial à imagem da Justiça do Trabalho, afirmou o senador Carlos Wilson (PSDB-PE), vice-presidente da CPI do Judiciário. Para o senador, a presença da juíza na Comissão demonstrou o despreparo dos juizes classistas.- Por isso que a Justiça do Trabalho é olhada pejorativamente e se fala em extingui-la. O Senado em boa hora decidiu acabar com a figura dos classistas - observou o senador.Nair Guimarães iniciou o seu depoimento colocando-se à disposição dos senadores. No entanto, não foi isso que se viu. Juíza classista desde 1991, indicada pelo Sindicato dos Práticos em Farmácia do Rio de Janeiro, Nair Guimarães disse não ter condições de se lembrar de nenhuma empresa na qual tenha trabalhado. Além disso, depois de ouvir gravação de conversa sua com o jornalista Eduardo Homem de Carvalho, negou a veracidade das gravações. "Não disse o que dizem que eu disse", afirmou sobre a fita que traria declarações suas a respeito da compra de votos de juízes do TRT.Em um trecho, Nair comenta a compra de votos: "Não vou ficar pobre", afirma. Outro traz comentários sobre as relações entre o juiz José Maria de Mello Porto e os juizes classistas. "Ele é muito pelos classistas", expõe a gravação. Nair Aparecida reiterou não ser sua a voz das gravações. Neste momento, foi alertada pelo relator das conseqüências deste ato, caso a perícia a que vem sendo submetida a fita comprove a sua participação. "Se suas afirmações não forem verdadeiras, estará incorrendo em falta gravíssima", afirmou Paulo Souto.Nair Guimarães disse não se lembrar se entrou com ação na Justiça contra o jornalista. "Faz muito tempo e meu pai é quem age por mim". No ano passado, Nair foi nomeada juíza de segunda instância, desta vez indicada pela Federação dos Trabalhadores no Comércio do Rio de Janeiro, presidida por seu pai, Laureano Furtado. Inquirida pelo presidente da CPI, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), a juíza não soube dizer o nome de nenhum de seus empregadores. "Deve constar da carteira de trabalho", afirmou.Os senadores também ouviram o depoimento da ex-juíza classista Ana Telma Wainstock, que admitiu a veracidade das gravações apresentadas por Eduardo Homem. Trecho da fita ouvida no plenário da Comissão contém diálogo entre a juíza e o jornalista, no qual Ana Telma faria comentários sobre o esquema de doações feitas por entidades de classe para o Tribunal.

28/06/1999

Agência Senado


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