Carlos Wilson destaca propostas contra discriminação racial



O senador Carlos Wilson (PTB-PE), primeiro-secretário da Mesa, classificou o projeto do senador José Sarney (PMDB-AP), que estabelece reserva de 20% das vagas em universidades e em empregos públicos para negros, como um avanço nas relações raciais brasileiras. Carlos Wilson destacou também a portaria, baixada pelo ministro do Raul Jungmann, determinando que funcionários negros ocupem 20% dos cargos do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No entanto, ao falar sobre a conferência mundial realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) recentemente em Durban, na África do Sul, onde foram tratadas questões sobre discriminação racial e intolerância, Carlos Wilson afirmou que o Brasil discrimina não só os negros, mas sim os indivíduos pobres em geral.

O senador disse que o modelo português de colonização no Brasil formou uma elite rigorosamente separatista, não em termos raciais, mas sociais. A discriminação no país, na avaliação de Carlos Wilson, é motivada principalmente por razões de caráter econômico.- Desde o século XIX, quando, através de um ato imperial tardio, o Brasil foi o último país a abolir a escravidão, a sociedade brasileira condenou os negros às favelas, à subvida, negando-lhes acesso à educação, à saúde, à escala social - disse.

Carlos Wilson observou ainda que, mesmo depois de inúmeras conquistas, a mulher ainda sofre discriminação nos diversos níveis da sociedade. A democracia brasileira, na opinião do senador, revela sua fragilidade na forma com que trata e discrimina negros, mulheres e principalmente as pessoas pobres.

Ao salientar a necessidade de uma reflexão coletiva sobre a discriminação racial e econômica no país, o senador afirmou que o maior desafio é mobilizar a sociedade no sentido de "assegurar a felicidade a todos os grupos étnicos brasileiros".

06/09/2001

Agência Senado


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