Carlos Wilson diz que governo virou as costas para o Nordeste
Carlos Wilson chamou a atenção especialmente para a situação de calamidade na agricultura exemplificando com o caso do município de Salgueiro no sertão Pernambucano, onde as lavouras de milho, feijão e arroz estão praticamente perdidas. O senador protestou contra medida recente do governo que extinguiu o programa de distribuição de cestas básicas, deixando 447 mil famílias sem alimentos e sem os R$ 15 do programa de Bolsa Renda Alimentação. Segundo Wilson, no início do mês outras 960 mil famílias carentes não receberam cesta básica, sob o argumento de que obteriam outro benefício.
O governo também teria prejudicado a agricultura no Nordeste com o racionamento de energia. Em Neópolis, no estado do Sergipe, os produtores aumentaram a área plantada de 2.800 para 4.800 hectares, mas não puderam fazer irrigação, com os cortes de energia. Carlos Wilson lembrou que já havia tratado da paralisação, ocorrida em razão de irregularidades de 16 grandes obras de irrigação e abastecimento de água do Nordeste. O senador lamentou que as obras já consumiram mais de R$ 700 milhões e não podem ser retomadas enquanto estão sendo investigadas pelo Tribunal de Contas da União.
Para o senador, o governo prefere, em vez de assumir sua responsabilidade na apuração das denúncias, punir o órgão público envolvido, como o fez com a extinção da Sudene, prejudicando mais uma vez o desenvolvimento no Nordeste. De acordo com Carlos Wilson, essas ações evidenciam que o governo não está interessado nos efeitos nocivos das desigualdades regionais. Essa postura do governo ficou clara para o senador, quando Fernando Henrique declarou recentemente que a "questão chave nos países em desenvolvimento não é a distribuição de renda, mas sim a diminuição da pobreza". Em aparte, o senador Valmir Amaral (PMDB-DF) aplaudiu o discurso de Wilson e disse que o Senado deve se empenhar em punir os maus gestores de recursos públicos.
26/12/2001
Agência Senado
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