Carlos Wilson analisa crise energética e diz que o governo não tem compromisso com o Nordeste



Ao analisar o gerenciamento da crise energética brasileira, o senador Carlos Wilson (PTB-PE) disse que algumas das medidas adotadas pelas autoridades levam-no a acreditar que o atual governo não tem qualquer compromisso com os brasileiros do Nordeste. Para o senador, providências como os feriados obrigatórios e o desvio da água existente para lavouras de produtos de exportação não diminuem o sofrimento causado pela seca, revelando incapacidade de planejamento que provoca revolta e inconformismo.

Na opinião do senador por Pernambuco, o governo não poderia ter imposto restrições de consumo de energia iguais para o interior de São Paulo e para o sertão do Nordeste. Ele observou que as dificuldades para cumprir a meta de redução de 20% imposta pela equipe de gerenciamento da crise energética são maiores para os que consomem menos energia. O consumo médio do Nordeste é de 85 quilowatts/hora por mês, enquanto no Sudeste chega a 200 quilowatts. No Sul, a média de consumo é de 160 quilowatts/hora por mês. No Norte e no Centro-Oeste, o consumo médio é de 135 e 115 quilowatts/hora por mês, respectivamente.

- É claro que para um consumidor que possui aparelho de ar condicionado, duas geladeiras, três chuveiros elétricos, freezer, forno de micro-ondas e vários aparelhos de televisão reduzir o consumo de energia elétrica não chega a ser uma tarefa muito complicada. Por outro lado, impor um corte de 20% a uma casa de dois cômodos, duas lâmpadas, um aparelho de televisão e um ferro elétrico é uma maldade - afirmou Carlos Wilson.

Ao invés dos feriados obrigatórios, Carlos Wilson sugeriu que o governo considere outras formas de racionalização, como o reescalonamento dos horários, com a concentração da atividade econômica em um único expediente corrido. "Qualquer coisa que poupe os nordestinos de mais esta humilhação: a de ser condenados ao ócio compulsivo sob pretexto de economia de energia elétrica", argumentou.

Carlos Wilson também desatacou a situação do reservatório de Sobradinho, na Bahia, o maior do Rio São Francisco, que está atualmente com apenas 7% de sua capacidade de armazenamento de água. O pouco volume de água, segundo o senador, tem trazido prejuízos a vários projetos de irrigação. Ele exemplificou que em Petrolina (PE), apenas no perímetro de irrigação Senador Nilo Coelho, as perdas são estimadas em US$ 10 milhões. Na Bahia, acrescentou o senador, estima-se uma redução de até 20% na produção de frutas.

01/11/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Carlos Wilson diz que governo virou as costas para o Nordeste

Antonio Carlos critica governo e culpa FHC por crise energética

Carlos Patrocínio culpa governo pela crise energética

Carlos Wilson diz que o Nordeste precisa de respeito, não de esmolas

CARLOS WILSON COMUNICA SOBRE CASOS DE CÓLERA NO NORDESTE

Carlos Wilson pede informações sobre a Companhia Ferroviária do Nordeste