Carlos Wilson diz que nordestino saqueia porque FHC não age contra a seca
Sem renda, sem água, sem comida e sem o socorro do governo federal, os nordestinos estão encontrando apenas a "resposta radical" das invasões de cidades, dos bloqueios de estradas e dos saques, segundo o senador Carlos Wilson (PPS-PE). Na opinião dele, "felizmente" os sertanejos atingidos pela seca estão articulando-se para obrigar o poder público a tomar alguma iniciativa.
Conterrâneo do falecido poeta João Cabral de Melo Neto, o senador pernambucano observou que a falta de chuvas e a má distribuição da renda e da terra são as mesmas descritas no célebre poema "Morte e Vida Severina", publicado em 1956. O que mudou foi a atitude dos flagelados, hoje dispostos a lutar por cidadania, e não apenas a retirar-se para uma cidade grande em meio ao sofrimento e à morte.
Enquanto os novos severinos lançam seu grito dramático, desprovido de poesia, mas carregado de consciência, o governo federal repete erros – principalmente a demora em descobrir o que já é óbvio para todos, observou o senador. A mais recente dessas descobertas foi a de que "a fome nos estados atingidos pela seca é conseqüência direta da ausência de renda", de acordo com declaração do próprio presidente Fernando Henrique Cardoso citada por Carlos Wilson.
- Não dá para combater a seca com palavras boas e intenções. É preciso materializar ações – disse o senador, lembrando que o programa Sertão Cidadão, cujo objetivo é reforçar a educação e a capacitação rural, não foi detalhado de modo a permitir que medidas concretas sejam adotadas e investimentos, realizados.
As ações de emergência , por seu turno, além de inadequadas são prejudicadas pelo imobilismo da burocracia, entende Carlos Wilson. Segundo ele, o programa bolsa-renda prevê o pagamento de somente R$ 60, mais uma cesta básica, em troca da participação dos beneficiados em cursos de capacitação profissional.
29/06/2001
Agência Senado
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