Casagrande diz que investigação de novas denúncias contra Renan deve ser feita mediante nova representação
Em entrevista à Agência Senado, o senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores do processo por quebra de decoro parlamentar contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética, afirmou na tarde desta segunda-feira (6) ser "perfeitamente possível" que o colegiado investigue as novas denúncias contra o presidente do Senado, publicadas pela revista Veja do último fim-de-semana.
No entanto, para Casagrande, é preferível que o conselho abra um novo procedimento investigatório para apurar a suspeita de que Renan teria utilizado "laranjas" para a compra de um grupo de comunicação em Alagoas. Atualmente, o órgão investiga a denúncia, também veiculada pela Veja, de que o parlamentar teria tido parte de suas despesas pessoais pagas por um lobista.
- Nosso processo está quase no final. A previsão é que o relatório seja votado no conselho no final de agosto e no Plenário do Senado no início de setembro. Se incluirmos essas novas denúncias, vamos atrasar demais o andamento das investigações - disse Casagrande.
De acordo com a nova reportagem da Veja, Renan Calheiros seria uma espécie de "sócio oculto" de uma empresa de comunicação em Alagoas, o que é vedado a parlamentares pela legislação. Para constituir sociedade em duas emissoras de rádio com o usineiro alagoano João Lyra, teria usado "laranjas" e pago R$ 1,3 milhão em dinheiro, parte em dólares. As emissoras valeriam cerca de R$ 2,5 milhões.
Os partidos da oposição já se mobilizam para garantir que as novas denúncias sejam apuradas pelo Conselho de Ética do Senado. O líder do Democratas, senador José Agripino (RN), anunciou em Plenário, nesta segunda-feira, que o partido prepara uma nova representação contra Renan, a ser encaminhada ao Conselho de Ética.
A executiva do PSOL, por sua vez, partido autor da representação que deu início à investigação em andamento, discute em reunião no Rio de Janeiro a possibilidade de propor um aditamento às representações já protocoladas. Além da denúncia de envolvimento do senador Renan com a construtora Mendes Júnior, o partido também protocolou um pedido de investigação que incluía as relações da família Calheiros com a cervejaria Schincariol e suspeitas de grilagem de terras em Alagoas.
Em relação aos novos documentos solicitados ao conselho pela Polícia Federal para a conclusão da perícia que orientará os trabalhos do colegiado, Casagrande esclareceu que eles se referem, especialmente, a recibos e notas fiscais de operações que Renan teria realizado com o frigorífico Mafrial, peça-chave da "nova tese" apresentada pelo senador, nas palavras do relator. Segundo Casagrande, esses documentos já estão sendo providenciados junto a órgãos como a Secretaria de Fazenda de Alagoas, a Agência de Pesquisa Sanitária e a delegacia do Ministério da Agricultura do estado.
O frigorífico Mafrial apareceu nas explicações apresentadas por Renan ao Conselho de Ética para justificar a origem dos recursos utilizados no pagamento de pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha - recursos esses, segundo o parlamentar, advindos de operações de compra e venda de gado, e não da construtora Mendes Júnior - ,após a imprensa informar que empresas com as quais o senador declarou ter negociado não existiam ou funcionavam em situação precária. Renan, então, disse que, na verdade, realizou as operações com o Mafrial, que pode ter repassado a carne a terceiros.
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo da última semana, no entanto, afirmou que o Mafrial não tem autorização para realizar tais operações, mas somente para receber e armazenar as carnes. Também na semana passada, o frigorífico foi assaltado, e, na ocasião, documentos referentes às operações realizadas com o senador Renan teriam sido levados.
Procurador-geral da República
Na avaliação do relator Renato Casagrande, é bastante positiva a atitude do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, que nesta segunda-feira pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito para investigar o presidente do Senado.
- O procurador só faz legitimar a investigação que vem sendo realizada pelo Conselho de Ética. Além disso, essa atitude atende a um pleito do próprio senador Renan, que tem dito que gostaria de ser investigado pelo Ministério Público - disse o relator.
06/08/2007
Agência Senado
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