Casagrande: servidor aponta "indícios muito evidentes" de interferência na condução das investigações



Após o depoimento do ex-secretário-geral adjunto da Mesa, Marcos Santi, ao corregedor do Senado, senador Romeu Tuma (DEM-SP), nesta quarta-feira (29), o senador Renato Casagrande afirmou que, apesar de o consultor legislativo não ter apresentado provas materiais que corroborem suas declarações, há "indícios muito evidentes" de que a Presidência do Senado interferiu na condução das investigações.

- A denúncia do servidor Marcos não faz parte da representação, mas ajuda a formar a convicção de que tivemos forças internas poderosas, vinculadas à Presidência da Casa, interferindo nesse processo - disse.

Marcos Santi entregou seu cargo na noite desta terça-feira (28) após consultores do Senado terem apresentado ao presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), o parecer jurídico que recomendava o voto secreto na votação do relatório final do processo. Além disso, na interpretação dos consultores, já que os demais membros do conselho não exporiam seu voto, os relatores também não poderiam fazê-lo, o que significaria que o relatório não seria conclusivo, mas apenas "descritivo".

Segundo Renato Casagrande, Santi teria afirmado que a orientação do voto secreto e do parecer inconcluso seria mais uma das tentativas de "plantar nulidades no processo para colaborar com a defesa". O servidor também teria alegado que se sentiu "pressionado psicologicamente", o que o levou a entregar o cargo.

Na manhã desta quarta-feira, Marcos Santi foi ouvido informalmente pelo próprio Casagrande e por Marisa Serrano (PSDB-MS), também co-relatora do processo contra Renan. Na ocasião, Casagrande disse que as informações colhidas no encontro com o consultor confirmavam a "gravidade da situação".

- Isso, por si só, já configura quebra de decoro parlamentar, por abuso de prerrogativas asseguradas a parlamentar, previsto no artigo 55 da Constituição federal - afirmou Casagrande.

Já Marisa Serrano disse que o funcionário do Senado vai explicar a lógica que norteou os processos de Renan Calheiros desde o início das investigações, quando o PSOL protocolou a representação solicitando a apuração das primeiras denúncias contra Renan publicadas pela revista Veja. Marcos Santi ingressou no Senado por concurso público para a função de consultor da área de Direito Constitucional.

- Esse desabafo dele [de Marcos Santi] está sedimentado em todas as ações que aconteceram desde o início do processo - afirmou a senadora, ao garantir que em nenhum momento o funcionário fez qualquer referência particular a Renan Calheiros.



29/08/2007

Agência Senado


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