Em artigo, relator rebate críticas à condução das investigações da CPI



Na véspera da apresentação de seu relatório final aos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira, o deputado Odair Cunha (PT-MG) divulgou um artigo rebatendo as críticas de que os trabalhos da CPI avançaram pouco por causa de interesses políticos.

No texto, o deputado afirma que se vive hoje na “era das versões” e não na "era dos fatos". Segundo ele, nesta era das versões, a imagem de que a investigação "não saiu do lugar" se cristaliza, assim como o discurso de que o objetivo da CPI é ofuscar o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da Ação Penal 470 (sobre o esquema conhecido como "Mensalão") ou ir à forra contra inimigos políticos.

O relator se queixa de que, quando o Ministério Público pede à Justiça o bloqueio de bens de investigados, "leva sozinho os louros", ainda que a iniciativa tenha sido articulada com a CPMI, em movimentação ocorrida no período em que a imprensa considerava como paralisados os trabalhos da comissão.

Silêncio

Odair Cunha teme o vazamento de informações e mantém sigilo sobre o relatório a ser apresentado na quarta-feira. A leitura do documento estava marcada para esta terça-feira, mas não houve tempo hábil para impressão de todo o material a ser distribuído aos parlamentares.

O deputado afirma ter analisado 69.694 páginas referentes a sigilos bancários, 11.333 folhas relativas a quebras de sigilo fiscal de 75 pessoas físicas e jurídicas e, ainda, 45.594 páginas de extratos de ligações telefônicas. Somando documentos, planilhas, fotos, vídeos, extratos, áudios e relatórios analíticos, chega-se ao total de 1,1 terabyte de informações recebidas.

Depois de apresentado o relatório, haverá reuniões para leitura, discussão e finalmente votação do documento. Nessa fase, pode haver concessão de vista (prazo para análise) pelo periódo máximo e improrrogável de cinco dias, conforme Regimento Interno do Senado. Poderá haver ainda apresentação de voto em separado por  integrantes da comissão que não concordarem com o relator.

Mais investigações

Os parlamentares insatisfeitos com a condução das investigações já estão finalizando uma representação a ser encaminhada ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pedindo que o Ministério Público vá além do que foi apurado pela CPI.

Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) e os deputados Rubens Bueno (PPS-PR) e Ônix Lorenzoni (DEM-RS) vão pedir, por exemplo, a  quebra dos sigilos bancário e fiscal de 12 empresas consideradas de fachada ligadas à Construtora Delta, bem como o indiciamento do dono da empresa, Fernando Cavendish.

O texto da representação deve ser concluído nesta terça-feira e pode ser alterado posteriormente, dependendo do conteúdo do relatório apresentado por Odair Cunha.



20/11/2012

Agência Senado


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