CCJ APROVA PROJETO QUE REGULAMENTA NOMEAÇÃO DE PARENTES



Com base em relatório do senador José Eduardo Dutra (PT-SE), a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou projeto de lei do senador Roberto Requião (PMDB-PR) que determina que a nomeação de cônjuges, companheiros ou parentes até segundo grau para cargos em comissão seja acompanhada de exposição de motivos assinada pela autoridade responsável pela nomeação. A justificativa deve demonstrar que a formação e a experiência profissional do nomeado são adequados ao cargo.
Apesar de recomendar o voto favorável, Dutra disse que o caminho mais adequado seria a proibição da contratação de parentes, de acordo com projeto do senador Roberto Freire (PPS-PE) aprovado pelo Senado, mas arquivado pela Câmara dos Deputados sob alegação de ser inconstitucional.
- O projeto de lei do senador Requião é uma alternativa criativa, pois pelo menos estabelece regras mais transparentes para a nomeação de parentes. Assim, a opinião pública vai poder tomar conhecimento do ato e se informar sobre a competência do nomeado - afirmou Dutra.
Para o autor do projeto, o mecanismo proposto permite que a nomeação inadequada seja alvo de ação popular ou do Ministério Público. Na sua opinião, a proibição absoluta da nomeação de parentes transformaria o parentesco em algo infamante, o que não seria justo.
O senador Jefferson Péres (PDT-AM) acredita que o projeto, apesar de válido, não tem o poder de impedir abusos, como o caso de parentes que não trabalham e que são indicados apenas para complementar a renda familiar de quem o nomeou.
- Não há como a burocracia controlar isso. Os parentes que trabalham são exceção - disse Jefferson. Ele foi acompanhado por Freire, que ressaltou que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) mantém cláusula em seu regimento interno proibindo a contratação de parentes.
Já o senador José Fogaça (PMDB-RS), apesar de votar favoravelmente, entende que o projeto está incompleto. Para ele, a proposta deveria incluir os requisitos mínimos para preenchimento de cargos em comissão para que a opinião pública possa aferir se a pessoa indicada é adequada ou não para a função.
- O projeto é importante pois permite que a população discuta o nepotismo, o que será possível a partir da publicação da exposição de motivos e das qualidades do indicado - afirmou Requião, concordando com as restrições feitas por Fogaça.

13/09/2000

Agência Senado


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