César Borges: Brasil enfrenta escalada inflacionária



O senador César Borges (PR-BA) disse, nesta quinta-feira (3), que o Brasil enfrenta atualmente uma "escalada inflacionária". Ele lembrou que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas, atingiu em junho a marca de 1,98%, a maior alta mensal registrada por esse indicador nos últimos cinco anos. E também destacou o resultado da pesquisa CNI/Ibope divulgada na segunda-feira (30), que aponta queda de 10 pontos percentuais na confiança dos brasileiros no combate à inflação.

- O fato é que o recrudescimento inflacionário não representa mais uma ameaça, mas, sim, uma realidade - disse ele, acrescentando que a inflação "já está reduzindo o poder aquisitivo da população".

César Borges ressaltou que o IGP-M - calculado a partir dos preços cobrados no atacado, ao consumidor e na construção civil - registrou alta de pouco mais de 13% nos últimos 12 meses. E, ao recordar que os preços no atacado representam 60% do índice, disse que isso "vai ser repassado para o varejo nos próximos meses". Ele lembrou ainda que o IGP-M serve de base para o reajuste de outros itens, como aluguéis e contratos de prestação de serviços. Para o senador, "não é exagero dizer que o Brasil enfrenta o início do ciclo de uma inércia inflacionária".

De acordo com César Borges, há duas explicações para o aumento dos preços. Uma, de origem externa, estaria relacionada à alta internacional dos preços do petróleo e dos alimentos. A outra, de origem doméstica, seria o descompasso entre a elevação da demanda interna (que inclui o consumo das famílias e os gastos públicos) e o crescimento da capacidade produtiva (a oferta da economia), apesar do aumento das importações e dos investimentos das empresas.

O senador frisou que "o governo age corretamente ao adotar algumas medidas e utilizar instrumentos disponíveis no curto prazo". Ele citou como exemplos as decisões na área da política monetária, com os recentes aumentos da taxa básica de juros, e na de política fiscal, com a suspensão da cobrança, até o final do ano, de PIS e Cofins incidentes sobre trigo, farinha de trigo e pão francês.

- No entanto, medidas como a alta das taxas de juros têm baixa eficácia quando a inflação se concentra em itens de consumo essencial - observou.

César Borges argumentou que a política monetária, por si só, tem efeitos restritos sobre o combate à inflação e, por isso, seria necessário "um maior grau de harmonização" com a política fiscal. Ele defendeu a elevação da meta de superávit fiscal, ressaltando que "não se deve descartar a idéia de se perseguir uma meta de déficit nominal zero".

O senador defendeu também as recentes ações do governo federal para beneficiar o setor agropecuário, como a edição da medida provisória (MP 432/08) que trata da renegociação de R$ 75 bilhões em dívidas de produtores, e o anúncio, feito nesta quarta-feira (2), de que o governo vai liberar R$ 78 bilhões em crédito agropecuário para a safra 2008/2009 - desse total, R$ 65 bilhões seriam destinados à agricultura empresarial e R$ 13 bilhões, à agricultura familiar.



03/07/2008

Agência Senado


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