Cientistas brasileiros e americanos criam método mais eficaz de diagnóstico da leucemia
A nova metodologia combina duas técnicas e estará disponível para a população em três ou quatro anos
Pesquisadores brasileiros do Centro de Terapia Celular (CTC) da Universidade de São Paulo (USP) e americanos dos institutos nacionais de Saúde dos Estados Unidos desenvolveram um método mais rápido e preciso de diagnóstico da leucemia e monitoramento da resposta do organismo de quimioterapia.
A leucemia é um câncer que atinge os glóbulos brancos, células do sangue que têm como função o combate e a eliminação de microorganismos estranhos ao organismo. A doença causa o acúmulo de células anormais na medula óssea, que fica na cavidade dos ossos, conhecida popularmente por tutano, local onde são formadas as células sangüíneas.
Atualmente, para o diagnóstico do câncer, são analisadas as alterações estruturais dos cromossomos das células. Com o método antigo, as células são examinadas uma a uma no microscópio, permitindo a análise de apenas 20 delas. A nova metodologia usará o mesmo processo, mas terá capacidade de analisar até 30 mil células em menor tempo.
A novidade é o uso de um aparelho chamado citômetro de fluxo, já usado para fazer exames de glóbulos brancos em pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou com fibrose pulmonar e anemia aplástica. Os pesquisadores combinaram o uso deste aparelho com o método antigo, chamado de fluorescência, para o diagnóstico e monitoramento do câncer de sangue.
Rodrigo Calado, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, que participou da pesquisa diz que a combinação melhora a eficiência do processo. “Combinamos os dois para poder analisar uma grande quantidade de células”, disse Calado.
O pesquisador estima que o novo diagnóstico esteja disponível para a população em três ou quatro anos. “Os laboratórios têm que adaptar o que já existe para poder fazer esse método, e isso leva tempo”. Ele estima que, quando chegar ao mercado, o teste com o novo método custe em torno de R$ 500 por paciente. O desenvolvimento do método levou dois anos de pesquisa.
Vantagens do método
Pesquisadores notaram também que o citômetro de fluxo pode ajudar o médico a observar a resposta ao tratamento do câncer. “Se havia, no começo, 100% de células com alteração no cromossomo e, com o passar do tempo, o número diminuiu para 1%, isso indica que o tratamento está sendo efetivo”, explicou Calado.
O método pode ainda indicar se a quimioterapia possibilitou a cura total do paciente. “Se com o passar do tempo, o paciente, ainda tem 1% de células com alteração cromossômica, isso sugere que o tratamento, embora tenha tido uma resposta, não foi completo. Isso porque ainda há células do câncer presentes em circulação no paciente”, observou.
Participaram do estudo dois cientistas brasileiros do Centro de Terapia Celular (CTC) da Universidade de São Paulo (USP) e mais cinco dos institutos nacionais de Saúde dos Estados Unidos.
Tratamento da Leucemia
Atualmente, crianças e adolescentes portadores de Leucemia Mielóide Crônica (LMC) e Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) contam com algumas opções de tratamento, entre elas, o uso do medicamento Glivec.
O medicamento Glivec é utilizado na forma de comprimido e, desde abril do ano passado, é adquirido de forma centralizada pelo Ministério da Saúde para distribuição, por meio das Secretarias de Saúde, aos hospitais oncológicos públicos ou conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o Glivec é indicado pelos médicos para o tratamento de aproximadamente sete mil pacientes oncológicos (adultos) assistidos pelo SUS.
Este ano, estima-se que surjam, no País, cerca de 11,5 mil novos casos de câncer pediátrico de todos os tipos, incluindo as leucemias Mielóide Crônica (LMC) e Linfoblástica Aguda (LLA). Só em 2011, o Ministério da Saúde destinou cerca de R$ 112 milhões para o tratamento de neoplasias malignas em crianças e adolescentes. Estes recursos representaram cerca de 7% do investimento federal em toda a assistência oncológica pelo SUS.
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Fonte:
Agência Brasil
Instituto Nacional de Câncer
Ministério da Saúde
17/09/2012 14:33
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