Cientistas criam aparelho que facilita acesso a exames oftalmológicos
Atualmente, esse tipo de exame é realizado em aparelhos importados
Na USP de São Carlos cientistas acabam de desenvolver o protótipo de um Campímetro Virtual, aparelho que poderá ser usado num exame chamado campimetria visual, fundamental para o tratamento do glaucoma. Atualmente, esse tipo de exame é realizado em aparelhos importados. Um campímetro convencional chega a ocupar uma sala de cerca de 16 metros quadrados. “Além disso, há o custo do equipamento, que não sai por menos de R$ 70 mil”, afirma o professor Luis Alberto Vieira de Carvalho, do Laboratório de Ótica Oftalmica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC). “Nosso campímetro virtual não custará mais do que R$ 5 mil, além de ser inédito no mundo”, garante o aluno Igor Fernandes, que está implementando o software do sistema. Carvalho, que coordena a equipe responsável pelo desenvolvimento do novo aparelho, explica que o dispositivo é baseado num óculos virtual, ligado a um computador, que emite uma imagem equivalente a uma TV de 40 polegadas a três metros de distância. “Na tela dos óculos, onde há um micro LCD, são projetados pequenos pontos brancos sobre um fundo cinza. À medida que o paciente vai enxergando os pontos, ele pressiona um joystick”, explica o pesquisador. Todas as informações são imediatamente inseridas no software que irá produzir um mapa tridimensional do campo visual da pessoa examinada. “Como o equipamento terá em seu sistema uma série de mapas de pessoas saudáveis, o software fará a comparação e fornecerá um diagnóstico”, diz. Campo visual O campo visual é a região da retina capaz de detectar estímulos luminosos. Em pessoas com saúde perfeita, essa percepção é de aproximadamente 120º a partir do ponto central. “Nosso equipamento chega a medir até 40º do ponto central. Assim, fornecerá diagnósticos que poderão indicar ou não a necessidade de realização de exames mais detalhados em campímetros convencionais”, explica Carvalho. Em casos de glaucoma por exemplo, que atinge principalmente pessoas acima de 60 anos, este instrumento poderia ser útil numa indicação de casos já adiantados. Mas Carvalho avisa que o campímetro virtual não irá substituir o convencional, mas que será uma importante ferramenta de apoio aos oftalmologistas. Além do glaucoma, outras doenças podem afetar o campo visual, como a degeneração macular senil e o diabetes. Essas moléstias podem criar ilhas de falha de visão denominadas escotomas, ou os chamados “pontos cegos”, no campo visual que também poderão ser detectados pelo campímetro virtual. Ganho social O professor destaca que além da tecnologia há o aspecto social. “O equipamento, que é totalmente portátil, pode ser adaptado a um laptop. Assim, o médico poderá aplicar o exame em locais distantes e até mesmo de difícil acesso, num tempo médio de 20 minutos”, comemora Carvalho. Segundo ele, em um ano poderão estar disponíveis no mercado os primeiros aparelhos. “Estamos trabalhando agora no sistema de software”, diz. Além disso, o sistema deverá passar por outros testes, bem como ser aferido em uma base considerável de pacientes. Em seis meses os pesquisadores pretendem disponibilizar quatro aparelhos, sendo dois no Hospital Albert Eistein, em São Paulo, e outros dois na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A equipe coordenada pelo professor Carvalho é formada pelos professores Sérgio Paesek Parsekian, Elizeu Ramos e pelo aluno de engenharia da computação Igor Quadros.
Por Antonio Carlos Quinto, da Agência USP de Notícias
(C.C.)
09/24/2007
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