Ciro se encontra com presidente do Banco Central
Ciro se encontra com presidente do Banco Central
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, afirmou ter se encontrado anteontem com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Segundo ele, a reunião foi ""agradável".
"Dr. Armínio disse que está procurando os candidatos ou assessores para um pouco esclarecer, em fonte primária, o que eles estão fazendo, o que está acontecendo, trocar números, colocar-se a disposição para informações", limitou-se a dizer.
Antes de Ciro, Fraga já se reunira com o presidente do PSDB, José Aníbal, e com o deputado Aloizio Mercadante, um dos principais assessores econômicos do PT.
A assessoria de imprensa do BC confirmou o encontro, mas não deu maiores informações a respeito.
Empresário faz apologia do que o sufoca, diz Ciro à Fiesp
Candidato faz críticas a setor ao lado de presidente da entidade
Apesar do discurso marcado pelo esforço em parecer palatável, o candidato do PPS ao Planalto, Ciro Gomes, criticou ontem o empresariado durante palestra na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), dizendo que o setor tem feito ""apologia da ideologia que o sufoca".
""Acho que o empresariado brasileiro aceitou o que não deveria ter aceito. Pior, fez apologia da ideologia que lhe sufoca", disse, após concordar com a afirmação de que o empresariado nacional seria ""passivo demais".
A declaração foi feita ao lado do presidente da entidade, Horacio Lafer Piva, em entrevista concedida após palestra feita pelo presidenciável a 370 pessoas.
""Não se pode dizer que não há interesse em ouvir o nosso candidato", declarou Piva em sua apresentação do encontro, diante da platéia que se aglomerava em pé no auditório. Segundo a assessoria da Fiesp, na apresentação feita pelo candidato do PPS, Anthony Garotinho, apenas uma sala de 166 lugares foi ocupada.
Como de costume, Ciro criticou o setor financeiro e disse que a área produtiva tem se rendido à lógica desse sistema.
A contradição entre agradar ao público e manter a coerência programática foi o que caracterizou a participação do candidato no ciclo de debates com presidenciáveis patrocinado pela entidade.
Um reflexo da contraste existente em sua própria candidatura, que busca ser de oposição ao mesmo tempo em que tenta angariar votos entre os eleitores que não desaprovam totalmente o governo Fernando Henrique Cardoso.
Em pouco mais de uma hora de exposição, Ciro falou de suas propostas, defendeu-se de acusações e criticou o governo. Chegou a afirmar que FHC fez a ele um apelo ""patético" para que assumisse o Ministério da Fazenda, argumentando que a equipe econômica só permaneceria na pasta caso fosse ele o indicado para o cargo.
Continuou no ataque ao dizer que o país ""frequenta a iminência" de uma crise cambial.
Mesmo com as críticas ao governo, repetiu à exaustão ter sido ministro da Fazenda. Com o devido destaque ao fato de ter assumido, disse, em um momento de crise que ameaçava o Plano Real. ""Fiz o meu dever", completou, no tom de ""salvador da pátria" que costuma desqualificar.
Voluntarismo
Fez ainda questão de ressaltar todas as suas demais experiências administrativas e de negar o caráter voluntarioso que atribuem à sua personalidade. ""Ao contrário da lenda, não faço o menor gênero voluntarista. Prefiro que outro seja eleito do que me eleger alimentando falsa ilusões."
A todo momento reiterava não querer parecer ""arrogante" diante de algumas afirmações. Mas não conteve críticas ao modelo atual e à globalização e defendeu políticas contrárias aos interesses da maioria do empresariado. Entre elas, uma ""malha de proteção ao trabalhador" e um imposto sobre propriedades e heranças de ""alíquota moderada".
Provocado por Piva, Ciro, que foi aplaudido várias vezes por parte da platéia -a maioria delas depois de fazer piadas-, sugeriu a realização de plebiscitos e de referendos em momentos de impasses pontuais e também de eleições antecipadas em casos de ""impasses centrais", exemplificados por ele como situações de impeachment e renúncia.
O candidato também defendeu uma política de subsídios, quando necessários, a retaliação a países que restrinjam as exportações brasileiras e estimou a necessidade de crescimento do país em 5% ao ano. Ressaltou o que disse considerar uma incongruência da Constituição, que, defensora do social, adotou um atitude ""cruel" em seu capítulo econômico.
Depois de Piva ter manifestado a vontade do empresariado de ver mantidas algumas conquistas do atual governo, o presidenciável também assumiu compromissos.
Prometeu, ao ser questionado sobre as metas gerais de seu eventual mandato, respeito às leis e aos contratos, à estabilidade da moeda -""que ajudei a fazer"-, à responsabilidade fiscal e a ""uma compreensão que não desintegra o Brasil da economia mundial".
Referindo-se à platéia como ""meus compatriotas", disse, ao final do encontro, que chegou ""tenso" à reunião, mas que acabou se sentindo à vontade. ""Encontrei patriotas que, independentemente de serem partidários da nossa proposta, têm espírito público."
Pela primeira vez, foi acompanhado pelo filósofo Roberto Mangabeira Unger, coordenador-geral de seu programa de governo.
Petista recebe apoio de governador do PMDB
O PT usou a cerimônia do lançamento do programa de governo do candidato Luiz Inácio Lula da Silva para mostrar que tem apoio de segmentos distintos da sociedade e de diversos partidos, inclusive da base governista.
Além dos partidos que compõem a coligação -PT, PC do B, PL, PMN e PCB-, o PMDB estava representado pelo governador da Paraíba, Roberto Paulino, e por congressistas de Tocantins.
"Estamos dando uma prova de que não adianta ameaças e coações porque somos livres e independentes. Lula, vou votar em você. Vamos trabalhar. Falo em nome da corajosa Paraíba", discursou Paulino.
O governador de Minas Gerais, Itamar Franco, enviou Marcelo Rezende, do Instituto de Terras do Estado para representá-lo.
O partido também procurou acentuar que tem o verdadeiro candidato de oposição, na semana em que o candidato Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT), se reafirma em segundo lugar nas pesquisas.
A prefeita Marta Suplicy (SP) fez a referência indireta ao candidato Ciro Gomes ao discursar em defesa dos direitos da mulher. "Não é a mera utilização da figura da mulher como cabo eleitoral para conquistar a simpatia dos eleitores o que traduz esse progresso [da mulher na sociedade"", disse Marta. Ciro tem viajado pelo país em companhia da atriz Partrícia Pillar, sua namorada.
Parte do discurso de 40 minutos de Lula foi para criticar o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. "[O governo" não combateu a pobreza que atinge 53 milhões de brasileiros, não enfrentou o desemprego, que em 2000 já atingia 11,4 milhões de trabalhadores. Não foi capaz de diminuir a corrupção nem o crime organizado."
Além de Lula, outros petistas que discursaram reafirmaram a marca do PT como partido de oposição. O presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), citou oposicionistas históricos, muitos mortos pela repressão militar, ao dizer que o programa do partido foi construído também por eles.
A cerimônia tinha um clima de festa. Cristovam Buarque, ex-governador do Distrito Federal, e a senadora Marina Silva (PT-AC) fizeram o papel de mestres de cerimônia, anunciando os presentes. Cristovam saudou Lula como o "estadista operário". Marina chamou o candidato de a "esperança do Brasil".
Mostrando pluralidade, a senadora anunciou a presença de representantes da Igreja Católica, da muçulmana, da judaica, de protestantes e do candomblé. Citou atores presentes e grupos de hip-hop. "Temos de viver em um mundo que tenha tolerância", afirmou a senadora.
Além das apresentações da senadora, Lula começou o discurso agradecendo a presença dos religiosos e de empresários presentes, como Armando Monteiro Filho, de Pernambuco, e Antônio Trevisan, da área de consultoria.
PT "limpou" programa de ideologia, diz estudo
O quarto programa de governo do PT para a Presidência, desde a estréia de Luiz Inácio Lula da Silva em 1989, chegou ao ápice da desideologização do discurso do partido. Não cita nem sequer uma vez a palavra socialismo, palavra de ordem no primeiro programa, de 1989, e citada já poucas vezes no de 1994 e 1998.
"O programa de 2002 é claramente da defesa de um capitalismo humanizado", afirmou o sociólogo Oswaldo Amaral, que defenderá na PUC-SP, no final de agosto, a monografia de mestrado "As Mudanças no PT: Um Estudo dos Programas de Governo de 1989 e 1998".
Um trecho curioso encontrado no programa de 1989 certamente daria mais calafrios no mercado do que a frase "ruptura do atual modelo econômico" das diretrizes de 2002, que foi banida do programa lançado ontem.
O trecho: "Não se salva uma árvore cortando os frutos amargos. É preciso vir às causas, à raiz da árvore. Dentro do sistema capitalista, estamos condenados a ser uma nação periférica e marginal, fornecedora de mão-de-obra barata (...) de juros aos banqueiros internacionais (...). Só através do socialismo haverá condições de deter a sangria dos recursos impostos ao Brasil pelos países ricos."
Em entrevista ao sociólogo, o diretor do Instituto de Cidadania (responsável pelo programa atual), Paulo Vannuchi, justificou a fuga das "ideologias de berço" do PT dizendo: "Na hora em que você vai falar para milhões de brasileiros, você não pode ficar discutindo se vai ser capitalismo ou socialismo. Você tem de dizer é que vai ter escola, sapato etc."
Para Amaral, essa "flexibilização ideológica" conquistada pelo PT ao longo dos últimos 22 anos de existência- traduzida nos programas- é baseada em uma ampliação da base eleitoral e das experiências administrativas do partido
A monografia tem 130 páginas e faz ainda paralelo do programa de governo do PT em 1998 com o programa tucano da reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Campanha de Lula sacrifica petistas históricos
A imagem do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na inauguração do comitê dos peemedebistas Orestes Quércia, candidato ao Senado, e Fernando Morais, que disputa o governo de São Paulo, é a materialização do preço que o partido está disposto a pagar em nome da eleição nacional, que inclui até o sacrifício de lideranças petistas históricas.
A presença de Lula impulsiona a candidatura de Quércia -que está em segundo lugar de acordo com o último Datafolha, com 42%, e bate o petista Aloizio Mercadante, com 22%, numa corrida ao Senado liderada por Romeu Tuma (PFL), com 55%.
Ajuda o peemedebista Morais, mesmo que setores petistas avaliem sua candidatura como mero trampolim no horário eleitoral gratuito em favor de Quércia.
No Datafolha, Morais tem 2%, contra 9% do petista José Genoino, que está em terceiro na disputa estadual, atrás de Paulo Maluf (PPB), com 43%, e de Geraldo Alckmin (PSDB), com 25%.
Formalmente, tanto Mercadante quanto Genoino afirmam concordar com a estratégia até aqui. "Achei a presença de Lula na inauguração do comitê do PMDB absolutamente normal. Quanto mais apoio ao Lula, melhor para minha candidatura, beneficiada pela maior identidade entre nossos nomes", avalia Genoino.
A situação é pior para Mercadante, que tem em Quércia o principal adversário para obter uma das duas vagas ao Senado.
O diretório estadual do PT de São Paulo autorizou em 28 de maio uma coligação branca com Quércia. Foi o encerramento de uma negociação que resultou no sepultamento do lançamento da candidatura do vereador José Eduardo Cardozo ao Senado, formando dupla com Mercadante.
O caso de São Paulo talvez seja o mais emblemático envolve um antigo adversário ardoroso e dois dos fundadores e principais nomes históricos da legenda petista-, mas não é o único.
Lula se aproximou de Quércia na tentativa de trazer o PMDB como aliado formal. O ex-governador paulista controla uma das quatro seções do partido que estavam mais próximas do PT do que da candidatura de José Serra (PSDB) - as outras são Ceará, Goiás e Minas Gerais, comandados por Paes de Andrade, Maguito Vilela e Newton Cardoso.
Em nome da política de alianças nacionais, Lula tem apelado "ao espírito de homens de partido". Por exemplo, na Paraíba, o candidato petista Avenzoar Arruda está em segundo plano, já que o governador Roberto Paulino (PMDB) apóia Lula e tenta sua reeleição.
Em Minas, Nilmário Miranda (PT) sofre, como cabo eleitoral de Lula, a concorrência de Newton Cardoso, candidato do PMDB ao governo, e de Itamar Franco, que apóia o tucano Aécio Neves. Em Goiás, a petista Marina Sant'anna perde espaço para Maguito e também para o governador Marconi Perillo (PSDB), que tem parte do secretariado em campanha para a chapa Lula/Marconi.
Governo corta R$ 4 bi, mas favorece parlamentares
Saúde e Avança Brasil perdem recursos; Esportes ganha mais verba
A menos de três meses das eleições, o governo anunciou ontem um corte de gastos de R$ 4 bilhões que reduziu as verbas da maioria dos ministérios, mas aumentou os recursos de pastas como a de Integração Nacional, o de Esporte e Turismo e a de Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano, que concentram as emendas dos congressistas.
As áreas mais atingidas pelo corte de verbas foram os programas estratégicos do Avança Brasil e os ministérios das Comunicações e da Fazenda.
O secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, afirmou que houve "alteração na composição dos gastos" com a revisão de despesas divulgada ontem.
O Ministério da Integração Nacional, que desenvolve programas de irrigação e infra-estrutura, foi o mais favorecido na redistribuição de recursos, com aumento de 146% no limite de gastos (R$ 418 milhões).
A Presidência da República, as agências reguladoras e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano tiveram um acréscimo de 111% (R$ 319 milhões) nas suas receitas. A secretaria financia pequenas obras de infra-estrutura, saneamento básico e habitação popular, justamente as que mais interessam aos congressistas.
Apoio político
A liberação de recursos para a realização dessas obras assegura o apoio de prefeitos na campanha de reeleição dos congressistas. Deputados e senadores costumam participar das inaugurações dessas obras.
O limite de gastos do Ministério do Esporte e do Turismo foi aumentado em 41%. O interesse de deputados e senadores nesse ministério está localizado no programa de construção de quadras esportivas.
O Ministério da Saúde sofreu um corte de R$ 453 milhões, que representa 2% do orçamento da pasta. O corte do Ministério da Defesa chega a 13% do total, que equivale a R$ 506 milhões.
Em maio, o governo havia bloqueado R$ 6,3 bilhões de recursos que os ministérios poderiam gastar até o final do ano. O argumento foi a demora na aprovação pelo Congresso da emenda que prorrogava a CPMF (imposto sobre o cheque), o que causaria perda de arrecadação para a União.
Guardia explicou ontem que, apesar de a CPMF ter sido aprovada sem a necessidade de noventena -prazo de três meses para início da cobrança da contribuição, a maior parte do bloqueio precisou ser convertida no corte definitivo de R$ 4 bilhões.
O Executivo também recomendará ao Legislativo, ao Judiciário e ao Ministério Público da União corte de despesas de R$ 51,3 milhões. Desse total, R$ 41,4 milhões devem ser cortados somente no Judiciário.
"Esse corte não tem um impacto tão grande na economia, mas demonstr a o nosso compromisso com as metas fiscais, o que pode assegurar uma trajetória declinante dos juros", justificou Eduardo Guardia.
Juros
O governo federal precisou cortar gastos para assegurar a obtenção de superávit primário (economia de gastos para pagamento de juros da dívida pública) de 3,75% neste ano.
A medida foi necessária porque a equipe econômica reavaliou as receitas e despesas do governo e verificou aumento dos gastos e queda na previsão de arrecadação para 2002.
Do corte definitivo anunciado ontem, R$ 1,5 bilhão já tinha sido divulgado pelo governo na época do bloqueio de recursos por conta de aumento de despesa com a folha de pagamento dos funcionários públicos e o crescimento do déficit previdenciário.
Governo usa FAT para criar empregos
FHC anunciou pacote de R$ 7,2 bilhões; metade sai neste ano
O governo lançou ontem um pacote de empréstimos com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Serão liberados R$ 7,2 bilhões, sendo R$ 3,6 bilhões neste ano. O objetivo é gerar novos empregos, o que pode melhorar a imagem do governo num ano eleitoral e ajudar o candidato tucano José Serra.
As medidas foram anunciadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, o que não acontece normalmente. "Tem momentos em que precisamos manter viva a capacidade de tomar decisões que permitam a continuidade da atividade econômica", disse.
FHC afirmou que essas medidas "podem ativar o emprego e melhorar as condições de vida, sobretudo dos pequenos e micro empreendedores e dos trabalhadores nessas áreas".
O momento é ruim tanto para a economia, devido aos sinais de desaceleração e aumento da taxa de desemprego, como para o candidato do governo à Presidência da República, José Serra, que perdeu o segundo lugar nas pesquisas para Ciro Gomes (PPS).
O ministro Paulo Jobim (Trabalho) negou que a decisão de FHC de anunciar pessoalmente as medidas, tomadas em reunião do Codefat (Conselho Deliberativo do FAT), tenha caráter eleitoral. "Como as propostas do Ministério do Trabalho foram aprovadas, o presidente se sentiu estimulado a anunciar pessoalmente", disse.
O Codefat é formado por representantes do governo, de centrais sindicais e de entidades empresariais. Normalmente, as decisões são anunciadas com discrição pelos próprios membros do conselho, após a reunião, nos corredores do Ministério do Trabalho.
Segundo Jobim, com os recursos, serão criados ou mantidos 4 milhões de empregos até 2003.
O programa que recebeu a maior quantidade de recursos foi o Pró-Emprego 3. Ao todo, são R$ 4,5 bilhões em três anos -R$ 1,5 bilhão por ano, a partir deste. Os recursos, R$ 1 bilhão a mais do que nos dois último Pró-emprego (1999-2001), serão repassados pelo BNDES para empresas que decidam investir em infra-estrutura nos setores de energia, transportes, saneamento e turismo.
O Codefat aprovou também a criação de uma linha de microcrédito, com recursos de R$ 1 bilhão. Além dos bancos oficiais, os recursos dessa linha serão repassados por agentes de crédito (sindicatos e associações de moradores, por exemplo).
O Proger -linha de crédito para micro e pequenas empresas- foi modificado para que os empresários possam ter mais recursos para capital de giro. Os novos recursos são de R$ 1 bilhão.
A quantidade de empresas que pode pegar os empréstimos aumentará, porque agora serão consideradas micro ou pequenas empresas as que têm faturamento de até R$ 3 milhões. Antes, o limite era de R$ 1,2 milhão. O teto dos financiamentos do Proger subiu de R$ 50 mil para R$ 100 mil. O Proger rural também foi modificado e terá mais R$ 700 milhões.
Artigos
O risco Morgan
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - Tudo bem que brasileiro continue adorando as miçangas dos colonizadores, século e pico depois da Independência.
Mas não é demais continuar levando a sério o tal índice de risco-país, elaborado pelo conglomerado financeiro JP Morgan (que, aliás, rebaixou ontem a nota do Brasil)?
Como é que alguém pode considerar o Morgan capaz de medir o risco de quem quer que seja, se se atolou no caso Enron até o pescoço? Enfiou, junto com o Citigroup, US$ 8,5 bilhões em uma companhia especializada em fraudar a contabilidade e não se deu conta.
Se não é capaz de perceber o risco que corre sua grana em uma companhia do próprio país em que tem sua sede, como confiar nas avaliações de risco que faz sobre países mais ou menos remotos como o Brasil?
Não é tudo: agora, o Congresso dos Estados Unidos investiga indícios poderosos de que o JP Morgan não foi só vítima, mas também co-partícipe das fraudes da Enron (junto, de novo, com o Citigroup, que, aliás, continua funcionando até hoje como uma espécie de guru sobre a dívida externa de países como o Brasil).
Resumo da ópera: uma companhia que não vê o risco passando junto ao seu nariz e/ou participa do trambique que põe em risco o dinheiro de milhões de pessoas continua sendo confiável, para muita gente, como capaz de dizer que país é mais ou menos arriscado para investir.
Seria ridículo, não fosse trágico.
Aliás, é formidável a capacidade de se deixar enganar que têm as instituições que mais velam pela sacralidade do mercado, como o tal de FMI (Fundo Monetário Internacional).
Carlos Saúl Menem, como presidente da Argentina, recebia tapete vermelho do Fundo. Agora, tem que explicar a sua participação no esquema para encobrir um atentado em Buenos Aires, para o que teria embolsado US$ 10 milhões.
Colunistas
PAINEL
Em defesa da biografia
FHC relatou a interlocutores que prefere Lula a Ciro num eventual segundo turno sem a presença de Serra. Para o presidente, apesar de o PTB dizer que não, o ex-tucano fará de tudo para desgastar sua imagem, caso chegue lá. Com o PT no Planalto não haveria "vingança".
Zeca do FHC
O governador Zeca do PT (MS) diz que combinou com FHC: se Lula não for para o segundo turno, vai votar em Serra.
Pagar para ver
Apesar do crescimento de Ciro, Lula não mudará sua estratégia de campanha a fim de centrar fogo no candidato do PPS. Ao menos por enquanto. O petista acha que a posição de Ciro nas pesquisas ainda não está consolidada. Seria uma espécie de moda. Que pode passar.
Tropa de choque
Serra pediu aos deputados José Aníbal (SP) e Jutahy Júnior (BA) que ataquem Ciro diariamente. Dois serão os motes dos tucanos: desqualificar o programa de governo do presidenciável do PPS e criticar as alianças com setores do PTB e do PFL.
Acharam a culpada
Tucanos já reclamam da atuação de Rita Camata (PMDB), a quem chamam, maldosamente, de a "Paquita" do Serra. Dizem que a candidata a vice, ao contrário de Patrícia Pillar, não consegue atrair muitos votos para a campanha presidencial.
Prioridade em anexo
O líder indígena Aguinaldo Pataxó, da Bahia, fez um discurso que emocionou Lula, ontem, no lançamento do programa de governo do presidenciável petista. Detalhe: nas 73 páginas do caderno, apresentado em evento em Brasília, não há nenhum tópico sobre a questão indígena.
Outra sintonia
O governo federal aprovou a instalação, na Bahia de ACM, da rádio Tucano FM.
Esforço concentrado
Com a larga vantagem de Maluf sobre Alckmin nas pesquisas (43% a 25%), o PSDB-SP pressiona o governador para que ele se licencie do cargo e pense apenas na campanha. O tucano tem dito que não. Acha que o efeito pode ser pior: ficar marcado por trocar o trabalho pela urna.
Desprendimento total
Walter Feldman, presidente da Assembléia de SP, disse a Geraldo Alckmin que desiste de sua campanha a deputado federal e assume o governo paulista caso o tucano decida se licenciar. Com uma condição: quer ser o candidato do PSDB a prefeito de SP em 2004.
Jogo de equipe
O PSDB espalha hoje mil faixas pela capital pedindo votos para José Serra, Geraldo Alckmin e José Aníbal. Romeu Tuma, o outro candidato a senador da coligação dos tucanos com o PFL, não será nem citado.
Outdoor pefelista
Slogan de Romeu Tuma (PFL-SP), candidato ao Senado: "Respeito que São Paulo merece". O marqueteiro Chico Santa Rita, foi contratado ontem e fará a campanha do pefelista.
Turismo de negócios
O Fórum Brasileiro dos Conventions & Visitors Bureaux (entidade sem fins lucrativos, que incentiva o turismo) teve iniciativa inusitada: no convite para uma entrevista coletiva, ontem, anunciou que entre os jornalistas presentes seria sorteada uma viagem para Recife.
Visitas à Folha
Henrique Ubrig, presidente da DuPont América do Sul, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Ingrid Wahle, diretora de negócios, de Luiz Carlos Vieira, gerente de relações externas, e de Itacir Figueiredo Júnior, assessora de imprensa.
O deputado federal Emerson Kapaz (PPS) visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Patrícia Blanco, assessora de imprensa.
TIROTEIO
De Ronaldo Lessa (PSB), candidato à reeleição ao governo de Alagoas, sobre o adversário Fernando Collor (PRTB):
- O povo alagoano é bom e até perdoa. Mas tenho certeza de que não vai confiar a chave do cofre ao Collor.
CONTRAPONTO
A caminho do centrão
O presidenciável Ciro Gomes (PPS) promoveu, há duas semanas, uma caminhada pelo centro de São Paulo.
Estava acompanhado de seu vice, Paulinho (PTB), e de vários cabos eleitorais.
No viaduto do Chá, a caminhada teve problemas de organização. Cercado pelos jornalistas, Ciro alegou que não conseguia sequer apertar a mão das pessoas na rua.
O presidenciável também reclamou que o ato estava atrapalhando o trânsito de pessoas pela calçada. Resolveu ele próprio organizar a caminhada.
O ex-ministro pediu silêncio e tentou orientar, aos gritos:
- A imprensa vai para o lado de lá. Os militantes, para o lado de cá.
Segundos depois, ironizou:
- A imprensa vai pela direita, que é onde ela gosta de estar... Nós caminharemos pela centro-esquerda...
Editorial
TRAGÉDIA EM GAZA
Só pode ser qualificado como criminoso o ataque israelense à cidade de Gaza ontem, que deixou um saldo de 15 palestinos mortos, nove dos quais eram crianças entre dois meses e 13 anos de idade.
Embora autoridades do governo e o Exército de Israel tenham lamentado a morte de inocentes, parece claro que os militares não fizeram tudo a seu alcance para evitar vítimas civis. Não é preciso ser expert em ciências bélicas para saber que, quando um caça lança mísseis sobre uma cidade densamente povoada como Gaza, as chances de causar perdas significativas na população civil são enormes. Israel foi, no mínimo, imprudente.
O estado de espírito que leva a tal descaso para com a vida fica claro nas declarações do premiê Ariel Sharon, para quem a operação foi "um grande sucesso". O ataque cumpriu o objetivo declarado do Exército de eliminar Salah Shehada, líder do grupo terrorista Hamas. Só quem perdeu até o último traço de humanidade pode chegar perto de classificar a morte de crianças como "sucesso", ou, pior, "grande sucesso".
É verdade que terroristas caçados como o era Salah Shehada costumam, a título de proteção, buscar refúgio em áreas povoadas por civis. Isso não exime Israel, que sempre apregoou possuir uma superioridade moral no conflito, do dever de preservar as vidas de palestinos inocentes. Se um ataque a Shehada colocava vidas de crianças em risco, Israel deveria ter esperado uma nova oportunidade para agir. O líder do Hamas já era procurado havia anos, o que tornava pelo menos relativa a urgência de uma ação contra ele.
Operações criminosas, sem nenhum respeito pela vida de inocentes, como foi a de ontem na cidade de Gaza, apenas contribuem para ampliar a espiral de violência em que se enredaram israelenses e palestinos. Agora resta esperar a resposta palestina ao ataque e o subsequente troco israelense. Quem sabe um dia surjam dois estadistas que consigam pôr um fim a tamanha insânia.
Topo da página
07/24/2002
Artigos Relacionados
Presidente do Banco Central é eleito presidente do Conselho do Banco de Compensações Internacionais
CAE ouve presidente do Banco Central
Presidente do Banco Central compõe a direção do BIS
Começa audiência da CAE com presidente do Banco Central
Começa audiência com presidente do Banco Central
Começa audiência com presidente do Banco Central