CIRURGIÃO PLÁSTICO DEFENDE USO DE PRÓTESES DE SILICONE



Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) para debater projeto de lei que proíbe o uso de silicone líquido no Brasil e estabelece normas para uso da prótese de silicone, o representante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Cláudio Rebello, afirmou que muitas das suspeitas contra a prótese silicone levantadas nos Estados Unidos não foram confirmadas por nenhum estudo de grande porte. As suspeitas levantadas, observou, apontam o produto como causador de câncer e de supostas dificuldades na detecção de câncer de mama, além de intensificador de doenças auto-imunes.
Segundo o especialista, os maiores problemas causados por próteses de silicone, como rompimento, contraturas e infecções, são curáveis. De acordo com o médico, mesmo quando há ruptura o silicone se desloca pouco dentro do organismo humano e "não leva a desastre". Rebello citou dados do cirurgião plástico Ivo Pitanguy: de 462 implantes para aumento de mamas realizados por Pitanguy entre 1987 e 1998, foram registrados apenas dois problemas, sendo um caso de contratura e outro de irritação cutânea.
A representante do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, Márcia Rosa de Araújo, afirmou que nenhum médico foi punido pelo conselho por complicações em casos de implante de prótese de silicone. As complicações registradas foram contratura e expulsão da prótese. "Nos dois casos os médicos usaram todos os meios a seu alcance para solucionar a questão", contou.
O representante do Conselho Federal de Medicina, Abdon José Murad Neto, afirmou que o Conselho não traz ainda uma posição firmada sobre o assunto. "Queremos ouvir muito para podermos normatizar o uso do silicone", disse, lembrando, no entanto que o médico não pode ser, de forma alguma, eximido da responsabilidade civil e penal na aplicação de qualquer material no paciente. "Mesmo com autorização do paciente, geralmente pessoa leiga e ávida para ver sua situação melhorar, o médico não pode usar material que possa ser negativo para a saúde".
A representante do Procon do Distrito Federal, Marcele Borges Soares, informou que o paciente deve ser informado previamente sobre todos os procedimentos e riscos da cirurgia.

17/05/2000

Agência Senado


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