CLODOALDO TORRES QUER APERFEIÇOAR PROJETO SOBRE ÁGUAS DO SÃO FRANCISCO



O senador Clodoaldo Torres (PTB-PE) pediu o aperfeiçoamento do projeto sobre a transposição de águas do Rio São Francisco e disse que ainda há muitas questões a serem esclarecidas sobre a matéria. Segundo o senador, falta responder qual quantidade de água irá para o consumo humano e animal, assim como quanto será destinado à irrigação e ao uso industrial. Também não se sabe, segundo ele, quais serão as perdas por evaporação e por infiltração, faltando ainda responder que parcelas do investimento e do custo de operação serão incorporadas ao preço da água a ser pago pelos usuários.
Embora o parlamentar reconheça que o atual projeto é mais bem elaborado que os anteriores, afirmou ser um "açodamento injustificável" a destinação de 10% do custo total das obras já no primeiro ano de projeto, em 2001.
Uma das falhas do atual projeto apontada pelo senador é a destinação de R$ 300 milhões para o início das obras de transposição e de apenas R$ 7 milhões para revitalização do rio. Para Clodoaldo, é preciso antes acabar com o assoreamento, que pode vir a impedir a navegação, e também evitar a penetração da "cunha salina", ocasionada pela redução da vazão na foz do rio, o que prejudicaria importantes projetos de irrigação em Alagoas e Sergipe. Citou dados da Câmara dos Deputados que apontam um custo de R$ 2,8 bilhões para a transposição do rio e de R$ 1,2 bilhão para sua revitalização, nos próximos quatro anos.
- Vê-se que o governo está mais interessado em criar fatos políticos do que em preservar o rio, medida indispensável para um programa consistente de desvio de suas águas - afirmou, lembrando que importantes projetos de irrigação como o Jaíba, a adutora do Oeste e o projeto Salitre, todos na bacia do São Francisco, estão praticamente paralisados.
Em seu discurso, o senador arrola outras indagações que ainda estão sem respostas, como a falta de definição sobre quem irá gerenciar o uso das águas, assim como os responsáveis pela execução e manutenção das obras. Ele quer saber ainda as salvaguardas a serem adotadas contra especuladores e grileiros.
Para o representante de Pernambuco no Senado, o primeiro projeto, elaborado entre 1982 e 1985, "teve inspiração eleitoreira e foi promovido por grandes empreiteiras e fabricantes de equipamentos", faltando-lhe consistência e fundamentação técnica. O senador afirmou que o segundo, executado entre 1993 e 1994, incorreu no mesmo erro, ignorando como seriam utilizadas as águas desviadas e como se evitaria a especulação de terras e a indústria de indenizações.

15/09/2000

Agência Senado


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