CNA PEDE APOIO DO SENADO PARA DESCONTO NA DÍVIDA DOS AGRICULTORES



Produzir 100 milhões de toneladas de grãos até 2001, exportar US$ 45 bilhões até 2002, gerar e regularizar 1,5 milhão de empregos até 2003. Esses são os compromissos que os produtores rurais prometem assumir, caso lhes seja concedido um desconto de 8,5% sobre suas dívidas, depois de renegociadas por 20 anos. Os termos dessa proposta foram apresentados nesta quarta-feira aos membros da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) pelo presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Ernesto Salvo, e pelo vice-presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso, Homero Pereira.Os produtores querem, além do rebate na dívida, a promessa do governo de respeito ao direito de propriedade e a formulação de políticas para elevar e sustentar a renda no campo.- Não adianta dar um bônus sobre a dívida e não propiciar o aumento da renda no campo. Sem renda ninguém paga dívida - disse Salvo.A proposta do setor rural foi contemplada em projeto de lei já aprovado nesta quarta-feira pela Comissão de Agricultura da Câmara. Alcança as dívidas já renegociadas com os bancos (principalmente o Banco do Brasil) por meio do mecanismo de securitização. Segundo o presidente da CNA, aquela renegociação foi apenas um paliativo enquanto se buscava uma solução definitiva. Salvo explicou que só poderiam se beneficiar do descontos os fazendeiros que atingissem as metas contratadas de aumento da produção e criação e/ou manutenção de empregos.Os senadores presentes à reunião da CAE deram apoio à luta dos produtores rurais para aumentar a produção e a renda, além de pagar as dívidas. O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ), por exemplo, considera que o endividamento agrícola só poderá ser solucionado com um bônus aos devedores. O senador Osmar Dias (PSDB-PR) lembrou que o debate a respeito da pobreza atualmente em voga no Congresso não pode estar desligado da discussão sobre a agricultura.- Não há solução para o desemprego fora da agricultura - disse Dias.O senador Ney Suassuna (PMDB-PB), presidente da CAE, alertou para o grave risco do movimento armado no campo. Já o senador José Alencar (PMDB-MG) conclamou o País a se voltar para a produção e pediu mais recursos para a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa). O senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) lamentou a extinção da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater). Entretanto, o senador Agnelo Alves (PMDB-RN) acha que o custo das duas empresas seria superior ao benefício que trariam aos agricultores.O empobrecimento no campo e a falta de firmeza do Brasil na proteção e ampliação de mercados externos foi abordada pelo senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM). O senador Blairo Maggi (sem partido-MT) alertou para o peso dos juros na conta dos agricultores e o lucro excessivo dos bancos. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) criticou o aumento na concentração de terras nas mãos de grandes proprietários.

11/08/1999

Agência Senado


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