Colombo diz que paralisação de médicos é grito de socorro



O senador Raimundo Colombo (DEM-SC) disse nesta terça-feira (21) que a paralisação dos médicos em vários estados é um "grito de socorro", devido à falta de reajuste na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele lembrou que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou que a tabela do SUS será reajustada no próximo ano.

- Para se ter uma idéia da defasagem da tabela do SUS, um médico que atende um paciente pelo plano de saúde recebe em média R$ 32, se o atendimento for particular, R$ 150. Pelo SUS, o governo paga ao profissional apenas R$ 7,55 em média - comparou.

Além disso, o senador lembrou que a dívida dos hospitais particulares, responsáveis por 62% de todo atendimento do SUS, já passa dos R$ 20 bilhões. Ele disse que, desde o ano 2000, os hospitais privados vêm desativando leitos do SUS, deixando a população mais carente sem atendimento.

Colombo comparou os valores pagos pelo SUS para alguns procedimentos médicos e o valor real, ficando a diferença desse custo por conta dos hospitais e Santas Casas. Um simples exame de Raio X custa R$ 27,58%, mas o SUS paga apenas R$ 4,91; um exame de sangue para medição dos níveis de colesterol sai por R$ 1,85 para o SUS, quando o seu valor real é de R$ 10; o exame de hepatite C custa para o particular R$ 80, enquanto o SUS paga somente R$18,55.

O senador ainda observou que a tabela do SUS teve correção de 37,3% desde o Plano Real. Enquanto isso e no mesmo período, o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) cresceu 418,10%, a gasolina subiu 528,61% e a energia elétrica aumentou 595,53%.

Em aparte, o senador Jayme Campos (DEM-MT) disse que o SUS está literalmente falido e que o Congresso Nacional tem a obrigação de exigir que a arrecadação da CPMF seja aplicada na Saúde, sua destinação original. O senador Neuto de Conto (PMDB-SC) disse que, hoje, o paciente precisa marcar data para ficar doente. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse que o problema na Saúde é que a CPMF foi desvirtuada pelo governo e elogiou a coragem dos colegas médicos por fazerem greve, pois não forma treinados para isso.

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) lembrou que foi o presidente Lula quem vetou emenda aprovada pelo Senado para que hospitais e Santas Casas se beneficiassem do parcelamento de débitos com a Previdência previstos na lei que criou a Timemania.

O senador Flávio Arns (PT-PR) disse que a lei da Timemania permite que todas as sociedades beneficentes parcelem seus débitos com a Previdência, inclusive as Santas Casas, só falta divulgar. Ele assinalou que R$ 20 bilhões da CPMF não estão sendo destinados à Saúde, como deveriam, e que a solução para essa crise seria a soma dos recursos da CPMF, dos orçamentos estaduais e um novo modelo de gestão.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) disse que existe má vontade do governo Lula com o setor de Saúde. Ele lembrou que o governo aceitou o setor de cosméticos incluir no Supersimples, mas vetou a inclusão de farmácias de manipulação e de pequenas clínicas. Ele também disse que é preciso retomar a linha de financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para entidades filantrópicas.

21/08/2007

Agência Senado


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