Combate à ditadura de Salazar marca vida pública de Mário Soares



Formado em Filosofia e Direito, Mário Soares, hoje com 82 anos, fez do exercício da advocacia uma trincheira em defesa da democracia e dos direitos individuais e políticos de inúmeros opositores ao regime salazarista. Antes disso, nos tempos de estudante universitário, iniciou a sua participação na vida pública com um persistente e vigoroso combate ao salazarismo, sendo um dos organizadores da oposição democrática à ditadura que então se instalara no país.

Essa sua destacada atuação o levou à prisão 12 vezes e à deportação para São Tomé, em 1968, sem que tivesse sido submetido a um julgamento. Dois anos depois, exilou-se na França, atuando de longe para restaurar a democracia em Portugal. Empenhou-se também em construir um modelo socialista-democrático em oposição ao socialismo marxista. Esses postulados levaram-no a fundar, em 1973, na Alemanha, o Partido Socialista, do qual foi o primeiro secretário-geral. Um ano depois, retornou a Portugal, logo após a derrubada do regime. Chegou no dia 28 de Abril, no chamado "comboio da liberdade", e foi recebido por uma multidão de portugueses.

A partir dessa data exerceu intensa atividade administrativa, sempre com relevantes serviços ao seu país. Foi ministro durante os quatro primeiros governos provisórios do país e, na função de ministro dos Negócios Estrangeiros, desenvolveu as negociações que levaram à independência das colônias portuguesas. Trabalhou também para que o país se voltasse ao intercâmbio - não só comercial, mas também cultural, político e histórico - e a uma ampla integração com os outros países europeus.

De 1976 a 1978 e de 1983 a 1985, Mário Soares exerceu o cargo de primeiro-ministro de Portugal - período em que Portugal ingressou na então Comunidade Econômica Européia, conseguindo fazer com que o país se inserisse na comunidade sem, no entanto, perder suas características culturais. Em 1986, conseguiu unir a esquerda, no segundo turno das eleições presidenciais, chamada em Portugal de segunda volta. Foi, assim, eleito e, depois, reeleito presidente de Portugal - cargo que ocupou por dez anos.

Primeiro presidente civil eleito diretamente pelo povo na história portuguesa, Mário Soares é lembrado pelo cineasta António Pedro Vasconcelos como aquele que "fez as pazes entre os portugueses, entre a esquerda e a direita, conseguindo converter toda a gente à democracia", pois, como garantiu o cineasta, durante os anos de presidência de Mário Soares, "houve claramente uma participação de todos".

Após deixar o cargo, o ex-presidente de Portugal foi ainda deputado do Parlamento Europeu e assumiu a presidência da Fundação Mário Soares, criada em 1991. No ano passado, ele candidatou-se novamente à Presidência, perdendo para Cavaco Silva ainda no primeiro turno.


Informações da assessoria de imprensa do gabinete do senador Garibaldi Alves Filho

18/05/2007

Agência Senado


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