Comerciantes falam sobre venda de material de limpeza a escolas
A CPI da Segurança Pública ouviu seis testemunhas sobre as irregularidades na compra de material de limpeza pelas escolas estaduais no Rio Grande do Sul. A audiência da CPI começou no início da tarde e se prolongou até as 22h45 da última segunda-feira. Segundo o presidente da CPI, deputado Valdir Andres, as investigações vão continuar, uma vez que as denúncias são graves.
A primeira testemunha a depor foi o representante comercial Nilton Figueiredo dos Santos, que confirmou ter entregue, no dia 30 de agosto de 2000, à 1ª Delegacia de Canoas, cópias dos orçamentos de material de limpeza das empresas Bondman e Multilimpe com o carimbo e o CGC da empresa de sua propriedade Zirca Comércio e Representações de Produtos Químicos. "Estão utilizando o carimbo da minha firma para apresentar orçamentos falsos às escolas públicas estaduais". Nilton da Silva disse que a fraude das empresas Bondman e Multilimpe deve ter atingido aproximadamente 90% das escolas no Estado. O segundo depoente, Willian Edward Vantero Bond, proprietário das empresas Bondman e Multilimpe de Canoas, pediu para ser ouvido em caráter sigiloso.
A chefe da sessão de Autonomia Financeira da Secretaria de Educação no governo anterior, Laureci Barthman, declarou que não sabe de envolvimento de escolas com empresas que tenham apresentado orçamentos frios e desconhece a informação de que algumas instituições de ensino receberiam brindes dessas empresas. Também do quadro de funcionários da SEC na administração passada, o coordenador da assessoria jurídica, Fábio da Rosa, disse que durante sua gestão não teve nenhum caso de fraude nos orçamentos para as escolas públicas.
A CPI também ouviu a coordenadora regional da 27º CE de Canoas, Marina Leal, que afirmou ter recebido denúncia sobre a suposta prática de orçamentos frios. "Depois de recebermos as denúncias encaminhamos correspondência alertando às 80 escolas que pertencem a 27º CE". Conforme a coordenadora, o setor financeiro está realizando levantamento nas escolas locais para verificar se alguma delas está envolvida com as empresas de material de limpeza que forneciam orçamentos falsos. O resultado da pesquisa deve ficar pronta em duas semanas. A última testemunha a depor, na noite de ontem, foi a atual coordenadora da assessoria jurídica da SEC, Inajara Ferreira. Ela confirmou que depois de receber ofício do delegado Rodrigo Zucco sobre a possível fraude na compra de material de limpeza remeteu correspondência a coordenadora da 27º DE e ao chefe de polícia. "As providências foram essas já que não havia nenhuma escola ou servidor público relacionado com a denúncia".
O chefe do departamento de Polícia Metropolitana, delegado Conceição Cardoso Pinheiro e a atual chefe de sessão da Divisão de Financiamento da Secretaria de Educação, Natércia Martins serão ouvidos em outra oportunidade pelos membros da CPI.
O presidente da CPI, deputado Valdir Andres (PPB), considerou grave a denúncia do representante comercial Nilton Figueiredo dos Santos. "A CPI tem o dever de averiguar a extensão dos prejuízos causados aos cofres públicos do Estado com a prática dessa fraude". O parlamentar informou, ainda, que o proprietário da empresa Bondman e Multilimpe, William Bond se recusou, baseado no artigo 5º da Constituição, a prestar informações que pudessem incriminá-lo. Segundo Andres, o empresário Bond não quis falar sobre a utilização de carimbos da empresa Zirca Comércio e Representações de Produtos Químicos.
06/20/2001
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