Comissão de Juristas entrega anteprojeto do novo CPC e Sarney expressa desejo de votá-lo até o fim do ano
A Comissão de Juristas encarregada de elaborar o anteprojeto do novo Código de Processo Civil entregou-o nesta terça-feira (8) ao presidente do Senado, José Sarney, em cerimônia no Salão Nobre. Sarney prometeu tentar sensibilizar os líderes partidários para votar a proposição até o fim deste ano.
- Vou ter pessoalmente um grande empenho para acelerar a tramitação - garantiu Sarney em entrevista à imprensa.
De acordo com o presidente da comissão, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Luiz Fux, o que conduziu a elaboração do texto foi a necessidade de prestação de Justiça rápida. Para tanto, o documento pretende modificar o excesso de formalismos processuais e acabar com o volume imoderado de ações e recursos.
- Inserimos no projeto tudo que representava o anseio do povo brasileiro, o processo rápido, sem excesso de formalidade, com instrumentos capazes de enfrentar esse volume irrefreável de demandas que se desencadeou no Brasil desde a década de 1970 e nunca mais parou - disse Fux.
Se o texto for aprovado pelo Congresso, as ações de massa, como as que questionam a cobrança da tarifa básica de telefonia, ou que têm um objetivo comum, como a possibilidade de lojas de conveniência de postos de gasolina venderem remédios, terão aplicadas as mesmas soluções, a chamada "coletivização das demandas".
- Se as pessoas são iguais perante a lei, têm que ser iguais também perante as soluções - disse o magistrado em coletiva após o encerramento da cerimônia.
A relatora da proposta, a advogada e professora de Processo Civil, Teresa Wambier, frisou que com a resolução de ações que giram em torno da mesma questão jurídica de forma atrelada, mais causas seram resolvidas e mais tempo restará disponível para a resolução de outros processos. Ela defendeu os juízes, que "de modo geral trabalham demais", e não podem ser responsabilizados unicamente pela lentidão da justiça. E elogiou o presidente do Senado pela coragem de tentar modificar o antigo código.
- Nada mais covarde que a inércia diante de um mal de várias causas - disse.
O texto vai ser debatido em audiência pública na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) nesta quarta-feira (9), mas sua tramitação se dará em comissão especial, conforme estabelece o Regimento Interno. O mais provável é que Sarney apresente o projeto como de sua autoria. Depois de lida em Plenário, a matéria seguirá para a comissão especial. Depois de aprovada, voltará ao Plenário e daí seguirá para a Câmara dos Deputados.
Participaram da cerimônia os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Valter Pereira (PMDB-MS); o advogado-geral da União, Luis Inácio Lucena Adams; e o secretário especial da Reforma do Judiciário, Rogério Favretto, entre outras autoridades e magistrado.
Números
Os números ligados à elaboração da proposta são expressivos: foram 13 mil acessos ao site do Senado que colhia sugestões da sociedade; 600 emails recebidos; oito audiências públicas em vários estados do país; e 240 documentos com manifestações de vários segmentos judiciais recebidos pela comissão de juristas. Um total de 80% das sugestões de grupos foi incorporado. O anteprojeto tem mil artigos, 200 a menos que o atualmente em vigor.
Elina Rodrigues Pozzebom / Agência Senado
Info | Justiça deve ficar mais ágil após reforma
08/06/2010
Agência Senado
Artigos Relacionados
Comissão de Juristas entrega anteprojeto do novo Código Penal
Comissão de juristas vai entregar anteprojeto do novo Código de Processo Penal a Sarney na próxima semana
Comissão de juristas entrega anteprojeto do Código do Consumidor
Comissão de juristas apresenta anteprojeto do novo Código Comercial
Comissão de juristas discute anteprojeto de novo Código de Processo Penal
Comissão de Juristas analisa minuta do anteprojeto do novo Código Comercial