Comissão do Mercosul discute subsídios a produtores rurais com senadores franceses



Em debate promovido nesta quarta-feira (27) pela Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, presidida pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), o relator-geral da Comissão de Finanças do Senado da França, Philippe Marini, afirmou que existe muito boa vontade dos negociadores da União Européia de discutir com o Mercosul a questão dos subsídios agrícolas europeus. Os subsídios vêm sendo incluídos por produtores rurais brasileiros entre os principais obstáculos ao aumento de suas exportações.

- Compreendemos que este é um tema que pode causar legítima impaciência, e dificuldades como a que atingem agora a Argentina nos sensibilizam. Mas deve-se dar o ritmo necessário à evolução das negociações - disse Marini.

Ex-ministro da Agricultura e Abastecimento, o senador Arlindo Porto (PTB-MG) foi um dos integrantes da comissão que insistiu no debate a respeito do tema. Ele disse que gostaria de ver os agricultores brasileiros com o mesmo entusiasmo dos franceses e queixou-se de barreiras impostas aos produtores que desejam exportar café solúvel e óleo de soja, no lugar de café e soja em grãos.

Arlindo quis saber quanto é destinado anualmente aos subsídios agrícolas. Os franceses responderam que os subsídios são concedidos pela União Européia e se comprometeram a enviar os números precisos ao senador. Eles recordaram ainda que a atual política agrícola do Velho Continente está sendo reavaliada, durante o processo de integração de novos países à União Européia.

As dificuldades impostas aos produtores brasileiros pelos subsídios europeus também foram ressaltadas pelo deputado Vicente Caropreso (PSDB-SC), que quis conhecer a opinião dos colegas franceses a respeito da atuação do agricultor Joseph Bové, que no ano passado destruiu uma plantação de soja transgênica no Rio Grande do Sul.

O presidente da comissão, Alain Lambert, disse que Bové preside um sindicato agrícola minoritário e utiliza como métodos de atuação a provocação e a caricatura. "Na tentativa de atrair atenção da mídia, ele atua com quase perfeição", observou.

Argentina

A crise na Argentina e seus eventuais reflexos sobre o Brasil também foram tema da reunião. Ao expor a atual situação dos parceiros do Mercosul, Roberto Requião reconheceu a posição mais confortável do Brasil nesse momento, mas advertiu para a situação de vulnerabilidade externa que atinge os dois países, principalmente em função do crescimento de suas dívidas interna e externa.

- Só um tolo poderia acreditar que o Brasil não sofre com a crise argentina. As economias dos dois países estão definitivamente interligadas - disse Requião. Na sua opinião, ou o Brasil revê sua política econômica ou corre o risco de seguir o mesmo caminho da Argentina.

Embora reconhecendo também que a atual situação brasileira não é "caótica", o deputado Inácio Arruda (PC do B-CE) observou que o Brasil não tem condições de se isolar da crise no país vizinho. Ele perguntou ainda aos colegas franceses o que pensavam do grau de intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as economias do Mercosul. "O FMI nem sempre reage da mesma maneira", respondeu Marini. "Foi indulgente recentemente com a Rússia e agora foi bastante severo com a Argentina", disse ele. Também participaram da reunião os deputados Edinho Bez (PMDB-SC) e Paulo Gouvêa (PFL-SC).



27/03/2002

Agência Senado


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