Comissão vai investigar destino de recursos encontrados pela "Operação Anaconda"
A descoberta pela -Operação Anaconda- de milhares de dólares e de euros, além de ouro e referências a contas no exterior na casa de Norma Regina Emilio da Cunha, ex-mulher do juiz federal João Carlos de Rocha Mattos, levou a CPI do Banestado a aprovar nesta quinta-feira (6) requerimentos para investigar a evasão dos recursos, supostamente obtidos pela venda de sentenças judiciais, para o exterior.
O relator da comissão, deputado José Mentor (PT-SP), apresentou e os parlamentares da CPI aprovaram requerimentos para ouvir Norma Cunha, que é auditora aposentada da Receita Federal, e para analisar todos os documentos obtidos na operação de busca e apreensão organizada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público (MP) em São Paulo, batizada de -Operação Anaconda-.
O presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), justificou a entrada da comissão nas investigações pelo fato de terem sido encontrados recursos em moeda estrangeira, provavelmente de origem ilícita, com referências a possíveis depósitos irregulares no exterior, que é o objeto das apurações da CPI.
- Menção explícita à existência de várias contas em bancos suíços em nome de Norma consiste em forte indício de que ela funcionaria como testa-de-ferro da quadrilha, a fim de garantir o trânsito dos recursos para o exterior. Há uma conexão direta entre o material apreendido com o objeto desta CPI - disse Antero, ressaltando que todos os envolvidos fizeram viagens regulares ao exterior, -onde com certeza movimentaram contas correntes clandestinas e não declaradas-.
Segundo o relator, a comissão vem adotando a sistemática de enviar dois assessores, incluindo um delegado da PF, para fazer um exame preliminar da documentação. Somente depois, informou, são solicitadas cópias do que interessa diretamente à CPI.
- Será feita uma triagem do material. Iremos solicitar as informações do que nos interessarem. O que não tiver a ver com a CPI, não tem por que trazer - esclareceu Antero, em resposta ao senador José Jorge (PFL-PE) e ao deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).
O senador Romeu Tuma (PFL-SP) sugeriu que a CPI aja com cautela, tendo em vista que nem mesmo a PF e o MP têm conhecimento total da documentação. Segundo Tuma, os profissionais que estão analisando o material estão se surpreendendo com as informações que, de acordo com o senador, parecem ser mais graves do que o inicialmente imaginado. Biscaia confirmou que os analistas estão espantados com o conteúdo da 1,3 tonelada de documentos apreendida.
Depois de mais de um ano de investigações, a Operação Anaconda apurou indícios de tráfico de influência, decisões judiciais suspeitas, desvio de armas apreendidas em processos e abuso de poder na Justiça Federal de São Paulo. Até o momento oito pessoas foram detidas na capital paulista.
06/11/2003
Agência Senado
Artigos Relacionados
Serys manifesta apreensão com fatos revelados pela Operação Anaconda
CPI do Banestado pode ouvir envolvidos em operação Anaconda
Magno Malta anuncia convocação de envolvidos na Operação Anaconda
COMISSÃO DE ORÇAMENTO VAI INVESTIGAR RECURSOS PARA OBRA DO TRT-SP
Marinor quer investigar destino de R$ 11,6 bilhões que deveriam ter ido para a saúde
Ideli: "Debate do momento é o destino dos recursos do petróleo da camada pré-sal"