Confirmadas contas de Maluf em Jersey



Confirmadas contas de Maluf em Jersey Autoridades do paraíso fiscal informaram ao ministério público as operações do ex-prefeito . As autoridades do paraíso fiscal de Jersey confirmaram ao Ministério Público do Estado de São Paulo que o ex-prefeito Paulo Maluf e seis parentes seus possuem depósitos ilegais em contas no país. Os cerca de R$ 540 milhões da família Maluf estão bloqueados em Jersey enquanto são realizadas as investigações. O dinheiro havia sido inicialmente depositado no Citibank da Suíça, como foi confirmado pelo governo suíço em agosto. Em janeiro de 1997, oito dias depois de deixar a Prefeitura de São Paulo, Maluf transferiu os fundos para uma agência também do Citibank em Jersey. Maluf, no entanto, continua negando a existência dessas contas. No mês passado, chegou a declarar que doaria o dinheiro se as contas fossem encontradas. O Ministério da Justiça deve enviar essa semana um pedido judicial de informações à Suíça e a Jersey, requisitando os extratos e documentos de abertura das contas. "Nós já temos documentos oficiais da Suíça e de Jersey que nos revelam a existência dos fundos", disse ontem o promotor Marcelo Mendroni, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), órgão do Ministério Público estadual. Segundo Mendroni, as autoridades de Jersey "confirmaram por e-mail a existência de fundos em nome de Paulo Maluf, sua mulher, seus filhos e uma nora". Na semana passada, o paraíso fiscal enviou um fax ao Ministério Público estadual no qual consta o número do processo aberto em Jersey para investigar o caso. "Há uma investigação instaurada em Jersey", afirma Mendroni. É a segunda confirmação internacional da existência dos depósitos em nome do ex-prefeito e de familiares dele. Em agosto, o governo da Suíça enviou um documento oficial ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no qual afirma que Maluf abriu uma conta no Citibank daquele país em julho de 1985 e, em 1997, transferiu as aplicações para o mesmo banco em Jersey. Segundo a Suíça, a conta, cujo beneficiário era Maluf, foi aberta em nome da empresa Blue Diamond Ltd., constituída em Cayman, um paraíso fiscal no Caribe. Mais tarde, mudou para Red Ruby Ltd. Em 9 de janeiro de 1997, oito dias após Maluf deixar a Prefeitura de São Paulo, a conta da empresa na Suíça foi fechada, e as aplicações foram transferidas para a ilha de Jersey. Apesar do número crescente de evidências da existência das contas, Maluf continua negando ter dinheiro em Jersey ou qualquer outro paraíso fiscal do mundo. Questionado sobre ter ou não certeza da existência dos depósitos ilegais de Maluf no exterior, Mendroni afirmou: "Não existe a menor chance de que a existência dos depósitos não seja verdadeira. Os fundos existem e foram levantados por autoridades no exterior, não por nós. Não há como negar a existência desses fundos". Greve nas universidades deve acabar A Secretaria de Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC) informou ontem que as negociações com o comando nacional de greve dos professores universitários continuam e que as greves deverão ter fim ainda nesta semana. Segundo informou a agência de Notícia Brasil (da Radiobrás), a Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra) vem sendo recebida diariamente pela Secretaria de Educação Superior. A expectativa é de que a greve dos servidores chegue ao fim até o fim desta semana. No final da tarde de hoje – há uma reunião marcada para as 18h –, os representantes da categoria serão recebidos pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Pacotes internacionais em baixa Vendas de passagens ao exterior caíram 40% com os atentados aos EUA e a alta do dólar . As vendas de passagens aéreas internacionais caíram 40%. Os pedidos de vistos para os Estados Unidos diminuiram e não passaram da metade do mesmo período do ano anterior. As justificativas variam do aumento do câmbio ao medo de viajar de avião, depois dos atentados ao World Trade Center. Ou mesmo, supostos boatos de bombas nos trens de Londres e atentados em Paris. Certo é que as agências de viagem começaram a calcular os prejuízos. A gerente Reide Ferreira da Janot Tur garante que, ao contrário dos meses anteriores, em que empresa vendeu, em média, R$ 100 mil em passagens aéreas para EUA e Europa, em setembro as vendas não chegaram a R$ 60 mil. Ela afirma que as pessoas estão com medo de futuras retalhações promovidas pelos EUA, por isso estão preferindo ficar no País. Bom para a economia do turismo brasileiro, pois o dinheiro não continuará no Brasil. Mas como as agências lucram 10% de cada pacote vendido preferem vender em dólar. "O lucro é maior com pacotes internacionais, na ponta do lápis a diferença é muito grande", justifica Reide. A gerente explica que o quadro de funcionários não precisa ser reduzido, mas se as vendas não se recuperarem, demissões podem ser uma alternativa. É hora do turismo interno "Sempre que há crise internacional e desvalorização do dólar, o turismo brasileiro ganha. Viajar para fora está inviável". Quem afirma é o professor de economia, Wilson Rabahy, da Fundação do Institudo de Pesquisas Econômicas (FIPE) da Universidade de São Paulo (USP). Ele diz que novos hotéis crescem, a infra-estrutura turística se renova, com a reforma de bares e restaurantes, pois a procura aumenta. Rabahy garante que vôos e viagens foram canceladas para o exterior, mas o fluxo do turismo interno cresceu. Para Rabahy, ninguém sabe como o mundo vai ficar, por isso preferem a segurança do Brasil a se arriscarem em solo estrangeiro. O ânimo cresce, aos poucos, com o aumento da procura de pacotes domésticos para o Sul e Nordeste do País. A dona da empresa aérea Berlim, Mercedes Berlim, comemora o aumento de mais de 50% nas vendas, que normalmente somam R$ 400 mil mensais. Ela garante que o turismo interno cresceu muito em função da crise externa. Os pacotes, que não estavam vendendo no Brasil, estão quase esgotados. O número de reservas também aumentou, mas na última semana nenhuma viagem foi vendida ou marcada para os EUA. A única preocupação é que os hotéis não aumentem o preço. Os pacotes de sete noites variam de R$ 790 a R$ 900 em hotéis três estrelas. (A.N.) Brasileiro não quer deixar o País "Não saio do Brasil", diz o comerciante Igor Tales, 20 anos. Ele passou o ano de 2001 planejando passar o Natal e Ano Novo em Nova York. Os planos mudaram tão rápido quanto os aviões que exploriram as torres gêmeas. O clima de tristeza, a sensação de insegurança e o aumento do dólar, cancelaram o sonho. Igor explica que prefere curtir as belas paisagens brasileirsas. O diretor da Agência de Desenvolvimento do Turismo do Distrito Federal (Adetur), , Carlos Edil, diz que o número de pessoas que deixavam o País rumo ao exterior já vinha se manifestando negativamente desde 1999. Ele diz que o câmbio alto inibe a saída de brasileiro. "Mas o turismo ganha com a entrada de estrangeiros", lembra Carlos. Otaciano Souza, da MS turismo,diz que prefere esperar o desfecho da retalhação para analisar os prejuízos. Diz ainda que houve uma parada total de vendas para o exterior. Nem passagens para o Caribe estão sendo vendidas. "Ninguém quer sair debaixo da asa no Brasil", brinca. (A.N.) Investimentos de R$ 800 milhões Com os atentados nos Estados Unidos e o clima de insegurança mundial gerada pelo conflito, a previsão da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) é que o turismo aumente cerca de 20% no Brasil. Com o setor de negócios e eventos crescendo cada vez mais em Brasília, a cidade tem motivos para comemorar e prepara-se para atender uma grande demanda de turistas. A prova disso é que desde de 2000 estão em curso investimentos de R$ 800 milhões, para que, até o final de 2003, o número de leitos dobre de 15 mil para 30 mil leitos. A expectativa é que o principal problema que a cidade apresenta, a falta de leitos no hotéis da capital, principalmente em períodos de congressos e convenções, seja solucionado com essas injeções de verbas das construtoras brasileiras. Desde o ano passado, verifica-se um boom no setor hoteleiro da cidade. Em 2000, foi construído o primeiro hotel de rede nacional na cidade: o Blue Tree, que tem unidades espalhadas em todo Brasil (apenas em São Paulo são nove hotéis.) Com ele, vieram o Meliá(Sol Meliá), o Paternon (Acor), o Saint Peter e Grand Bitar. Apesar de já terem sido inaugurados, muitos dos apartamentos desses estabelecimento ainda não estão em funcionamento. Por exemplo, dos mil apartamentos do Meliá, apenas 90 estão funcionando. Dos 396 do Blue Park, 216 estão abertos aos hóspedes. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Tomás Ikeda, mais 17 hotéis serão construídos até 2004 no Plano Piloto e em cidades como Taguatinga, Sobradinho e Núcleo Bandeirantes. Um deles é o Brasília Palace, que será construído na área ao lado do Blue Tree. O investimento será do Grupo Paulo Otávio. Setor aposta alto nos eventos Apesar das bandeiras dos hotéis e as administradoras serem internacionais, todo o investimento é brasileiro. O aporte no setor hoteleiro está sendo feito todo mês por construtoras como a Paulo Octavio, Líder e RG Engenharia, desde 98 . Com todo esse investimento, o secretário de turismo da Agência do Desenvolvimento do Turismo (Adetur), Carlos Edil, acredita que a "cidade tem tudo para ser a capital do turismo de eventos". A gerente de promoções do Blue Tree Park e Blue Tree Towers, Alessandra Cik, no, diz que os dois hotéis têm eventos agendados até o mês de maio do próximo ano. "O Congresso da Abav, há duas semanas reuniu mais de 16 mil pessoas. Teve muita gente que chegou aqui de manhã e teve que voltar à tarde para sua cidade origem por falta de acomodações", diz Alessandra. Tomaz Ikeda acredita que o congresso da Abav foi um evento atípico. "O evento foi realizado em alta temporada. Em cidades do Nordeste, por exemplo, esses eventossão realizados em baixa temporada. Nunca tivemos problemas de acomodações nos hotéis", garante. Segundo ele, a média de ocupação nos leitos de Brasília é de 54%. De terça às quintas, 70% dos quartos ficam lotados. No restante da semana, esse número não chega a 20%. (C.A.) Auditórios do DF serão reformados Se de um lado os hotéis poderão comportar um grande número de turistas, os auditórios de conferências e os centros de convenções também devem estar a altura dessa demanda. Atualmente, o Centro de Convenções Ulisses Guimarães tem a capacidade de acomodar no seu maior auditório apenas 1,8 mil pessoas. Além disso, as suas salas não possuem ar-condicionado. O Pavilhão da Cidade também deixa a desejar. Segundo Carlos Edil, o centro passará por uma reforma e vai ganhar um auditório com 5 mil lugares. Ele garante que até a próxima quarta-feira, dia 3 de outubro, será publicado no Diário Oficial, o processo de licitação para as obras de ampliação do Centro. O investimento será de R$ 40 milhões. Para Maurício do Valle, presidente da Convencion Bureau, o Centro de Convenções é "muito acanhado para o sistema hoteleiro e a importância que Brasília tem sendo o centro do poder do país". Ele afirma que há cinco anos escuta a promessa de que haverá a ampliação do centro. "Precisamos trabalhar com calendários fixos. Temos uma demanda de congressos para até o ano de 2004", diz. Com o setor hoteleiro em crescimento, um bom aeroporto e um novo centro de convenções, acredita-se que a cidade será um grande pólo turístico. "Nós temos a principal matéria prima para os congressos: as autoridades. Em nenhuma cidade do país um encontro consegue reunir o presidente Fernando Henrique Cardoso, ministros e autoridades como acontece em Brasília", diz. (C.A.) Importância no PIB O turismo tem a terceira maior participação no PIB brasileiro. Em Brasília, 1, 2 milhão de turistas visitam a cidade anualmente. No aeroporto da cidade, circulam, por ano, 2, 4 milhões de pessoas. Com os incidentes nos Estados , o mercado se prepara para um crescimento. O turismo espera receber muitos "Essa passagem de ano novo será atípica. As pessoas estão com medo e vão preferir ficar no Brasil. Estamos preparando uma grande festa no hotel", comenta Alessandra. Carlos Edil, que também foi agente de viagens, afirma que toda crise internacional refletiu de forma positiva no turismo brasileiro. Para ele, os atentados nos Estados Unidos vão fazer com que os serviços e hotéis também aumentem no Brasl. Datas-base até dezembro só vão repor a inflação Trabalhadores que estão em campanha por aumento salarial não deverão receber um centavo a mais. Professores em campanha salarial e profissionais com datas-base no segundo semestre (bancários, petroleiros, químicos e trabalhadores de empresas públicas como a CEB, Caesb, Novacap e Terracap), terão negociações salariais difíceis. A desaceleração da economia prejudicará os acordos e dificilmente os trabalhadores conseguirão reajustes superiores à inflação. Um levantamento do Dieese mostra que 69% das categorias com data-base entre janeiro a junho conseguiram, no primeiro semestre deste ano, reajustes iguais ou superiores ao INPC – dessas, 51% tiveram aumento acima da inflação acumulada. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, afirma que, se não fosse a crise, o percentual de reajustes acima da inflação seria ainda maior neste segundo semestre, pois tradicionalmente a produção industrial cresce na segunda metade do ano e favorece as negociações salariais. Para o Dieese, as conquistas de reajuste no primeiro semestre foram tão boas quanto as de 2000, as melhores desde a implantação do Plano Real. Segundo Felício, isso dificilmente se repetirá neste semestre. "Estamos passando por um dos piores momentos", admite Felício. O secretário-geral da CUT, Carlos Alberto Grana, diz que no segundo semestre de 2000 os reajustes chegaram a mais de 10% e a expectativa era que o mesmo ocorresse agora. O racionamento de energia e a crise econômica – que antes do atentado aos EUA ocorria por conta da situação argentina – frustraram as previsões. Nos dois primeiros meses deste ano, todas as negociações resultaram em recomposição integral dos salários. Nos meses seguintes, o percentual de categorias que tiveram perdas começaram a crescer até chegar a 40% em junho. Segundo Grana, as empresas estão oferecendo índices bem abaixo do reivindicado. Até mesmo os bancos, que tiveram desempenho excelente no primeiro semestre, ofereceram apenas 4% de reajuste aos bancários. Além da reposição da inflação, os sindicalistas querem defender aumento real e, no total, o aumento reivindicado chega a 20%. As negociações vão pelo mesmo caminho com os petroleiros: a reivindicação é de 14%, mas os empresários oferecem 5%. "Não repor a inflação é rebaixar salário. Não vamos aceitar", diz Grana. Mesmo reconhecendo a delicada conjuntura internacional, a presidente da CUT-DF, Érica Kokay, aposta na capacidade de organização dos trabalhadores. Segundo ela, é preciso estabelecer um diálogo com a sociedade. "O trabalhadornão pode eternamente pagar por uma política econômica instável que não prioriza um projeto de desenvolvimento sustentável e dependente do capital internacional", disse a dirigente da CUT. Renda do brasileiro terá ganho zero O brasileiro terá um ganho real sobre sua renda próximo de zero neste ano, de acordo com a projeção oficial do governo de crescimento da economia. As consecutivas crises enfrentadas pelo País, conjugadas com uma política monetária recessiva promovida pelo Banco Central, derrubaram as expectativas de desempenho mais vigoroso da economia em 2001, como se imaginava no início do ano. Com base na previsão do BC de crescimento de 2% para o PIB (Produto Interno Bruto) – medida de toda a riqueza produzida pelo País – em 2001, a renda do brasileiro neste ano aumentará somente 0,6%. De acordo com a média das projeções do mercado para o PIB (1,7%), divulgada pelo BC no Relatório Focus, o crescimento da renda seria de 0,3% em 2001. Pelas estimativas das instituições financeiras para este ano e 2002 (do mesmo Relatório Focus), a renda das famílias brasileiras terá crescido ao final do governo Fernando Henrique 1,06% ao ano, em média, ao longo dos oito anos de mandato do presidente. Numa comparação simplista, seria como se uma família com ganhos totais de R$ 500, em janeiro de 1995, chegasse a dezembro de 2002 com renda de R$ 544 – ganho de 8,8% no período. O cálculo da renda é uma função do aumento do PIB pelo crescimento da população. É o que se chama de PIB per capita. INSS paga setembro hoje Quem tem alguma coisa a receber do INSS e pensava que não veria o dinheirinho por causa da greve dos servidores daquele órgão, deve ficar atento. Segundo a Assessoria de Comunicação Social da Previdência Social, a partir de hoje começam a ser pagos os benefícios referentes ao mês de setembro. De acordo com a Assessoria do INSS, apesar da paralisação dos servidores, não haverá atraso nos pagamentos da folha, que totalizam R$ 6,1 bilhões. O segurado deve ficar atento ao último número do benefício: receberão na segunda-feira os aposentados e pensionistas com benefícios terminados em 1; na terça-feira, com final 2, e assim por diante. O último dia de pagamento é 15 de outubro, quando recebem as pessoas que têm benefícios com final zero. Consultor recomenda adesão à perda do FGTS Dia 5 de novembro começará a ser distribuído o formulário para a adesão ao pagamento que o governo federal fará a quem tem diferença do FGTS a receber por conta dos expurgos dos planos Verão e Collor 1. Segundo o consultor especializado no assunto e presidente do Instituto FGTS Fácil, Mario Alberto Avelino ( www.fgtsfacil.org.br ), "quem ainda não entrou com ação deve assinar o termo de adesão." Ele diz que entrar com ação agora pode levar mais de oito anos para receber. Além disso, ele enumera outros fatores: quem tem até R$ 1.000 para receber (cerca de 54 milhões de contas) terá muito pouco a perder (2,75%) e receberá em junho de 2002; quem tem mais de R$ 1.000 e até R$ 2.000 receberá até janeiro de 2003 e perderá 3,77%; quem tem mais de R$ 2.000 poderá comprar títulos públicos e depois revendê-los aos bancos (mesmo com deságio, ainda assim será vantagem, pois poderá receber muito antes do que receberia se fosse à Justiça); aposentados receberão de uma vez só, qualquer que seja o valor. Artigos A polícia que o cidadão quer José Luiz oliveira Espera-se da polícia atuação consciente e de respeito ao cidadão. Para combater o crime com eficiência não é necessário violar direitos; mostrar serviço não é incluir todo mundo no rol de suspeitos e deixar para o acusado a missão de provar sua inocência, numa inversão terrível e cruel do processo investigativo em que cabe à polícia reunir provas para acusar alguém. Polícia atuante não é aquela que sai atirando a esmo e acertando inocentes. Polícia atuante é aquela que sabe quando e como abordar um suspeito sem colocar em risco a vida de quem está ao redor; que é educada, mas sabe ser dura quando necessário. Uma polícia que cumpre suas atribuições sem arranhar os direitos dos outros não está fazendo nada de excepcional. É como ser honesto. A honestidade não deveria ser encarada como uma virtude, uma qualidade, algo extraordinário. O certo é ser honesto e pronto. Diferente é quem é desonesto. Mas a bandalheira dos homens é tão grande que a honestidade virou qualidade. "Eu sou honesto", diz o comerciante. "Competência e honestidade", diz a propaganda do político. No caso da polícia, criada para prender bandidos e proteger o cidadão – portanto é isso que se espera dela – , as ações negativas ganham dimensão na mídia. Pouco ou quase nada se fala das operações de sucesso, que superam aquelas em números extraordinários. Quase ninguém falou, por exemplo, na prisão, em flagrante, de dois homens que assaltaram um comerciante no Lago Sul, semana passada. Os bandidos, de moto, abordaram a vítima no semáforo da QI 7. Uma guarnição da Polícia Militar estava parada no mesmo semáforo. O cabo Carlos Wilson Ferreira, que estava na direção, viu o assalto pelo retrovisor. Outras três guarnições se juntaram à de Carlos Wilson e os assaltantes foram presos depois de uma troca de tiros. Os assaltos com motos, veículo de fácil condução no trânsito, têm aumentado. E são cada vez mais violentos. Se a vítima mostra resistência, os bandidos atiram. Inúmeras pessoas foram feridas, outras morreram com tiros à queima-roupa. Pelas próprias características, este é um crime difícil de coibir. Geralmente, os assaltantes usam capacetes e as motos, evidentemente, têm placas falsificadas. Agem em dupla: um toma o dinheiro e o outro pilota, desaparecendo entre os carros. As vítimas são escolhidas dentro dos bancos Por tudo isso, a ação da Polícia Militar no Lago Sul precisa ser enaltecida. O cabo Wilson deu o exemplo de como um policial deve comportar-se na rua: atento a tudo, de olho na proteção do cidadão. Se não tivesse olhado pelo retrovisor, seria mais um assalto impune. Colunistas Claudio Humberto Passeios e poluição demais Só em setembro deste ano, o governo federal gastou R$ 31,1 milhões em passagens aéreas (R$ 4.470.252,25 para o exterior), segundo números do Sistema de Administração Financeira (Siafi) a que esta coluna teve acesso. Investiu mais nos deslocamentos à conta da Viúva do que num programa essencial à saúde da população do Rio – o de Controle da Poluição e Derramamento de Óleo da Baía de Guanabara, onde investiu irrisórios R$ 21,5 milhões em 19 meses, em 2000 e 2001. FhC-Tur Esta é para quem não se impressiona com os R$ 31.101.403,28 torrados pelo governo federal, só em setembro de 2001, em passagens aéreas: no "acumulado do ano", desde janeiro, a fábula atinge R$ 226,1 milhões. Pasta romana A bancada de ACM não é mole, não. Após garantir a derrota de Jader no Conselho de Ética, agora fará o ministro Andrea Matarazzo comer a pasta que o diabo amassou, na sua sabatina da Comissão de Relações Exteriores do Senado, como futuro embaixador em Roma. ACM não engole a demissão do amigo embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima. Um pouco de Malan Lula não defende mais calote na dívida externa, quer promover reforma agrária pacífica, bajula empresários e agora destaca a importância do capital estrangeiro. Parafraseando o seu marqueteiro Duda Mendonça, no fundo, no fundo, Lula tem um pouco de Pedro Malan. Pensando bem... ...essa tal de Virginia Woolf também tem conta no Banpará? Guerra na Saúde Especialista em criar guerra onde há paz, o ministro José Serra vai encontrar um clima de beligerância na reunião do Conselho Nacional de Saúde, esta semana, em Brasília. Tudo por causa de uma portaria em que transfere ao secretário de Políticas da Saúde, Cláudio Fonseca, atribuições específicas do conselho, na área de ciência e tecnologia. Alvíssimo Pelas fotografias mais recentes, dá para notar que Sadam Hussein não é mais moreno, é alvo. Divino 45 Desde que assumiu a presidência do Superior Tribunal de Justiça, o ministro Paulo Costa Leite luta no Congresso para limitar os recursos em uma causa. É o caso do assassinato do jornalista Mário Eugênio, há quase 17 anos, em Brasília. Condenado, Divino 45, o réu, já apelou sete vezes no mesmo processo, só para retardar a aplicação da pena. Em campanha Eminência parda mineira, o secretário Henrique Hargreaves já avisou ao chefe, Itamar Franco, que é candidato a deputado federal, em 2002. Terra de ninguém Está mais para Cabul a situação no município de Itambé (PE), segundo o líder do PT na assembléia pernambucana, Paulo Rubem Santiago. Grupos de extermínio intimidam quem ousa denunciá-los, como o vereador petista Manoel Mattos. A segurança pública local consiste num agente judiciário perdido no espaço, pois não há nem delegado. Humor negro – Por que os pilotos de Osama bin Laden aprendem tão depressa? – Porque eles não precisam saber decolar nem aterrissar. Briga virtual Depois de um longo período à sombra do poder, o ex-governador paranaense José Richa agora quer ser o mandachuva do PSDB e até arrumou uma briga só para se "descolar" do governador Jaime Lerner. Mas, no Paraná, ninguém acredita nisso, porque sabe que Richa perdeu os interesses da multinacional GTech no serviço de loteria do Paraná. Reação suspeita O National Media Watch Group (fair.org), que analisa a imprensa americana, questiona o noticiário sobre a reação de Bush ao ser informado dos ataques do dia 11. Lia uma história para uma menina numa escola da Flórida; pareceu "sombrio", parou, e continuou lendo. O grupo acha que deveria ter parado e se informado mais com o assessor. A peixeira de Alá Conhecido por liderar invasões de prédios públicos e movimentos sem-terra, o deputado petista Frei Anastácio, da Pastoral da Terra, ganhou apelido de Bin Laden. O governo paraibano tem pavor do homem. Caçando bin Laden Escondido dentro das montanhas do Afeganistão, o inimigo número um mandou avisar que o buraco é mais embaixo. Poder sem pudor Como se escreve Em discurso na Câmara, em 1964, o deputado paraibano Raimundo Asfora chamou o ditador, marechal Castello Branco, de "corcunda do nosso drama". Um governista, Mendes de Morais, resolveu insultar o valente oposicionista. Com calma e verve, Asfora devolveu em versos: – Por uma fatalidade/Dessas que o fado compôs/Merda se escreve com M/E Mendes Morais com dois! O governista se calou para sempre. Editorial Comércio fechado A Câmara Legislativa fez um gol contra ao proibir o funcionamento do comércio aos domingos, com a derrubada do veto do governador Roriz. Os comerciários alegam que os donos de lojas exploram seus funcionários, pois a mesma equipe que trabalha durante a semana é obrigada a trabalhar aos domingos. Se assim for, não seria mais sensato permitir a abertura do comércio desde que os comerciantes se comprometessem a fazer novas contratações para o domingo e negociassem com seus funcionários folgas em outros dias, ou qualquer outra compensação? Do jeito que ficou, a cidade sai perdendo e apenas o comércio ilegal sai ganhando. Brasília já se acostumou a fazer compras aos domingos, indo ao supermercado, ou misturando consumo e lazer nos shoppings. Além disso, o funcionamento do comércio aos domingos pode significar a criação de novos empregos, se isso for estabelecido em lei. Do jeito que foi feito, dá a impressão que a vitória dos comerciários é mais importante do que a vida dos demais habitantes do DF. Abrir aos domingos deveria ser uma possibilidade aberta a todos os comerciantes, desde que fosse cumprida a lei e essa permissão revertesse em benefício da cidade, com mais empregos e impostos. Proibir apenas é ir contra a corrente. Topo da página

10/01/2001


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