Contra Serra, Ciro ameaça desenterrar denúncias de corrupção no









Contra Serra, Ciro ameaça desenterrar denúncias de corrupção no governo FH
PORTO ALEGRE e MONTES CLAROS (MG). O candidato da Frente Trabalhista à Presidência, Ciro Gomes, subiu o tom dos ataques ao adversário tucano, José Serra, e ao governo Fernando Henrique Cardoso, ameaçando desenterrar denúncias de corrupção. Ciro se referiu aos tucanos paulistas como “barões de São Paulo” e chamou o governo Fernando Henrique de entreguista. Perguntado sobre o que pretendia usar contra Serra na campanha, listou os principais escândalos do governo:

— Começa pelo Sivam: não há um só responsável indicado para punição. Evolui para os casos Sudam, Sudene, as privatizações da telefonia, BNDES, Ricardo Sérgio, avança pelo DNER, vai indo pela corretora Link, dos filhos de Mendonça de Barros. Tudo isso é de domínio público. Quem não está cumprindo seus deveres é um certo setor da grande mídia — disse o candidato.

Ciro deve levar ao ar nos próximos dias em seu programa eleitoral, segundo membros de sua equipe, notícias sobre todos esses casos.

“Não é em vão que vou citar o santo nome”, diz Ciro
Irritado com os ataques que tem sofrido no horário eleitoral de Serra na TV, Ciro disse que Jesus Cristo também seria chamado por pessoas do PSDB de destemperado e de pavio curto se seu comportamento fosse analisado à época em que ele expulsou os vendilhões do templo. Temendo a má interpretação de suas palavras, procurou antes fazer uma ressalva. A preocupação, segundo ele, é que suas palavras sejam usadas para prejudicá-lo, como no episódio em que chamou o ouvinte de uma rádio da Bahia de burro.

— Não é em vão o que vou fazer agora, ao citar o santo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sei que não tenho direito nem de lamber o chão onde Jesus pisou mas, se ele fosse olhado quando expulsou os vendilhões do templo, essa gente (do PSDB) teria coragem de chamá-lo de destemperado ou de pavio curto — disse Ciro, em entrevista na qual os jornalistas não tinham direito a uma segunda pergunta.

Vestindo poncho, traje típico dos gaúchos, Ciro Gomes — que visitou a Exposição Internacional de Animais do Rio Grande do Sul (Expointer) em Esteio — foi evasivo ao tentar explicar sua queda nas pesquisas, cuja divulgação criticou. Para ele, as pesquisas têm pouca confiabilidade.

Integrantes da equipe da Frente Trabalhista tentam convencer Ciro a ser menos agressivo nas entrevistas. Ontem, ele reconheceu que algumas vezes usa palavras duras, mas “sempre dentro da ética e da responsabilidade”, diz.

O comportamento intempestivo de Ciro foi destacado pelo presidente de honra do PDT, Leonel Brizola, que o acompanhou na visita ao Rio Grande do Sul. Perguntado sobre a queda nas pesquisas e as declarações de Ciro que vêm sendo usadas pelos adversários, Brizola foi enfático:

— Ciro não é perfeito, ele erra e pisa em cascas de banana de vez em quando. Eu mesmo piso de vez em quando.

Patrícia Pillar, que também acompanhava o candidato, foi lacônica quando perguntada, antes da coletiva, sobre as declarações de seu marido, de que seu principal papel na campanha era o de dormir com ele. Patrícia virou as costas e, fechando o sorriso, disse:

— Não há chances de eu falar mais sobre isso.

Em discurso na noite de sábado, Ciro mandou um recado aos “barões de São Paulo”, numa referência nada sutil aos tucanos paulistas. Falando numa escola técnica de Montes Claros (MG), Ciro avisou que não será amansado. E fez duras críticas ao adversário tucano, a quem chamou de “desleal, covarde e desleal”.

— Estou dizendo para os barões de São Paulo. Não vou ser amansado. Posso até voltar para casa de cabeça erguida. Posso até largar a vida pública. Mas, enquanto por vocação eu estiver na vida pública, não serei levado pelo cabresto de barão de São Paulo. Que isso fique bem claro — disse.

Ironia para falar dos “barões de São Paulo”
Ao ser perguntado quem eram os “barões de São Paulo”, Ciro foi irônico:

— Certamente não é o povo trabalhador de São Paulo, que tem 1,7 milhão de desempregados só na capital e pelo qual tenho o maior respeito.

As baterias da Frente Trabalhista estarão voltadas para Serra. Um exemplo das críticas foi dado no discurso.

— O candidato de um governo que produziu 11,2 milhões de desempregados tem o desplante de ir à TV dizer que é o candidato da mudança e que vai criar oito milhões de empregos — disse Ciro.


Debate em alta temperatura
Os resultados das pesquisas divulgadas no fim de semana, que confirmam o empate técnico entre os candidatos José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS), deverão elevar a temperatura do debate entre os candidatos à Presidência que será realizado hoje à noite, a partir das 21h20m, na TV Record. Serra deve manter a estratégia de ataques a Ciro, que deu novo ânimo ao tucano. Além de rebater Serra, Ciro, em queda nas pesquisas, elegeu um novo alvo: Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Líder absoluto, Lula, que passou incólume até agora, manterá a postura “Lulinha paz e amor” e se restringirá a apresentar suas propostas de governo. Anthony Garotinho (PSB), estacionado em quarto lugar, pretende repetir a dose do último debate e acionar sua metralhadora giratória.

No sábado, a pesquisa Datafolha registrou Lula com 37% da preferência do eleitorado, e Ciro e Serra em empate técnico — o primeiro com 20% e o segundo com 19%. Garotinho ficou com 10%.

Sábado à noite, em Montes Claros (MG), Ciro provocou o tucano:

— Saio de Minas Gerais com a pilha inteira carregada. E eles que venham porque sou um homem sério e o candidato do governo não pode falar olhando no olho de um brasileiro sério — afirmou.

Os aliados confirmam:

— O debate deverá mostrar uma fotografia do momento, no qual Serra e Ciro são adversários, inimigos e se odeiam mortalmente — resumiu o deputado João Herrmann Neto (PPS), um dos coordenadores da campanha de Ciro.

Ciro e Serra se sentarão lado a lado
As atenções deverão estar voltadas para Ciro e Serra, que se sentarão lado a lado. Os dois vêm trocando acusações há semanas. Seus assessores e aliados dão uma amostra do que deverá ser o debate.

— O principal adversário de Ciro é ele próprio. A declaração sobre Patrícia Pillar (“o melhor papel dela é dormir comigo”) resume o que ele acha das mulheres. É um autoritário, tanto que se deu bem com o regime militar. Ele encarnou a personagem do típico covardão — disse o presidente nacional do PSDB, José Aníbal.

— Não precisamos de um Nizan Guanaes para travestir nosso candidato — rebateu Herrmann.

Para Aníbal, os resultados das últimas pesquisas são muito bons para Serra graças ao início da propaganda eleitoral na TV e mostram que a campanha, finalmente, pegou “um vento a favor”. Segundo ele, a cúpula tucana considerou a estratégia de ataques a Ciro acertada e deve manter o bombardeio.

Depois de o próprio Ciro dizer que a aproximação entre o PT e o governo faz parte da estratégia da oligarquia paulista, Herrmann deu uma amostra dos argumentos que o candidato do PPS deverá usar hoje para tentar tirar votos de Lula.

— Esse cara (Lula) que foi herói da minha geração elogiou o (Emílio Garrastazu) Médici (presidente na fase mais dura do regime militar). Não merece mais o meu respeito. É o triste fim de um líder das oposições — disse Herrmann.

— Não temos necessidade de mostrar que somos oposição. Nunca fizemos parte do governo. O que precisamos é ampliar as alianças e fazer um discurso de propostas.

“É Lulinha paz e amor mesmo”, afirma Duda
Segundo o publicitário de Lula, Duda Mendonça, nem mesmo a possibilidade de ser alvo de ataq ues mudará a linha da campanha, considerada perfeita pelo PT.

— É Lulinha paz e amor mesmo. Vamos continuar exatamente como estamos — disse Duda.

— Ciro se preparou para os debates desde o dia que entrou na vida pública. Como não precisa pensar para falar, costuma passar mais credibilidade — disse o publicitário de Ciro, Einhardt Jacome da Paz.

Garotinho pretende repetir no debate de hoje a performance de franco-atirador que teve no programa da TV Bandeirantes há um mês. Segundo Garotinho, o debate é o momento de confrontar idéias. Ele disse que pretende provocar os adversários para mostrar contradições e que esse é o papel que os eleitores esperam dos candidatos:

— Adoto para cada momento da campanha uma estratégia diferente. O programa eleitoral é de propostas e o debate, o nome está dizendo, é para confrontar as posições. Senão vira um falatório sem sentido. Não vou para o debate água-com-açúcar — disse Garotinho, que ontem gravou seu programa no horário eleitoral na TV.

Garotinho deu uma pequena amostra do que dirá no debate:

— Hoje sou o único candidato de oposição. Lula fez acordo com Sarney. Ciro, com Antonio Carlos Magalhães e Serra já é o próprio candidato do governo.


Eleições podem trazer grandes embates ao novo Senado
BRASÍLIA. O próximo presidente precisará de jogo de cintura e maior capacidade de diálogo que Fernando Henrique Cardoso para lidar com o novo time de senadores eleitos em outubro. Disputam as duas vagas em cada estado, com reais chances de vitória, políticos de grande expressão nacional e antagônicos ideologicamente. Além de trazer de volta grandes embates à Casa, a nova composição exigirá do novo chefe do Executivo muita negociação individual.

Único entre os candidatos que já foi senador, o tucano José Serra enfrentará as maiores dificuldades, a se confirmarem as últimas pesquisas ao Senado. A maior parte dos caciques não apóia sua candidatura e, entre eles, há quem carregue mágoas do tucano. Os pefelistas Antonio Carlos Magalhães (BA) e Jorge Bornhausen (SC), o tucano Tasso Jereissati (CE) e o pedetista Leonel Brizola (RJ) estão com Ciro. O senador José Sarney (AP), os ex-governadores Orestes Quércia (SP) e Cristovam Buarque (DF) estão com o Lula.

Quércia disputa a vaga com o petista Aloizio Mercadante. A ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, estará com qualquer um dos dois, menos com Serra, a quem responsabiliza pelo fracasso de sua candidatura à Presidência.

Entre os nomes mais expressivos, devem ser eleitos o vice-presidente Marco Maciel, o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo e o líder do governo no Congresso, Artur Virgílio Neto (AM), que apóiam Serra. Mas outros tucanos de peso enfrentam problemas, como o presidente do partido José Aníbal e os líderes do governo e do PSDB no Senado, Artur da Távola (RJ) e Geraldo Melo (RN).

Segundo David Fleischer, cientista político e professor da Universidade de Brasília, a negociação no Senado não segue os mesmos padrões da Câmara, em que se mobiliza bancadas. Fleischer pondera que os senadores, até os de oposição, tendem a ter posições individuais, e isso se amplia no caso de nomes fortes, como os que devem se eleger nesta eleição.

— O novo presidente terá que negociar muito e encontrar brechas na apertada situação fiscal e orçamentária de 2003. O jeito será liberar verbas, adotando o fisiologismo transparente — diz.

Ex-mulher de Ciro Gomes tem chances de se eleger
Entre os nomes novos com chances reais de se eleger estão a ex-mulher de Ciro Gomes, Patrícia Gomes, e o filho do senador Bornhausen, Paulo Bornhausen (PFL-SC). Outro que desponta é o bispo Marcelo Crivella (PL), da Igreja Universal do Reino de Deus, que ameaça a eleição de Brizola e Artur da Távola no Rio. No Pará, a petista Ana Júlia Carepa (PT) lidera as pesquisas e deverá contribuir para aumentar a bancada feminina no Senado que tem cinco mulheres. Para o próximo mandato, a bancada deve crescer de 7 a 11 senadoras.

Relações familiares deverão ser uma singularidade do novo Senado: pais e filhos, como Roseana e José Sarney, e Bornhausen e Paulo; marido e mulher, e os homônimos Iris Rezende caso o senador Maguito Vilella (PMDB-GO) — que tem a mulher de Iris, também chamada Iris, como suplente — se eleja governador no estado.

Segundo previsões do Instituto de Estudos Sócio Econômicos (Inesc) e do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), dos 33 senadores que disputam a reeleição 20 têm chances de vitória. Entre eles, Marina Silva (PT-AC), os alagoanos Teotônio Vilela Filho (PSDB) e Renan Calheiros (PMDB), Iris Rezende (PMDB-GO), Carlos Bezerra (PMDB-MT), Ramez Tebet (PMDB-MS), Osmar Dias (PDT-PR), Romero Jucá (PSDB-RR) e Romeu Tuma (PFL-SP).

O Diap e o Inesc concordam que o PMDB será maioria no Senado, seguido do PFL e do PSDB. Segundo estudo do Inesc, isso acontece porque, entre os 27 senadores que continuam com mandato até 2006, 10 são peemedebistas, cinco pefelistas, quatro petistas e três tucanos.

A casa ganha estrelas, mas perde o senador Roberto Freire (PPS-PE), que se candidatou a deputado federal, e José Eduardo Dutra (SE), que concorre ao governo de Sergipe. Nove senadores que terminam seus mandatos este ano estão deixando a vida pública.


Zeca do PT nega envolvimento com criminosos
CAMPO GRANDE. O governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, atribuiu ontem a denúncia de que estaria envolvido com uma quadrilha de roubo de veículos à campanha eleitoral. Candidato à reeleição, Zeca disse acreditar que a denúncia visa a desmoralizar a sua candidatura e a prejudicar o candidato do PT à presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

Zeca diz que promotores serão processados
A Procuradoria Geral do Estado, segundo Zeca, vai processar civil e criminalmente os quatro promotores do Ministério Público estadual que divulgaram um relatório reservado com suspeitas contra ele. Os promotores são Luis Alberto Saffraider, Humberto Ferri, Edgar Roberto Lemos de Miranda e Paulo Cezar Zeni.

Zeca reuniu-se ontem com representantes do governo, da Assembléia Legislativa, do Tribunal de Contas, do Ministério Público, da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil e do Tribunal de Justiça.

—- É muito estranho o fato do relatório do Ministério Público ter sido concluído em fevereiro e divulgado apenas no período eleitoral —- disse Zeca, após a reunião.

A pesquisa mais recente do Ibope mostra que o governador pode ser reeleito no primeiro turno. Zeca está com 46% das intenções de voto, contra 26% da deputada Marisa Serrano (PSDB). Moacir Khol (PDT) tem 8% e Carlos Marum (PTB), 1%.

As investigações dos promotores resultaram no escândalo envolvendo policiais do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), uma força estadual. O caso terminou com a condenação de 29 pessoas, incluindo dois oficiais nomeados por Zeca, acusados de chefiar a quadrilha.

O procurador-geral de Justiça do estado, Sérgio Morelli, disse que o relatório dos promotores foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça por causa do envolvimento de pessoas da confiança de Zeca com membros da quadrilha, como o ex-secretário de Segurança Pública Franklin Masruha, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

O elo entre os colaboradores e o governador, segundo os promotores, seria Adão Edmilson Leite de Moares, um criminoso morto recentemente em confronto com policiais, em Porto Murtinho, terra natal de Zeca. Adão era a principal testemunha de Zeca numa representação por calúnia movida pelo governador contra o presidente da Associação dos Procuradores do estado, Norton Camatte. A polícia tem indícios de que Adão era ligado aos policiais do caso DOF, que foram acusados de abuso de poder e envolvimento com trafic antes e contrabandistas.


Frio e chuva mudam agenda de candidatos
CAMPOS e RIO.O mau tempo e a chuva de ontem atrapalharam a campanha dos candidatos ao governo do estado. A temperatura máxima de 20,9 graus, registrada no Jardim Botânico, e a mínima, de 14,6 graus, no Alto da Boa Vista, fez o candidato da Frente Trabalhista (PDT-PTB-PPS), Jorge Roberto Silveira, passar o dia trancado com assessores no comitê, a 35 dias das eleições, estudando novas estratégias de campanha.

A candidata da coligação Todos pelo Rio (PFL-PMDB-PSDB), Solange Amaral, foi a única a fazer campanha. Pela manhã, ela almoçou com representantes da Associação Comercial do Recreio, em Vargem Grande, e, à tarde, se reuniu com lideranças comunitárias em Jacarepaguá. A pefelista chegou a comemorar o crescimento de 6% de José Serra, candidato da coligação à Presidência.

— Isso pode ajudar a nossa campanha para chegar ao segundo turno. Nosso crescimento, por sinal, já foi constato pelas pesquisas que divulgaram o empate técnico entre mim e Benedita da Silva — disse a candidata do PFL, que afirmou que levaria o metrô até Jacarepaguá.

Rosinha diz que Lula está fechando portas com o PSB
Já Rosinha Matheus, candidata do PSB, cancelou seu único compromisso de campanha marcado para ontem: um showmício à noite no piscinão de Ramos, na Zona Norte do Rio. Rosinha aproveitou para visitar a tia no hospital Santa Cruz, em Niterói. A candidata do PSB afirmou ontem que Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência pode inviabilizar uma possível aliança com o PSB no segundo turno das eleições.

— As críticas de Lula à administração Garotinho podem fechar portas para uma aliança no segundo turno, caso ele dispute com outro candidato que não seja o do PSB. Eles não podem nos esculhambar e depois virem atrás do nosso apoio — disse Rosinha.

Disputando a reeleição pelo PT, a governadora Benedita da Silva, que tirou o dia para cumprir a agenda de governo — participou do primeiro encontro de agentes de saúde, no Maracanãzinho, e do 17 congresso mundial de petróleo, na Barra — , também acabou cancelando seu compromisso de campanha de ontem: assistir à posse do cantor Dominguinhos do Estácio na presidência da Estácio Mirim, na quadra da escola de samba Estácio de Sá. A assessoria de imprensa de Benedita fez questão de frisar que o evento foi cancelado pela escola.

Debate discutirá investimentos no interior
Os candidatos ao governo do Rio participam amanhã, em Campos, no Norte Fluminense, de um debate cujo foco será o interior do estado. Somente Rosinha Matheus — líder nas pesquisas e com domicílio eleitoral no município —, não confirmou presença no debate, alegando que já marcara outro compromisso de sua campanha.

O debate, promovido pelo jornal Folha da Manhã, será transmitido por um pool de rádios formado por emissoras do Norte Fluminense. Terá início às 20h, sendo realizado no auditório da Associação Comercial no Centro da cidade, onde só terão acesso jornalistas e assessores dos candidatos. Segundo a diretora do jornal que promove o debate, Diva Abreu Barbosa o objetivo é mostrar a importância que o interior representa no contexto geral do estado.

Principal reduto eleitoral da candidata do PSB, Rosinha Matheus, o Norte Fluminense tem cerca de 600 mil votos, sendo mais de 250 mil em Campos.


Frio e chuva mudam agenda de candidatos
CAMPOS e RIO.O mau tempo e a chuva de ontem atrapalharam a campanha dos candidatos ao governo do estado. A temperatura máxima de 20,9 graus, registrada no Jardim Botânico, e a mínima, de 14,6 graus, no Alto da Boa Vista, fez o candidato da Frente Trabalhista (PDT-PTB-PPS), Jorge Roberto Silveira, passar o dia trancado com assessores no comitê, a 35 dias das eleições, estudando novas estratégias de campanha.

A candidata da coligação Todos pelo Rio (PFL-PMDB-PSDB), Solange Amaral, foi a única a fazer campanha. Pela manhã, ela almoçou com representantes da Associação Comercial do Recreio, em Vargem Grande, e, à tarde, se reuniu com lideranças comunitárias em Jacarepaguá. A pefelista chegou a comemorar o crescimento de 6% de José Serra, candidato da coligação à Presidência.

— Isso pode ajudar a nossa campanha para chegar ao segundo turno. Nosso crescimento, por sinal, já foi constato pelas pesquisas que divulgaram o empate técnico entre mim e Benedita da Silva — disse a candidata do PFL, que afirmou que levaria o metrô até Jacarepaguá.

Rosinha diz que Lula está fechando portas com o PSB
Já Rosinha Matheus, candidata do PSB, cancelou seu único compromisso de campanha marcado para ontem: um showmício à noite no piscinão de Ramos, na Zona Norte do Rio. Rosinha aproveitou para visitar a tia no hospital Santa Cruz, em Niterói. A candidata do PSB afirmou ontem que Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência pode inviabilizar uma possível aliança com o PSB no segundo turno das eleições.

— As críticas de Lula à administração Garotinho podem fechar portas para uma aliança no segundo turno, caso ele dispute com outro candidato que não seja o do PSB. Eles não podem nos esculhambar e depois virem atrás do nosso apoio — disse Rosinha.

Disputando a reeleição pelo PT, a governadora Benedita da Silva, que tirou o dia para cumprir a agenda de governo — participou do primeiro encontro de agentes de saúde, no Maracanãzinho, e do 17 congresso mundial de petróleo, na Barra — , também acabou cancelando seu compromisso de campanha de ontem: assistir à posse do cantor Dominguinhos do Estácio na presidência da Estácio Mirim, na quadra da escola de samba Estácio de Sá. A assessoria de imprensa de Benedita fez questão de frisar que o evento foi cancelado pela escola.

Debate discutirá investimentos no interior
Os candidatos ao governo do Rio participam amanhã, em Campos, no Norte Fluminense, de um debate cujo foco será o interior do estado. Somente Rosinha Matheus — líder nas pesquisas e com domicílio eleitoral no município —, não confirmou presença no debate, alegando que já marcara outro compromisso de sua campanha.

O debate, promovido pelo jornal Folha da Manhã, será transmitido por um pool de rádios formado por emissoras do Norte Fluminense. Terá início às 20h, sendo realizado no auditório da Associação Comercial no Centro da cidade, onde só terão acesso jornalistas e assessores dos candidatos. Segundo a diretora do jornal que promove o debate, Diva Abreu Barbosa o objetivo é mostrar a importância que o interior representa no contexto geral do estado.

Principal reduto eleitoral da candidata do PSB, Rosinha Matheus, o Norte Fluminense tem cerca de 600 mil votos, sendo mais de 250 mil em Campos.


Artigos

Vencer, vencendo
Milton Temer

Lionel Jospin, confiando nas pesquisas da campanha presidencial na França, resolveu aceitar o que os marqueteiros consideravam de bom senso — amenizar o discurso. Nenhum compromisso com o programa socialista partidário. Deu no que deu: eliminação do segundo turno, em benefício do fascista Le Pen, porque boa parte do seu eleitorado natural, sem referencial identificado, escolheu a abstenção.

Já havia acontecido com Massimo D’Alema, ao suicidar o saudoso Partido Comunista Italiano pelos caminhos da “modernidade de centro-esquerda”. Limites de espaço nos obrigam a passar ao lado de baixo do Equador. À Bolívia, particularmente, onde uma seta indicou um caminho de senso inverso.

Lançada pelo índio Evo Morales, pôs em polvorosa, para além das oligarquias locais, o embaixador americano em La Paz, com o programa do seu MAS (Movimento ao Socialismo), numa campanha presidencial considerada inviável. Fundia a defesa da tradição cocaleira indígena com o anúncio de um programa de transformações sociais profundas. Terminou indo para o segundo turno, e só não ganhou porque, pelas leis bolivianas, a decisão seria no Congresso, e não no voto direto.

O que pretendemos com tais exemplos? Simplesmente confirmar que o processo eleitoral impõe uma opção aos partidos de esquerda. Para que querem vencer as eleições? Para garantir a continuidade do status quo , com alguns reparos aqui e ali, de molde a não incomodarem o establishment? Ou para enfrentar o desafio da superação dos obstáculos às propostas de transformação social, política e econômica que marcam suas histórias?

A segunda opção nunca foi fácil. Mas não existe outra. Porque se buscam o beneplácito daqueles que se locupletam com a ordem vigente, não têm como garantir a sustentação social de uma alternativa política distinta. Aos dois senhores é que não podem servir. Rousseau, no seu “Contrato social”, já ironizava os ingleses por se considerarem livres apenas porque elegiam seus parlamentares e governantes a cada cinco anos. Depositado voto na urna, qual seria o poder deles até a eleição seguinte? Se queremos ser livres de fato, temos que fazer do processo eleitoral uma expressão do movimento real da sociedade, com suas contradições e antagonismos, e não um simples ato de sujeição ao senso comum, ou uma mera escolha entre quase iguais.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO – Ilimar Franco

A força do centro
As eleições presidenciais podem desencadear uma mudança brusca no poder no caso de uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, nas eleições para o Congresso, nenhuma alteração significativa de forças deve sair das urnas em 6 de outubro. Os partidos que ocupam o centro do processo político — o PSDB e o PMDB — e que se uniram na disputa presidencial vão comandar o Legislativo.

As campanhas estão em andamento, mas já é possível prever o desempenho de cada partido nas eleições. O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) acaba de realizar uma pesquisa de campo com as projeções para a Câmara e o Senado. A principal conclusão é que os partidos que formaram a base do governo Fernando Henrique Cardoso — PSDB, PFL, PMDB e PPB — vão perder cadeiras na Câmara em relação às bancadas que elegeram em 1998. Já os partidos de oposição tanto à esquerda — PT, PPS, PSB e PCdoB — quanto à direita — PL e PTB — vão ganhar cadeiras.

Esta oscilação, segundo o diretor do Diap Antônio Augusto de Queiroz, será pequena, sendo que, à exceção do PPS, que elegeu apenas três deputados em 1998, nenhum partido dará um salto em sua representação. As maiores bancadas pela ordem serão o PFL, que deve eleger entre 80 e cem deputados; o PSDB, entre 80 e 95; o PMDB, entre 75 e 90; e o PT, entre 65 e 75 deputados. Mesmo conseguindo eleger a maior bancada, o PFL dificilmente fará o presidente da Câmara contra o bloco formado pelo PSDB e pelo PMDB. Suas chances estão relacionadas a uma vitória de Ciro Gomes e à formação de um novo núcleo de poder.

No Senado, conforme o Diap, a supremacia do PMDB deve se confirmar com uma bancada entre 22 e 26 senadores. O PFL perderia bastante terreno com uma bancada entre 11 e 15. O PSDB teria entre nove e 14 cadeiras. O PT é o que tem maior potencial de crescimento com a possibilidade de eleger uma bancada entre oito e 12. Isso indica que o PMDB continuará presidindo o Senado, até mesmo em função de sua aliança com o PSDB.

O levantamento feito pelo Diap mostra ainda que será alta a renovação no Senado — será de 60% em relação às 54 cadeiras em disputa. O mesmo não ocorre na Câmara onde a renovação será inferior a 40%.O PFL vai reunir o diretório nacional para decidir quem vai apoiar no segundo turno das eleições presidenciais. A liberação dos filiados só vale até 6 de outubro.

O medo do voto nulo
Os comandos das campanhas de candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais começam a se preocupar com a alta incidência do voto nulo nas eleições. Ocorre que os eleitores terão de votar seis vezes, sendo que as duas últimas para o governo e para a Presidência. Simulações feitas revelaram que alguns eleitores, menos instruídos, desistiram de continuar votando depois de terem escolhido candidatos a deputado federal, estadual e às duas vagas ao Senado.

Alguns governadores, com forte votação nas classes D e E já temem serem forçados a disputar o segundo turno por causa da complexidade do voto na urna eletrônica. Cada eleitor terá que dar 25 toques, 19 em algarismos e seis na tecla Confirma para votar. Sendo que, em 150 municípios, incluindo o Distrito Federal, será necessário mais um toque para a impressão do voto.

O fato complica a vida de todos os candidatos e gera grande incerteza. Na reta final da campanha, o programa de TV será usada para ensinar o eleitor a votar.

Voto casado
A ex-governadora Roseana Sarney não declarou seu voto mas já se decidiu pelo apoio a Lula como seu pai, o senador José Sarney (PMDB-AP). Mesmo que os rumores envolvendo Ciro persistam, o fato é que Roseana aprovou e foram impressos seis milhões de santinhos que ensinam os eleitores a votar na seguinte chapa: Roseana e Lobão para o Senado, Zé Reinaldo para o governo e Lula para presidente.

Dizem por aí...
O tucano José Serra está tão satisfeito com seu desempenho no Sul do país que não pretende pôr os pés em Santa Catarina. Lá, dois aliados, o governador Esperidião Amin (PPB) e Luiz Henrique da Silveira (PMDB), disputam o governo. Amin, que pode ganhar no primeiro turno, não quer Serra subindo no palanque do adversário. O peemedebista quer fazer um comício para o tucano mas este não responde ao convite.

O CHEFE da Casa Civil, Pedro Parente, e o ex-ministro de Minas e Energia senador José Jorge (PFL-PE) fizeram um ruidoso brinde durante almoço na semana que passou. A crise de energia foi ignorada até agora no debate sucessório.

O EX-PRESIDENTE da Faperj Fernando Peregrino recebe hoje medalha da Unesco pelo trabalho na área de desenvolvimento humano durante a gestão do governador Anthony Garotinho.

O PT decidiu que votará contra o projeto que cria foro privilegiado para julgar autoridades acusadas de crime no exercício do mandato. A proposta é de interesse do presidente Fernando Henrique Cardoso mas os petistas dizem que ela não tem respaldo na opinião pública.


Editorial

OBJETIVOS COMUNS

As eleições presidenciais de 2002 caminham para entrar na História. E não só porque possam representar uma das raras oportunidades na vida republicana brasileira em que um presidente passará a faixa a um sucessor da oposição eleito pelo voto direto. O momento político é especial também devido aos programas dos candidatos, ao momento que atravessam o país e o mundo e, ainda, à maturidade com que oposição e governo conduzem a transição.

A convergência das propostas básicas dos principais candidatos e o consenso existente entre eles em torno de questões-chave sobre o futuro do país marcam uma mudança qualitativa na maneira de se fazer política no país — e mudança para melhor.

As eleições de 2002 estão representando o sepultamento da clássica visão de ruptura que acompanhou durante toda uma vida frações representativas da esquerda brasileira. Nesse quadro, o cenário político do país tende a aproximar-se do estágio em que se encontram nações do Primeiro Mundo com uma história de formação social muito mais longa e densa que a nossa.

A falência da visão soviética de Estado e a consolidação — com todos os problemas que se conhece — de um mundo integrado e globalizado inviabilizaram posturas salvacionistas na administração pública (e até na vida das empresas).

Independentemente de partidos e ideologias, as sucessões buscam defender u m patrimônio comum: transparência administrativa, responsabilidade fiscal, pluralismo na representatividade política e equilíbrio entre os poderes da República. Em 2002, a política brasileira entra no século XXI.


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09/02/2002


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