Serra abre fogo contra Ciro
Serra abre fogo contra Ciro
Programa de tucano ataca adversário, lembrando frases dele em relação a aliados
BRASÍLIA - A campanha começou para valer. O horário gratuito, ontem à noite, ganhou a forma de declaração de guerra do tucano José Serra contra Ciro Gomes, da Frente Trabalhista. A anunciada trégua e o jogo limpo prometido pelo PSDB não duraram oito horas. Do início da tarde até a noite, os tucanos voltaram baterias contra o adversário com que disputam vaga no segundo turno e reproduziram ataques de Ciro ao PT e a seus atuais aliados.
''Ciro Gomes agride todo mundo'', anunciou o locutor, enquanto aparecia a foto de Ciro. ''Os políticos do PT são mijões na calça'', disse a voz, reproduzindo declaração do candidato, publicada na revista Veja em 19 de outubro de 1994. E continuou, apresentando frases de Ciro: ''Tenho nojo do PFL. Brizola é a fina flor do atraso. O Fleury é um aborto da natureza''. Os ataques tinham como alvo os novos aliados: o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, fiador do apoio branco do PFL, o presidente do PDT, Leonel Brizola, e o deputado Luiz Antônio Fleury Filho (PTB).
Foi mostrada a imagem do próprio Ciro, num programa de rádio, respondendo a perguntas de ouvintes. ''Eu sugiro que mande a pergunta pro primeiro-ministro da Suíça, porque a Suiça não tem presidente da República. Lá é parlamentarista. É só um aviso aí para esses petistas furibundos. Tem que fazer as perguntas com um pouco mais de cuidado para largar de ser burro'', disse o candidato. A entrevista foi concedida à Rádio Metrópole, de Salvador, no início do mês. Por fim, o locutor perguntava: ''Ciro: mudança ou problema?''
O bordão foi usado mais tarde nas inserções que foram ao ar após o programa eleitoral. Os ataques de Ciro ao PT e aos seus aliados de hoje foram mostrados e, em seguida, vinha sempre a pergunta: ''Ciro, mudança ou problema?''
As agressões tiveram resposta. ''O dragão da maldade está apelando para a ignorância'', disse Ciro, referindo-se a Serra. ''Mas já estamos sentindo o cheiro gostoso da vitória que se aproxima'', concluiu ele. ''Isso tudo é fruto do desespero'', minimizou o companheiro de chapa de Ciro, o sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
O advogado Hélio Parente, da Frente Trabalhista, disse ao Jornal do Brasil que a campanha de Ciro vai à Justiça contra os ataques. ''Estou estudando a melhor forma disso''.
O ataque foi uma reação ao desempenho de Ciro, que, ao contrário do que esperavam os tucanos, manteve os índices na última pesquisa do Ibope. ''Muita gente se omitiu com o Collor e deu no que deu'', afirmou o presidente do PSDB, José Aníbal. ''Somos um bando de haraquiri. Alguém tem que alertar. Não vamos deixar que a incoerência prevaleça'', disse o tucano, deixando claro que ''os ataques vão continuar''.
Na Frente Trabalhista a opinião dominante é que as agressões vão favorecer Ciro. ''Deixa bater bastante, quanto mais bate, mais Serra cai'', disse Paulinho. O deputado Emerson Kapaz (PPS-SP), que faz a ponte entre o candidato e empresários paulistas, também não se mostrou surpreso. ''Baixaram o nível da propaganda eleitoral''.
A cúpula tucana comemorou o fim da trégua, no comitê de Brasília. O líder na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), o coordenador Milton Selligman e o deputado Artur Virgílio, candidato ao Senado pelo Amazonas, assistiram juntos ao programa. No fim, aplaudiram de pé os destemperos verbais de Ciro. ''Foi um alerta à população para saber o que cada candidato diz e o que realmente faz'', disse Jutahy. Virgílio elogiou ''o tom mais forte'' do programa.
Lula afaga Itamar
No encontro com FH, petista pede por Minas Gerais
BRASÍLIA - Os dez minutos de conversa particular que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, teve com o presidente Fernando Henrique Cardoso, não param de render. O primeiro resultado foi o engajamento maior do governador de Minas Gerais, Itamar Franco, na campanha do candidato petista, formalizado ontem.
Lula aproveitou a conversa particular para fazer um afago em Itamar, a pedido do assessor especial do governador, Alexandre Dupeyrat. O apelo para que o presidente tratasse ''com carinho'' o pleito de ajuda financeira do governo federal a Minas Gerais deu certo. Ontem, Itamar esteve em São Paulo com o presidente do PT, José Dirceu, acertando a participação efetiva na campanha, com fotografia em outdoor e o comparecimento a vários eventos ao lado de Lula, inclusive fora de Minas.
Lula e FH confirmaram que o pedido foi feito na conversa reservada, solicitada pelo candidato e realizada no gabinete do presidente, ao lado da sala de reuniões. Eles teriam conversado também sobre a votação da regulamentação da alíquota mínima do ISS, que interessa à prefeitura de SP.
Em conversas reservadas o comando da campanha petista está fazendo circular uma versão mais apimentada. De acordo com dirigentes do PT, o presidente teria considerado Lula favorito na disputa e admitido apoiá-lo no segundo turno, caso o candidato do governo, José Serra (PSDB), seja eliminado.
A versão é adequada à nova estratégia da campanha de Lula. A Operação 65 vai concentrar os esforços nos três maiores Estados e nas 62 cidades mais populosas. O objetivo é conquistar o eleitor que se sentir órfão de Serra.
Nem Lula nem FH confirmam essa parte da conversa. O presidente disse no Uruguai que acredita na vitória de Serra e não terá candidato se ele não for para o segundo turno. ''Se por acaso não acontecer, eu sou o presidente do Brasil e vou atuar como pessoa magistrada, com equilíbrio'', assegurou Fernando Henrique.
Propostas de petista agradam banqueiros
SÃO PAULO - Os banqueiros e economistas que participaram ontem de um encontro com Luiz Inácio Lula da Silva saíram satisfeitos com as afirmações feitas pelo candidato do PT sobre o sistema financeiro. ''Ele se superou. Se houvesse aqui hoje uma eleição entre ele e o Ciro Gomes, candidato da Frente Trabalhista], o Lula levava'', disse o representante de um banco estrangeiro.
Alguns comentaram a situação de José Serra (PSDB). ''Se ele continuar caindo e chegar a 8% nas pesquisas, tem gente aqui que já vota no Lula no primeiro turno mesmo'', disse o representante de outro banco.
Nenhum dos banqueiros se manifestou contra o petista. ''O encontro foi muito bom. Acho que os dois lados ficaram surpresos um com o outro'', afirmou um representante de um dos cinco maiores bancos de varejo do país.
O PT e a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) vão montar um grupo que estude mudanças no sistema financeiro para aumentar o crédito ao setor produtivo. Segundo o presidente da Febraban, Gabriel Jorge Ferreira, ''a visão do PT sobre economia deixou boa impressão''.
Pesquisa indica Ciro e Lula no 2º turno
Serra e Garotinho perderam um ponto percentual
BRASÍLIA - Novos números do Ibope sobre a corrida presidencial, divulgados ontem, reafirmam a tendência de que Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e Ciro Gomes, do PPS, serão adversários no segundo turno. A exemplo da pesquisa Datafolha, de domingo, Lula aparece agora isolado na liderança, com dez pontos percentuais à frente do candidato trabalhista.
Segundo o Ibope, o petista tem 35%, um ponto percentual a mais que no levantamento anterior. Já o presidenciável do PPS tem 26% das intenções de voto, tendo perdido igualmente um ponto percentual. Bem atrás, José Serra (PSDB) tem 11% e Anthony Garotinho (PSB), está com 10%. Houve perda, e pelo mesmo índice dos outros candidatos.
A margem de erro da pesquisa é de 2,2% percentuais, para mais ou para menos. Numa simulação para o segundo turno, o petista o candidato da Frente Trabalhista estão empatados, ainda que o segundo apareça na frente: Cir o tem 44%, Lula 43%. Foram entrevistados 2 mil eleitores em 145 municípios, nos dias 17 a 19 de agosto.
Os aliados de Lula comemoraram. ''O resultado é muito bom. Confirma a tendência das últimas pesquisas e cada vez nos deixa mais seguros da estratégia de campanha'', comemora o secretário de Organização do Partido dos Trabalhadores, Sílvio Pereira.
O resultado também agradou ao comitê de campanha de Ciro. ''Está bom demais. Prova que o ele passou bem pela onda de ataques e começa bem colocado na disputa pelo segundo turno'', diz o coordenador da campanha de Ciro, Walfrido Mares Guia.
''Ciro passou por um momento difícil da campanha, foi alvo de todos os candidatos e manteve seu percentual. Serra, o grande atirador, continua caindo'', emenda o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE).
Para os tucanos, a salvação será o horário eleitoral. ''A pesquisa reflete um momento. Vamos aguardar o mês de setembro'', diz o coordenador da campanha, Pimenta da Veiga.
O presidente do PMDB no Rio de Janeiro, Moreira Franco acha que os números exigem mais esforço. ''Temos que trabalhar dobrado. Só não vejo com simpatia os tucanos que estão bicando Ciro Gomes e abrindo palanque para ele'', avalia.
Apesar do empate em terceiro e da oscilação negativa no índice de intenção de voto, o candidato dos socialistas, Anthony Garotinho também viu os números com otimismo. ''Eu que tenho uma campanha humilde, sem recursos, tenho esse índice, fico imaginando que se minha campanha tivesse mais recursos já teria passado os demais candidatos.
Batalha para salvar Benedita
Todos no PT estadual reconhecem que é uma batalha difícil: virar o jogo ''aos 30 minutos do segundo tempo'', conforme a imagem do deputado estadual Chico Alencar. A nova coordenação da campanha de Benedita da Silva se reuniu ontem de manhã e concluiu que uma das prioridades para tentar a virada é colar a imagem da candidata a Lula e ao próprio partido.
O candidato a presidente e a legenda hoje são mais bem aceitos do que a governadora, segundo pesquisas analisadas pelo partido. O Instituto Datafolha mostra, por exemplo, que 28% dos eleitores do Estado pretendem votar em Lula e apenas 12% em Benedita.
Uma outra prioridade é divulgar melhor as realizações de Benedita no seu curto governo. Segundo um dos coordenadores, Antonio Neiva, ficou decidido que a candidata deverá demarcar as diferenças entre o seu governo e o anterior, mostrando os problemas herdados.
O deputado estadual Chico Alencar avalia que não vai ser fácil explicar à faixa mais pobre do eleitorado ''afagada pelo populismo de Garotinho e Rosinha, as mudanças que estão se operando no Estado''. Mesmo com a garantia de que os programas assistenciais não vão acabar, ''muita gente deve achar mais seguro que eles continuem com os antigos donos'', analisa Alencar. Por isso, Benedita da Silva teria que assumir ''postura mais agressiva, mostrando, por exemplo, que já conseguiu êxitos em vários setores , como o combate à criminalidade e a focos de corrução na fiscalização sanitária'' - afirma.
SUS vai distribuir remédios
BRASÍLIA - Pessoas que sofrem de osteoporose vão passar a receber gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mais remédios para o tratamento da doença. A maioria dos remédios usados no tratamento da osteoporose, como cálcio e vitamina D, já é distribuída pelo SUS.
Com a inclusão de novos medicamentos no programa contra a doença, estima-se em 10 mil pessoas o número total de beneficiados. Os remédios que atuam no metabolismo ósseo começarão a ser distribuídos a partir do mês de setembro nos hospitais públicos de todo o país.
Artigos
Garotinho tem os pés no chão
Anthony Garotinho
Candidato a presidente
Por decisão judicial prolatada pelo ministro Francisco Peçanha Martins, publicamos o seguinte direito de resposta:
Hoje estou ocupando este espaço graças a uma decisão judicial porque fui difamado e atingido na minha honra pelo titular da coluna, o jornalista Octávio Costa, no seu artigo publicado na edição do último dia 7 de agosto, sob o título ''Reinações de Garotinho'', usando a figura de linguagem reinações no sentido claro e depreciativo de delírios, divagações e ilusões.
É claro que o objetivo do jornalista foi tentar prejudicar minha candidatura à Presidência da República, pelo PSB.
O jornalista, entre outras acusações inverídicas, disse que sou despreparado, que sou especialista em fraudar estatísticas, que cometo fraudes na vida política, que quero enganar os eleitores e ainda pergunta até quando gente séria permanecerá ao meu lado etc.
Quando governador, na área de segurança pública, inauguramos 60 delegacias legais e 7 casas de custódia. Em 98, apenas 5% dos presos do sistema penitenciário trabalhavam e, quando deixamos o Palácio Guanabara, 43% dos detentos já exerciam algum tipo de atividade produtiva.
Ainda sobre segurança pública, compramos 3 mil carros para as polícias civil e militar, armas, munições, afastamos mais de mil policiais que se envolveram em crimes e irregularidades, contratamos mais de 13 mil policiais, modernizamos a polícia técnica, tiramos de circulação e destruímos mais de 100 mil armas de fogo e os índices de criminalidade no Estado passaram a ser publicados no Diário Oficial, numa transparência total. Como exemplo, de 108 seqüestros em 1995, o Rio teve 5 casos em 2001, todos resolvidos, com suas vítimas resgatadas e sem pagamento. As pesquisas mostram que a criminalidade no meu governo caiu sensivelmente. Só não vê quem não quer.
Na área econômica, quando assumimos o governo do Estado em 1999, herdamos débitos com fornecedores e empreiteiros. Só de precatórios, a dívida era superior a R$ 500 milhões. O Estado havia vendido quase todo o seu patrimônio e só a folha de pagamento consumia 85% da receita e os salários, inclusive o 13°, estavam atrasados. Estabelecemos um calendário de pagamento, inclusive do 13°. Em uma solução apontada como criativa, lançamos mão dos royalties do petróleo para renegociar a dívida de R$ 26 bilhões com a União, a maior da Federação. Em 1998, a arrecadação do Estado foi de cerca de R$ 6,36 bilhões; em 1999, R$ 7, 25 bilhões; em 2000, R$ 8,17 bilhões; e em 2001, R$ 9,37 bilhões, numa demonstração clara de que somos competentes para gerenciar os cofres públicos. Desenvolvemos, também, inúmeros programas que continuam gerando renda, emprego e moradia, principalmente nas regiões mais carentes do Estado. O próprio Jornal do Brasil noticiou inúmeras vezes os programas como Bolsa-Auxílio, que beneficiou 4,7 mil jovens; o Leite Saúde, que fornecia 200 toneladas mensais de leite em pó para 100 mil crianças; o Cheque Cidadão, que complementava a renda de 65 mil famílias situadas abaixo da linha de pobreza; a Sopa da Cidadania, que continua sendo distribuída, em creches e asilos, sem falar nas ações desenvolvidas nas áreas de saúde, educação, transportes, habitação, agricultura etc.
Como podem ver, não estou divagando. Deixei o governo do Estado com índice de 88% de aprovação popular. E ainda tem gente que diz que não estou preparado para administrar o país.
Colunistas
COISAS DA POLÍTICA – Dora Kramer
Evolução da espécie
Peculiares - mas não necessariamente consistentes - algumas manifestações de desconforto à quase unânime avaliação positiva a respeito do encontro do presidente da República com os quatro principais candidatos à sua sucessão.
Não se trata aqui de impor reparos ao sagrado direito de discordar. Nada mais saudável que um raciocínio inusitado para despertar o senso comum de sua natural tendência à letargia intelectual.
A isso dá-se o nome de contraditório, cujo exercício, em geral, leva ao avanço das idéias. Outra coisa é a resistência à constatação do óbvio, também chamada de teimosia. Ação de efeito paralisante, muito mais conservadora do que a pretendida ousadia expressa por seus autores leva a supor à primeira vista.
Negar a excepcionalidade - no sentido mesmo de exceção à regra - de um episódio daquela natureza na história da política brasileira, marcada por litígios não raro fatais para a democracia, é subtrair à sociedade o registro de uma evolução de costumes.
O que não significa dizer que devemos nos considerar, por isso plenamente atendidos em nossas expectativas por um país melhor - aí incluídas as relações civilizadas não só entre políticos, mas entre vizinhos, pedestres, motoristas, patrões, empregados, pais, filhos, alunos, professores etc - , mais consciente, menos violento, mais educado e evoluído na capacidade de fazer escolhas.
Reconhecido o valor do exemplo, podemos, então, seguir em frente. Rompida a lógica do litígio, subimos de patamar. Não chegamos ainda ao estágio daquelas sociedades em que - argumentam os que não vêem razão para a relevância que se deu ao fato - não há mais necessidade de autoridades se reunirem para reconhecer que embate de forças políticas não é guerra de extermínio.
Mas, com isso, também nos distanciamos das nações onde lamentavelmente ainda prevalecem critérios quase tribais em campanhas eleitorais.
Ambientes de tal forma conflituosos que deles podem resultar desde assassinatos de candidatos a presença de traficantes na disputa legal pelo comando do país.
Não estamos reinventando a roda nem postados subdesenvolvidamente embasbacados ante um fato absolutamente natural. Apenas vivemos uma fase de transição que nos levará, em breve, a conferir a devida naturalidade a interlocuções que não impliquem rendições, adesões ou ardilosas intenções.
Recentemente já convivemos com a tolice de questionar outra obviedade: o valor da estabilidade da moeda. Quem subestimou a questão perdeu energia, tempo e votos.
Já os que acreditaram que ela seria um combustível político eterno demoraram para se dar conta de que inflação baixa, como regra, é patrimônio coletivo e não mais capital eleitoral.
Os menos jovens lembram-se de como no início do processo de redemocratização a eleição era um fato excepcional. Na época, criticar a relevância conferida a ela, sob o argumento de que no mundo democrático estava incorporada ao cotidiano, soava tão pernóstico quanto parecem hoje as alegações de que nada de extraordinário há no fato de governo e oposição, ainda que num ato episódico, enxergarem as circunstâncias do país para além de suas conveniências específicas.
Não faltará quem considere essa interpretação fruto de otimismo exacerbado ou mesmo de ausência de tino para a tese rodriguiana segundo a qual toda unanimidade é burra.
Mas, considerando que a tendência à desqualificação gratuita é instrumento de uso banal entre exibicionistas da originalidade inexistente, vale recurso ao mestre Nélson para lembrar que certas evidências pertencentes à categoria ''do óbvio ululante'' não costumam ceder a argumentos de ocasião.
Menina de trança
Ex-prefeita de Santos, a deputada federal do PT Telma de Souza orgulha-se de ter bom relacionamento com todos os candidatos à Presidência da República, mas revela um laço do passado que hoje a liga ao adversário Ciro Gomes.
Telma deu aulas particulares de matemática para Patrícia Pillar, quando ela tinha 10 anos e morava em Santos.
Ontem, durante o encontro de FH com os candidatos a presidente, a petista entregou a todos eles um documento sobre a situação dos portos no Brasil, elaborado a partir de um seminário com 400 participantes.
Reservou a Lula a prerrogativa do primeiro exemplar, mas confessou que o que entregou a Ciro foi acompanhado de um carinho especial pela ex-aluna.
Editorial
TIJUCA ANEXADA
Com o sol a pino na Praça Saens Peña, um bando de favelados, servindo-se de paus e pedras, fechou segunda-feira o comércio no coração da Tijuca, sob ameça de depredar lojas. E ainda sobrou ameaça de violência contra clientes e empregados. Motivo: a morte do chefe local do tráfico de drogas, Ricardo Dias Lopes, 25 anos, em confronto com a PM às 5h30 de domingo. Os traficantes exigem respeito ao morto e desrespeito ao poder público.
Os favelados convocados pelo comando do tráfico de drogas no Morro do Salgueiro foram além do perímetro das favelas e incorporaram mais uma área pública ao território sob controle do estado marginal.
Um coronel da PM, à frente de 120 soldados, quis convencer os comerciantes a reabrirem as lojas. Em vão. Não ofereceu outra garantia senão a palavra, sem qualquer efeito sobre o estado paralelo dos marginais. Prometer a presença da PM ''por tempo indeterminado'' é brincadeira, e brincadeira tem hora. Prometeu também denunciar ao Comando-Geral da PM a recusa do gerente do Banco Real a reabrir a agência. É gosto pelo paradoxo.
É clara a impossibilidade de coexistirem no mesmo espaço o governo do Estado e o crime organizado. Um deles é demais: o narcotráfico depois de exceder todos os limites e afrontar a paciência da sociedade.
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08/21/2002
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