Controlador de vôo pede desmilitarização da carreira



O presidente da Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo e controlador de vôo do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Espaço Aéreo I (Cindacta), primeiro-sargento Wellington Andrade Rodrigues, prestou depoimento nesta quinta-feira (24) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo e sugeriu várias vezes a desmilitarização da carreira.

- A Força Aérea não merece o que está acontecendo com ela. Não merece porque o controle de trafego aéreo é incompatível com a vida militar - disse.

Wellington Rodrigues afirmou que há três tipos diferentes de carreira de controlador - a militar e dois tipos de carreiras civis - e contou que isso traz muitos problemas para a classe. A sugestão dos controladores é a unificação da carreira. Na opinião de Wellington Rodrigues, a desmilitarização daria melhores condições de trabalho aos controladores e ainda melhoraria as condições de atuação para as empresas aéreas comerciais brasileiras.

Em sua exposição na CPI, o representante dos controladores militares ressaltou que os problemas no tráfego aéreo - atrasos e cancelamentos de vôos - já existiam antes do acidente entre o avião da Gol e o jatinho da ExcelAire em 29 de setembro de 2006. Afirmou que já em 1996 participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, denunciando problemas técnicos no controle de vôo nacional. Desde então, os controladores teriam, segundo Wellington Rodrigues, apresentado vários documentos alertando as autoridades para os problemas da categoria.

O primeiro-sargento reconheceu, porém, que o acidente - que foi, nas palavras de Wellington Rodrigues, a materialização do "pior pesadelo de um controlador" - deixou os controladores muito abalados emocionalmente. O depoente disse que dez controladores foram afastados depois do acidente e que os que ficaram trabalhando em uma escala mais apertada não receberam qualquer apoio psicológico. Muitos somatizaram e entraram de licença médica, tornando a situação ainda mais difícil, o que se refletiu no ritmo de trabalho da categoria.

Ainda assim, o representante dos controladores garantiu que a classe não teve culpa pelos incidentes ocorridos nos aeroportos depois do acidente - como quedas de comunicação e falhas em sistemas - mas que, apesar disso, os controladores foram chamados de "sabotadores" e "Bin Ladens".

Segundo Wellington Rodrigues, os controladores sentem-se incompreendidos pela população. Para o primeiro-sargento, o nível de insatisfação dos controladores aumenta o risco de voar hoje no Brasil. Segundo o depoente, o movimento de paralisação em 30 de março foi um "grito de socorro" dos controladores.

- Hoje o controlador vai trabalhar em um (grande) nível de estresse, de revolta, desilusão. São fatores contribuintes para um acidente. Os controladores pensam que não têm seu trabalho reconhecido e que ninguém está ciente do que (eles) estão passando - disse.

Buraco negro

Apesar disso, Wellington Rodrigues não considera que o grande problema do tráfego aéreo no Brasil hoje sejam os controladores, e sim as dificuldades técnicas com as quais esses profissionais precisam lidar. Entre os problemas listados pelo representante dos controladores, está o da existência de trechos no espaço aéreo nacional com cobertura deficiente pelos radares, chamados popularmente de "buracos negros". Apesar de o trecho onde ocorreu o acidente entre o Boeing e o jatinho ter tido o problema de falta de cobertura de radar solucionado desde janeiro de 2007, há outros locais no céus brasileiro onde a situação ocorre, entre eles um próximo a Recife e Teresina.

O controlador disse ainda que o sistema de comunicação do controle de vôo é falho, assim como o de radar, que algumas vezes cria "pistas falsas", duplicando aeronaves, o que pode levar o controlador a erro. Além disso, quedas no sistema fazem a tela de controle apagar de repente.

-Há muitas falhas mesmo, muitas deficiências na qualidade da transmissão e recepção - afirmou.

Wellington Rodrigues não participou diretamente do controle aéreo dos vôos envolvidos no acidente. Informou aos senadores que estava dando treinamento em outra sala do Cindacta I quando o acidente aconteceu.



24/05/2007

Agência Senado


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