Coração artificial brasileiro deve ser testado em dois meses
Corações artificiais desenvolvidos no Brasil devem começar a ser testados em seres humanos dentro de dois meses. Os pacientes da fila de espera do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, serão os primeiros a receber o equipamento, que estabiliza a função cardiológica do doente e possibilita a sobrevida até o transplante do órgão. O aparelho é indicado para pacientes que não respondem mais ao tratamento clínico.
O desenvolvimento do coração artificial - produzido para ser colocado dentro do paciente, atuando em auxílio ao coração - teve início em 1998 e foi idealizado por Aron José Pazin de Andrade, coordenador do Centro de Engenharia em Assistência Circulatória do Instituto Dante Pazzanese, onde o dispositivo foi construído.
“O aparelho pode ajudar os dois ventrículos e a situação do paciente não piora mais, porque ele reestabelece a boa circulação sanguínea e descarrega o trabalho cardíaco. Então o paciente pode suportar o tempo que for necessário dessa forma, não tem limite de tempo”, diz Andrade. Há pacientes com dispositivos similares colocados há cerca de seis anos.
A partir dos bons resultados obtidos com o uso do aparelho em animais, desde 2004, os pesquisadores do projeto pediram autorização para o Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para testá-lo em humanos. De acordo com o coordenador, os testes deverão ser feitos em dez pacientes, durante o período de um a dois meses. O tempo de testes poderá chegar a 20 meses e os pacientes escolhidos devem pesar entre 45 quilos e 90 quilos.
“O paciente tem de estar em fila de espera do transplante, com o coração dele bem debilitado, não respondendo mais às drogas que são ministradas para consertar a situação. Se não responde mais ao tratamento clínico, então ele é indicado para um transplante."
O coração artificial, que agrega alta tecnologia e está sendo construído de forma quase artesanal em um laboratório especializado no Dante Pazzanese, deverá custar de R$ 60 mil a R$ 100 mil.
“Aqui no Brasil, o custo do investimento já foi pago com dinheiro público, arrecadação. O que nós vamos cobrar é a despesa de produção do aparelho, e o Sistema Único de Saúde (SUS) consegue, nesses valores bem menores, sustentar a aplicação do aparelho”, destaca Andrade. No exterior, um aparelho similar custa em torna de US$ 200 mil e sua aplicação depende do treinamento de uma equipe médica para colocar o aparelho.
No estado de São Paulo, segundo dados da Secretaria de Saúde, 99 pacientes estão na fila de espera de transplante. Desses, são 32 apenas na cidade de São Paulo.
O aparelho foi desenvolvido com apoio do Hospital do Coração, do Ministério da Saúde, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fonte:
Agência Brasil
16/04/2012 15:45
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