CPI deve ouvir ex-prefeito de Coari (AM), suspeito de integrar rede de pedofilia



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia aprovou uma série de requerimentos para aprofundar as investigações acerca da Operação Vorax, da Polícia Federal, que desbaratou uma rede de pedofilia no Amazonas envolvendo autoridades. Na semana passada, os parlamentares tomaram o depoimento de alguns investigados, mas o principal suspeito, o ex-prefeito de Coari Adail Pinheiro não compareceu mesmo tendo sido convocado.

A sua reconvocação coercitiva, com escolta da Polícia Federal, assim como a de seu ex-secretário de governo Adriano Salan, e a de Carlos Alexandre Corrêa, ex-sócio da agência Mega Models, utilizada para recrutar as adolescentes, foram aprovadas. Também convocados, mas não coercitivamente, estão o outro sócio da Mega Models, Fábio Martins, que já prestou depoimento em Manaus, e o empresário Otávio Raman Neves, que apesar de ter tido requerimento de convocação aprovado, não foi oficialmente notificado a tempo de ser ouvido naquela cidade.

Também foram convocados a ex-secretária de Ação Social do município Maria Landi, que segundo o presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES), era "a cafetina e quem levava as meninas para fazerem aborto" na clinica clandestina também descoberta; o delegado da Polícia Civil de Coari e vereador, Osvaldo Figueira Maia; o juiz do trabalho Antônio Carlos Branquinho, que está preso; e o radialista de Coari Valcione Tavares, que teria feito declarações ofensivas à CPI e a seus integrantes em seu programa de rádio. Todos os convocados devem ser ouvidos na próxima terça-feira (14), declarou o parlamentar.

Magno Malta relatou ter recebido ameaças, ligações e visitas desaconselhando-o a ir a Coari para realizar as oitivas e tomar os depoimentos. Ele garantiu não querer ferir a honra de ninguém, mas também disse não temer ameaças. Segundo o parlamentar, a cidade é "um Iraque" e a sensação que teve, ao levar a CPI para investigar as denúncias, foi a mesma de visitar "o Acre de Hildebrando Pascoal", ex-deputado e coronel da Polícia Militar que chefiava o crime organizado no estado, preso em 1999.

Agenda

Na quarta-feira (15) devem ser ouvidos Lílian e Sérgio Duarte, pais da criança de 4 anos que teria sido abusada por Fernando Luís Mattos da Mata, conhecido como DJ Marlboro. Seu depoimento será agendado posteriormente. Também serão ouvidos o empresário José Emanuel Volpon Diogo e o médico Wagner Rodrigo Brida Gonçalves, averiguados por suspeitas de integrarem a rede de pedofilia descoberta em Catanduva (SP).

Os parlamentares também anunciaram que dois projetos de autoria da CPI foram incluídos na ordem do dia do Plenário: o Projeto de Lei do Senado (PLS) 233/09, que dá nova disciplina ao livramento condicional no caso de condenação por crimes contra a liberdade sexual e instituiu o uso do monitoramento eletrônico, nestes casos; e o PLS 234/09, que modifica as regras relativas à prescrição de crimes cometidos contra crianças e adolescentes. Pelo texto do projeto, o prazo prescricional para estes crimes só começa a contar quando o jovem completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.

A proposta foi batizada por Magno Malta de "Lei Joanna Maranhão", em referência a nadadora que aos 21 anos denunciou o seu ex-treinador Eugênio Miranda, o qual está processando Joana por difamação. O parlamentar disse esperar que as proposições sejam aprovadas antes do recesso parlamentar, que tem início no próximo dia 18.



07/07/2009

Agência Senado


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