Investigado pela PF, ex-prefeito de Coari (AM) nega acusações de pedofilia
Em reunião que se estendeu por mais de cinco horas, nesta terça-feira (14), os senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia colheram o depoimento do ex-prefeito de Coari (AM), Manoel Adail Amaral Pinheiro; do ex-sócio da Agência Mega Models, Fabio Martins Marques; e da ex-secretária de Ação Social do município Maria Landia Rodrigues dos Santos. Todos estão sendo investigados por suspeita de envolvimento com rede criminosa no Amazonas, descoberta pela Operação Vorax da Polícia Federal (PF). O ex-prefeito negou qualquer envolvimento com práticas de pedofilia e acusou opositores políticos de fabricarem as acusações contra ele.
De acordo com o presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES), que teve acesso aos autos da investigação da PF, contendo inclusive a degravação de conversas telefônicas entre os envolvidos, o ex-prefeito é suspeito de ter praticado relações sexuais com uma modelo menor de idade contratada pela Agência Mega Models para evento festivo patrocinado pela Prefeitura de Coari quando ele ainda era prefeito. Ele teria assediado a menor durante viagem de barco entre Tefé e Coari, estando ela e mais três modelos no barco, além de Fabio Martins Marques. Apenas uma das quatro modelos era menor.
Como os três depoimentos apresentaram divergências, a CPI aprovou durante a reunião duas acareações: a primeira entre Fabio e Adail e a segunda entre Adail e Landia. Tanto Adail quanto Landia falaram pouco durante seus depoimentos, pois lançaram mão, por diversas vezes, do direito constitucional de permanecerem calados. Ambos também não afirmaram nem negaram nada durante as acareações.
Adail disse que não viu nem Fabio nem as quatro modelos durante a viagem de barco, mas Fabio garantiu que o então prefeito viu todos no barco, jantou com os passageiros e levou duas das modelos maiores de idade para suas acomodações na embarcação. Landia, acusada de agenciar mulheres e adolescentes para o então prefeito, não respondeu a maioria das perguntas, limitando-se a dizer que nunca viu pedofilia em Coari.
Adail se disse surpreso com as acusações, as quais atribuiu à "oposição política extremamente desonesta" de Coari. Ele disse que a "denúncia foi fabricada politicamente", em uma ação política para prejudicá-lo. O ex-prefeito atribuiu as denúncias à uma "perseguição e armação política". Adail afirmou que não teve contatos com as modelos dentro do barco mas, quando foi contestado por Fabio na acareação, preferiu ficar calado.
- Eu não sabia que tinha uma adolescente no barco, não conversei com as modelos - afirmou Adail em seu depoimento, dizendo que teria chegado primeiro no barco, não teria visto ninguém e teria dormido sozinho.
- A menor não foi abusada - garantiu Fabio, afirmando também que Adail não teria dormido sozinho, mas sim com duas das modelos maiores de idade.
Fabio também rechaçou a acusação de que seria agenciador de garotas de programa e afirmou que nunca contribuiu para qualquer prática de pedofilia. Ele disse ainda que o episódio prejudicou seriamente sua vida e sua carreira profissional.
Também participaram da reunião da CPI da Pedofilia os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Romeu Tuma (PTB-SP), Papaléo Paes (PSDB-AP), José Nery (PSOL-PA) e deputados estaduais e federais do Amazonas.
Outros depoentes
Os depoimentos do empresário Otávio Raman Neves e do ex-delegado da Polícia Civil Osvaldo Figueiredo Maia foram adiados para esta quarta-feira (15). Já os outros três convocados não compareceram: o ex-secretário de Administração de Coari Adriano Teixeira Salan, o ex-secretário de Comunicações do município Valcione Carvalho, e o sócio de Fabio na Agência Mega Models, Carlos Alexandre Oliveira Correa. Os três devem ser reconvocados pelo colegiado.
A CPI deve encerrar os seus trabalhos em 23 de setembro.
14/07/2009
Agência Senado
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