Ex-delegado de Coari e empresário de comunicação negam envolvimento com rede de pedofilia no Amazonas



Em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, nesta quarta-feira (15), o ex-delegado da Polícia Civil de Coari (AM), Osvaldo Figueiredo Maia, negou ter qualquer envolvimento com o ex-prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro, ou com então secretário de Administração, Adriano Teixeira Salan. Adail Pinheiro é o principal suspeito de abusos sexuais contra menores e participante da rede de pedofilia descoberta pela Operação Vorax da Polícia Federal do Amazonas.

Osvaldo Maia afirmou não ter enviado e-mail a Adriano Salan sobre o depoimento de menina abusada pelo vereador Osni Souza de Oliveira, oponente político de Adail Pinheiro. Segundo informações em poder da CPI da Pedofilia, informou o presidente da comissão, senador Magno Malta (PR-ES), em vez de enviar ao Ministério Público, o então delegado teria encaminhado o depoimento, por e-mail, a Adriano Salan. O termo redigido a partir do depoimento da menor, explicou Malta, não teve as páginas rubricadas pelo delegado e sua assinatura foi retirada do documento quando enviado ao então assessor do prefeito de Coari.

A menina vítima do vereador Osni de Oliveira, ainda conforme apurou a CPI, engravidou e o vereador ofereceu R$ 10 mil para que ela fizesse aborto e a família ficasse calada sobre o caso. No entanto, ele pagou apenas R$ 5 mil, sustando outro cheque de mesmo valor. A família, então, decidiu denunciar o político à Polícia.

O ex-delegado argumentou que seu computador ficava com o e-mail aberto o tempo todo e disse que tal e-mail pode ter sido enviado em seu nome por qualquer funcionário da delegacia. No entanto, ele não quis apontar à comissão o nome de alguém suspeito de ter enviado tal e-mail. Osvaldo Maia afirmou ainda que funcionários da prefeitura de Coari "tomam conta" da delegacia da cidade, segundo ele, por carência de funcionários. Ele disse ter "convicção" de que fez a investigação sobre o caso e finalizou o inquérito.

- Isso é absolutamente criminoso. O delegado ouve e manda para a prefeitura. O delegado tem de se explicar. A CPI vai investigar esse fato, ouvir o Adriano. Fica patente o envolvimento do delegado - disse Magno Malta.

Também o empresário de rede de comunicação no Amazonas e da área de construção de hotéis, Otávio Raman Neves, negou envolvimento como ex-prefeito de Coari, com seus assessores ou com integrantes da rede de pedofilia naquela cidade. Otávio Neves afirmou que seus contatos com o então prefeito deveu-se ao seu interesse em construir um hotel em Coari, do que desistiu após as denúncias sobre existência de prática de pedofilia no local. Ele afirmou que seu relacionamento com Adail Pinheiro é "superficial" e disse, respondendo ao presidente da CPI, que o uso de formas de tratamento como "irmão", "amigo" e "querido" não pressupõe intimidade, pois ele trata assim qualquer pessoa, mesmo que conheça há pouco tempo;

Já em relação a Fábio Marques - um agenciador de meninas, conforme informou Magno Malta -, Otávio Neves confirmou ser seu amigo. Ele explicou que o ajudou a pagar advogado, sem saber que ele estava sendo acusado de envolvimento com pedofilia.

- Eu ajudei como ajudo outras pessoas em Manaus. Sou quase um político no estado - disse o empresário, e acrescentou que foi uma grande decepção saber que Fábio é agenciador de meninas.

Respondendo ao senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), Otávio Raman Neves afirmou que seu "negócio não é prostituição" e informou que todos os casos de pedofilia no Amazonas foram noticiados em seu jornal. Contou, como exemplo, que o ex-prefeito de Coari foi primeira página por muitos dias. O empresário se ofereceu para colaborar com o trabalho da CPI da Pedofilia. 



15/07/2009

Agência Senado


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