CPI do Banestado investiga 170 brasileiros com bens nos EUA



O presidente da Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) do Banestado, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), recebeu do representante da Receita Federal em Washington (EUA) uma relação de 170 brasileiros que possuem bens superiores a US$ 800 mil nos Estados Unidos não constantes de suas declarações do Imposto de Renda.

- Essas pessoas vão ser investigadas pela CPI. Vamos verificar se estão envolvidos em outros crimes, como narcotráfico, contrabando, corrupção, além da sonegação fiscal - disse o senador.

Os cinco integrantes da CPI do Banestado que viajaram aos Estados Unidos mantiveram, na segunda-feira, dia 25, reunião na comissão do Congresso norte-americano que investiga a lavagem de dinheiro naquele país em busca de informações sobre empresas off-shore que promoveram evasão de divisas no Brasil através de contas CC-5. Os deputados e senadores brasileiros entregaram ofício aos integrantes da comissão do Congresso dos Estados Unidos, recomendando que eles investiguem a empresa uruguaia Lespan, responsável pela remessa de bilhões de dólares de brasileiros por meio da agência do Banestado em Foz do Iguaçu (PR).

Sigilo quebrado

Nesta terça-feira, os parlamentares brasileiros visitaram o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, acompanhando os procuradores e policiais federais da força-tarefa que investiga a evasão de divisas, para entregar às autoridades norte-americanas informações sobre 25 contas mantidas na agência do Banestado em Nova York, cujo sigilo bancário está sendo quebrado pela Justiça dos Estados Unidos. Os dados serão repassados aos procuradores brasileiros, dentro do acordo de cooperação entre Brasil e Estados Unidos de cooperação na área judicial.

- O encontro foi muito produtivo. O Departamento de Justiça se comprometeu a colaborar com as investigações do Ministério Público brasileiro e já marcou reunião de trabalho com a delegação do Ministério da Justiça da Polícia Federal para a entrega das informações solicitadas - disse o presidente da CPI.

Segundo ele, a direção do FBI também participou da reunião e garantiu que vai mobilizar suas equipes para investigar o destino dos recursos que passaram pelas contas do Banestado em Nova York.

Os integrantes da CPI estiveram também na OCC, a organização americana que fiscaliza o funcionamento dos bancos, para saber mais detalhes da inspeção realizada pela entidade na agência do Banestado em Nova York. Os representantes da OCC confirmaram o teor dos relatórios sobre as investigações que hoje já estão em poder da CPMI, apontando irregularidades na contabilidade do Banestado.

O senador Antero afirmou que os resultados das visitas têm sido muito expressivos. Ele comentou notícia publicada pelo jornal New York Times esta semana, de que o governo dos Estados Unidos dedicará especial atenção à investigação da lavagem de dinheiro, pretendendo, inclusive, processar em território americano as pessoas envolvidas nesse tipo de atividade. Segundo o senador, a notícia confirma a oportunidade da visita dos parlamentares brasileiros aos Estados Unidos e confirma a existência de um ambiente político propício para ampliar a cooperação entre os dois países no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro.

- Em nossos contatos, temos acentuado às autoridades americanas a capilaridade entre o crime organizado, a corrupção em obras públicas, a remessa de divisas e a lavagem de dinheiro. Sentimos que nossas palavras estão chamando a atenção e que não estamos pregando no deserto - comentou o presidente da CPI.

Nesta quarta-feira, os representantes da CPI deixam Washington e seguem para Nova York, onde estão agendadas reuniões com a procuradoria distrital de Manhattan, com representantes do Banco Itaú e com o consulado geral do Brasil naquela cidade.



26/08/2003

Agência Senado


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