CPI do Roubo de Cargas convocará Alexandre Paes dos Santos e Hugo Braga



A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o roubo de cargas no país aprovou nesta quarta-feira (31) requerimento de convocação do lobista Alexandre Paes dos Santos, proprietário da empresa APS Consultoria, e também de Hugo Braga, ex-assessor parlamentar do Ministério da Fazenda. A CPI aprovou ainda a quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal dos dois.

Os requerimentos foram apresentados pelo senador Geraldo Cândido (PT-RJ) e pelos deputados Robson Tuma (PFL-SP), Walter Pinheiro e Nelson Pellegrino (PT-BA), em função das notícias veiculadas pela revista Época. Segundo a revista, na agenda de Alexandre Paes dos Santos, constam estratégias de como a rede de supermercados Carrefour, cliente da empresa de consultoria de Santos e citada pela comissão como provável revendedora de cargas roubadas, deveria agir em relação às investigações da CPI.

Ao lado dessas anotações, segundo a reportagem, estava registrado o nome do senador Romeu Tuma (PFL-SP), presidente da comissão. Ainda conforme a revista, na agenda do lobista consta uma lista de deputados e ao lado de cada nome, um determinado número seguido da letra K.

Hugo Braga, que tinha um motorista particular pago pela empresa de Alexandre Paes dos Santos, foi convocado pela comissão para esclarecer que tipo de relações mantinha com o lobista. O objetivo das convocações, segundo a justificação do requerimento, é dissipar qualquer dúvida ou suspeita sobre a idoneidade dos membros da comissão.

TATICO A CPI ouviu nesta tarde o comerciante Carlos Roberto Gomes de Oliveira, conhecido como Raul. Ele é acusado por Cléverson, ladrão de cargas que auxilia a CPI nos trabalhos de investigação, de intermediar a venda de mercadorias roubadas para supermercados do Distrito Federal, inclusive para o supermercado Tatico, cujo dono é o deputado distrital José Tatico (PSC-DF).

Carlos Roberto afirmou já ter feito uma única compra de 40 caixas de cigarro que haviam sido roubadas, mas negou intermediar negociações com mercadorias roubadas. Ele disse que não conhece pessoalmente o deputado José Tatico e nenhum de seus funcionários. Carlos Roberto afirmou ainda que já teve, além do seu, um segundo Cadastro de Pessoa Física (CPF) e conta bancária aberta com documento falso.

A CPI ouviu também os irmãos João e Miguel Rocha Galhardo, donos da Mercearia Galhardo, localizada em Cristalina, no estado do Goiás. Os dois comerciantes afirmaram que jamais compraram mercadoria roubada. Cléverson disse que não sabe identificar qual dos irmãos comprou a carga roubada, já que a negociação foi feita por um outro ladrão de cargas, Vanderlei. Ainda segundo Cléverson, Vanderlei já vendeu mercadorias roubadas à Mercearia Galhardo por várias vezes.

A comissão realizará audiência pública na próxima semana em Uberlândia, Minas Gerais, para ouvir Vanderlei e outros envolvidos nas investigações. O relator da comissão, deputado Oscar Andrade (PL-RO), disse que Cléverson reconheceu, por fotos da Polícia Federal, além de outros ladrões que ainda estão soltos, policiais envolvidos no roubo de cargas no Brasil. Todos eles, disse o deputado, serão chamados a depor na CPI.

31/10/2001

Agência Senado


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