CPI dos cartões exclusiva do Senado deve ser criada terça-feira
A oposição fez pressão, na tarde desta quinta-feira (3), pela leitura imediata do requerimento de criação de uma comissão parlamentar de inquérito no Senado para investigar irregularidades no uso de cartões corporativos pelo Executivo. O requerimento aguarda leitura na Mesa do Senado desde 19 de fevereiro. Os líderes do DEM, José Agripino (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM), no entanto, atenderam ao pedido do presidente da Casa, Garibaldi Alves Filho, para que a leitura fosse feita apenas na próxima terça-feira (8).
Garibaldi também convidou os líderes partidários no Senado para participarem de reunião na residência oficial da Presidência, no mesmo dia, quando definirão uma pauta de trabalho para a Casa, sob pena de "construírem um espetáculo que não vai engrandecer" a instituição. Os líderes oposicionistas só aceitaram adiar a leitura do requerimento de criação da CPI para terça-feira com o compromisso de Garibaldi de que o assunto não será discutido na reunião de líderes.
Em intenso debate no Plenário, oposicionistas defenderam a CPI exclusiva do Senado. Eles pretendem, com a nova comissão, garantir o direito de investigar os gastos efetuados pelo governo com os cartões corporativos - eles se dizem atropelados na CPI mista, por não conseguirem aprovar requerimentos de convocação como o da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff ou o acesso aos gastos considerados secretos.
Agripino explicou que a atitude da oposição deveu-se à constatação, na reunião da CPI mista desta quinta-feira, "de que a base do governo não quer investigar". Já os governistas atacaram a idéia justificando que a iniciativa para criação de uma CPI exclusiva do Senado partiu, a princípio, do próprio líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR). O requerimento acabou sendo apresentado pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), mas a leitura não chegou a ser feita porque a oposição concordou com a criação da CPI mista. O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) afirmou que a atuação da base governista na CPI mista se repetirá na CPI exclusiva do Senado, já que a base também será majoritária.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) criticou o governo por estar repetindo, no poder, os erros do PSDB e utilizando a "desculpa como justificativa". Tião Viana (PT-AC), por sua vez, lembrou não ser possível a leitura imediata do documento de criação da CPI em Plenário porque há uma série de requerimentos anteriores a ele aguardando encaminhamento e pediu obediência ao Regimento Interno
- Isso não é problema. Se tiver mil requerimentos na frente, eu leio todos até chegar ao da CPI - garantiu Garibaldi, acrescentando não estava ali "para segurar nenhuma CPI".
O presidente do Senado mencionou ainda o fato de a sociedade querer que se apure o escândalo dos cartões corporativos, independentemente de a CPI ser "dominada por A, B, C ou D".
A líder do governo no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC) reconheceu o direito da minoria de utilizar todos os instrumentos para se fazer ouvir, mas lembrou ser "a regra da maioria a principal regra da democracia". Ela pediu que todos "esfriem a cabeça":
- O melhor é aproveitarmos bem o fim de semana para que façamos uma boa reunião de líderes e retomarmos o bom senso - pediu.
03/04/2008
Agência Senado
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