CPI ouve doadores do Clube da Cidadania



 
Durante dez horas deputados ouvem 19 testemunhas


A CPI da Segurança Pública reuniu-se ontem (22/10) para ouvir o depoimento de 19 empresas e pessoas físicas que doaram recursos ao Clube de Seguros da Cidadania no ano de 98 e início de 99. Na próxima segunda-feira, 29/10, deverão ser ouvidos o presidente, Diógenes de Oliveira e o diretor de seguros do Clube, Daniel Verçosa Gonçalves.

Espártaco Dutra, filho do governador do Estado e um dos doadores do Clube, não compareceu à CPI pois não foi localizado para receber a intimação, além de Silvio Gonçalves e Líria Maria Noviski. Também não compareceram, apesar de notificados, Rejane Brasil Felipe e Túlio Severo, representante da Sabemi Seguros que deverão depor na próxima quinta-feira, dia 25, às 16h em sessão extraordinária da CPI. Também serão intimados para depor na próxima quinta-feira o empresário Ari Lima, da empresa Lima Construções , as diretoras da AMBRAS, Norma Regina Bittencourt e Eda Schoereder e o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, em 1998, Décio Becker.

O representante legal da Marcopolo, Carlos Zignani, negou qualquer doação ao Clube da Cidadania e disse que as doações foram feitas ao Partido dos Trabalhadores em 98 no total de R$ 41 mil, em três parcelas, encaminhando os recibos à CPI. As doações não conferem com os valores expressos pelo Clube, nem com os recibos, que indicam duas doações num valor total de R$ 20 mil ( em 23/06 e 24/08/98) . Ao receber os recibos eleitorais, o relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), chamou a atenção para o fato de que tanto os recibos do partido quanto os do Clube foram assinados pela mesma pessoa. Para o relator, “o fato é grave na medida em que as doações são feitas para um Clube de Seguros mas quem acaba sendo o beneficiário delas é um partido político”.

A promotora de eventos Janice Foschiera, que assinou diversos recibos de recebimento de doações pelo Clube da Cidadania, confirmou aos deputados a autenticidade de sua assinatura e disse que também fazia depósitos bancários no Santander, a pedido do presidente, Diógenes Oliveira. Como colaboradora voluntária do Clube, não tinha remuneração mas fez contribuições em 1998 no total de R$ 1.200 mil.

Militante petista, Janice preenchia os recebidos conforme orientação do presidente. Sobre os dois recibos emitidos em nome da MarcoPolo, explicou que os valores foram encaminhados ao PT como doação para a campanha eleitoral e assinou porque tinha autoridade, como militante, para isso. Confirmou que a entidade funcionava no mesmo conjunto da Condor Corretora.

Ilegal e imoral

O relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), disse que a legislação proíbe esse tipo de doação e transferência, “utilizando-se do Clube da Cidadania para dar manto de legalidade ao que é proibido por lei e imoral”. A negativa do representante da MarcoPolo de ter doado recursos ao Clube , no entender de Vieira, é muito grave e a CPI terá que investigar o motivo pelo qual o recibo saiu em nome daquela empresa. O relator observou que a legislação eleitoral e a lei orgânica dos partidos são claras no que diz respeito as doações de campanha, “recurso doado para a campanha tem que gerar recibo e se submeter à legislação”, destacou. Informou, ainda, que sindicato está proibido de fazer doações para partido político.

Para o relator, existem doações ilegais que serão investigadas. “Verificamos que o Clube emitiu recibos sem ordem seqüencial, demonstrando descontrole nos seus registros que não são confiáveis.” Vieira afirmou que Diógenes juntou recibos para tentar comprovar a origem dos recursos utilizados para a compra do imóvel, onde funciona a sede do PT, já que Jairo Carneiro denunciou a jornalistas que o prédio foi comprado com dinheiro do jogo do bicho. “A conclusão que se chega é que o Clube de Cidadania é uma entidade criada para receber doações e repassar recursos ao PT , que deles acaba sendo único beneficiário de maneira direta ou indireta”.




10/23/2001


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