CPI tem duas mil páginas de documentos com irregularidades na CBF



A CPI do Futebol já recolheu mais de duas mil páginas de documentos que apontam irregularidades na administração da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A informação foi dada nesta quarta-feira (31) pelo presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PDT-PR). O presidente licenciado da CBF, Ricardo Teixeira, convocado para depor na comissão, não compareceu, alegando problemas de saúde. Em seu lugar, deve depor o funcionário da confederação, Oswaldo Ferreira, responsável pelo setor financeiro da entidade. O depoimento está marcado para o próximo dia 8, às 10h, e encerrará o fim das audiências públicas da comissão, que votará o relatório final no dia 5 de dezembro.

Para Álvaro Dias, o depoimento do presidente licenciado da CBF seria de vital importância para a comissão, uma vez que existem denúncias sobre movimentação de recursos da entidade em paraísos fiscais e de enriquecimento ilícito de Ricardo Teixeira, conforme comprovam documentos bancários. Apesar de acolher o atestado médico, Álvaro Dias aconselhou Ricardo Teixeira a renunciar ao cargo.

- Com essa decisão, ele estaria beneficiando a saúde do futebol brasileiro - disse Álvaro Dias, para quem a atual direção da CBF está desacreditada perante a opinião pública e não tem condições de continuar dirigindo os destinos do futebol.

As colocações do presidente da CPI foram classificadas de tendenciosas pelo senador Gilvam Borges (PMDB-AC). A seu ver, a condenação sumária de Ricardo Teixeira de forma antecipada, ou seja, antes da apresentação do relatório final, colocaria em risco a seriedade do trabalho da CPI, que já dura um ano. Álvaro Dias retrucou e disse que as acusações contra a CBF e Ricardo Teixeira "são graves" e que deverão ser aprofundadas pelo Ministério Público (MP), caso o relatório venha a ser aprovado.

Senadores presentes à reunião, a exemplo de Gilvam Borges, Gerson Camata (PMDB-ES), Maguito Vilela (PMDB-GO) e Ney Suassuna (PMDB-PB), defenderam o fim das audiências públicas sob a alegação de que a CPI já tem em mãos todas as informações necessárias para a apresentação do relatório final. O plenário da comissão chegou a aprovar requerimento de Maguito Vilela encerrando a fase dos depoimentos, mas foi surpreendido com a informação do presidente, Álvaro Dias, de que o requerimento convocando Oswaldo Ferreira já havia sido aprovado no mês de abril.

Gilvam Borges, que desejava o encerramento da fase das audiências públicas nesta quarta-feira, protestou. Segundo ele, o plenário da comissão não tinha conhecimento do requerimento convocando o funcionário da CBF. Mas o relator Geraldo Althoff insistiu que o depoimento de um diretor da CBF poderia esclarecer novas denúncias envolvendo a confederação. "Além disso, é preciso que se garanta o contraditório", observou Althoff.

Antes, o senador Gerson Camata já havia denunciado o que chamou de "ditadura" da presidência e da relatoria da CPI na condução dos trabalhos. É que ele havia proposto uma "agenda positiva" para a comissão, incluindo depoimentos de dirigentes do Paraná Futebol Clube, e não foi atendido. O clube, observou, é um dos maiores exportadores de jogadores do futebol brasileiro.

31/10/2001

Agência Senado


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